19.03.2018 Views

Catálogo "Tempo Presente"

Catálogo da exposição "Tempo Presente", com textos críticos e fotos das obras dos oito artistas integrantes: Tomie Ohtake, Gisela Motta e Leandro Lima, Laura Vinci, OPAVIVARÁ!, Nazareno, Raquel Kogan e Laura Belém. Curadoria de Amanda Dafoe e Rodrigo Villela.

Catálogo da exposição "Tempo Presente", com textos críticos e fotos das obras dos oito artistas integrantes: Tomie Ohtake, Gisela Motta e Leandro Lima, Laura Vinci, OPAVIVARÁ!, Nazareno, Raquel Kogan e Laura Belém. Curadoria de Amanda Dafoe e Rodrigo Villela.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

do horizonte é criada. O pretume como o buraco do<br />

Universo.<br />

O preto nos ‘puxa’ para dentro, o branco nos deixa de<br />

fora. A placa entra como uma janela sobre o preto para<br />

nos manter na superfície do nada.<br />

São metáforas da vida em processos literários e visuais. A<br />

partir da leitura as palavras são resgatadas e tornam-se<br />

enunciação de questões filosóficas, históricas, políticas e<br />

estéticas.<br />

Parafraseando e mudando a escrita de Enrique Vila-<br />

Matas sobre a escritora francesa Marguerite Duras, em<br />

que dá o seguinte título ao seu ensaio Escreve-se para<br />

observar como morre uma mosca, para justificar-se de<br />

que a escrita da autora (a artista), acontece o que ocorre<br />

com a primeira frase de A Metamorfose, de Franz Kafka.<br />

Quando lemos que um jovem escriturário desperta em<br />

sua cama convertido em um inseto monstruoso, temos<br />

apenas duas opções: fechar incrédulos o livro e não continuar,<br />

ou então crer nessa saborosa verdade de Kafka,<br />

continuar lendo” e mergulhar no imaginário profundo<br />

do artista.<br />

É também o que nos propõe Nazareno com sua obra. Um<br />

“conto visual” fantástico acerca do humano. Sua obra tem<br />

a beleza do mundo em miniatura, do tamanho de uma<br />

criança. Tem a magia de misturar ficção com realidade,<br />

lendas e mitologia. É parar e refletir diante do que se está<br />

lendo ou vendo, ou passar adiante, rapidamente, para<br />

não se deparar com o questionamento muitas vezes perturbador<br />

que nos faz. Vale o jargão de que a verdade dói.<br />

É perturbadora.<br />

osophical, historical, political and aesthetic<br />

questions.<br />

Paraphrasing and altering the writing of<br />

Enrique Vila-Matas about French writer<br />

Marguerite Duras, when he gives the following<br />

title to his essay: Escreve-se para observar<br />

como morre uma mosca [Write up to watch<br />

how a fly dies], to justify that in the author’s<br />

writing (the artist), the same thing happens as<br />

in the first sentence of The Metamorphosis, by<br />

Franz Kafka. When we read that a young traveling<br />

salesman wakes up in his bed transformed<br />

into a monstrous insect, we have only two options:<br />

to close the book in disbelief and not<br />

continue, or to believe in Kafka’s savory truth,<br />

continue reading and delve into the artist’s<br />

deep imaginary.<br />

This is also what Nazareno is proposing with<br />

his work: a fantastic “visual tale” about what is<br />

human. His work has the beauty of the miniature<br />

world, the size of a child. It has the magic<br />

of merging fiction with reality, legends and mythology.<br />

It means stopping and reflecting before<br />

what is being read or seen, or going on by<br />

quickly, so as not to find ourselves facing the often-disturbing<br />

questioning that he asks of us.<br />

It’s like the saying that truth hurts. It disturbs.<br />

The artist creates a visual world of his own in<br />

which the drawing, the word, and the text are<br />

visual forms of inquiry. Verbal visual murmurs in<br />

the form of metaphors that invoke the “why” of<br />

our passage here.<br />

Ricardo Resende<br />

O artista cria um mundo próprio visual em que o desenho,<br />

a palavra e o texto são formas visuais de indagação.<br />

Murmúrios plásticos verbais na forma de metáforas que<br />

invocam o porquê da nossa passagem por aqui.<br />

Ricardo Resende<br />

68 69

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!