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Gestão Hospitalar N.º 12 2018

Entrevista a Xavier Corbella, Secretário Geral da International Fedaration Internal Medicine

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damos o rácio de profissionais. Fazemos mudanças, movemos<br />

os enfermeiros por forma a estarem nos serviços<br />

quando efetivamente são precisos. Este foi outro conflito...<br />

Mas fazíamos, também, estudos de carga horária e víamos<br />

os locais onde havia profissionais em excesso. Os<br />

rácios só são fixos para uma unidade de cuidados intensivos,<br />

semicritícos, para unidades de alta complexidade...<br />

GH: É um defensor do conceito da medicina ambulatória.<br />

Acha que este conceito traz maior desenvolvimento<br />

para o sistema e para o doente?<br />

XC: Esta é uma boa pergunta porque, aparentemente,<br />

sim... Evita muitas complicações do doente, infeções, quedas,<br />

mas forçar a aplicação deste conceito a todo o mundo,<br />

por igual, não é correto...<br />

O doente idoso, o doente que vive longe, o doente que não<br />

tem cuidador não pode... Portanto, há que selecionar os<br />

doentes que podem tirar proveito da medicina ambulatória.<br />

Por exemplo, um hospital que opera a cirurgia major de<br />

ambulatório à tarde está errado, deve operar de manhã.<br />

Mas, mudar esta forma de gerir foi complicado. Explicar<br />

isto aos cidadãos é simples, mas aos profissionais é complicado<br />

porque eles têm os seus interesses, a medicina<br />

privada, etc.<br />

Bem, é um processo de se romper com as tradições, mas<br />

com muita lógica.<br />

Apesar das grandes mudanças internas que este conceito<br />

traz, sou um grande defensor deste modelo, mas sei que<br />

tem as suas limitações.<br />

GH: Quais são as mudanças que gostaria de ver<br />

nas práticas de gestão, na saúde, para o desenvolvimento<br />

da medicina interna?<br />

XC: Creio que o conceito de “clinical management” tem que<br />

aproximar os gestores e os clínicos. Creio que o internista<br />

tem de entender que é um grande aliado dos administradores,<br />

porque também é um grande “sofredor”.<br />

Se as pessoas soubessem o que os administradores sofrem<br />

para gerir um hospital com tantos egos, certamente<br />

que os compreendiam melhor...<br />

Eu acho que aos gestores falta apoio de conhecimentos de<br />

“base clínica” para gerir bem os seus recursos.<br />

Se se tem um budget global e fixo, o gestor tem de entender<br />

que evitar internamentos desnecessários, evitar complicações,<br />

vai melhorar este budget porque vai conseguir fazer<br />

mais coisas. Se não houver complicações com o doente, não<br />

vai gastar em antibióticos, não ocupa camas... etc.<br />

Bem, acho que se o internista e o gestor se aproximarem<br />

podem ter um trabalho profícuo, o internista pode garantir<br />

a qualidade dos resultados que a administração reconhece<br />

e possibilita.<br />

Na minha opinião, o internista deveria ser um grande<br />

aliado da Direção, porque assume grandes problemas do<br />

hospital, pelo que penso que é uma ótima aliança. O internista<br />

é o melhor especialista que pode compreender<br />

integralmente todos os problemas do doente, do hospital<br />

e do sistema.<br />

É importante que continuemos a trabalhar para que os<br />

especialistas generalistas passem a ter um papel mais<br />

importante.<br />

No Sul já têm, mas na Europa ainda não existe esta figura<br />

nos hospitais e é da nossa responsabilidade (ex: Portugal,<br />

Espanha, Itália) demonstrar que este modelo é muito eficaz<br />

e eficiente e, portanto, este é o momento, com esta<br />

problemática tão complexa, para trabalharmos em colaboração.<br />

Se as pessoas soubessem o que os administradores<br />

sofrem para gerir um hospital com tantos egos,<br />

certamente que os compreendiam melhor...<br />

Eu acho que aos gestores falta apoio de conhecimentos<br />

de “base clínica” para gerir bem os seus recursos.<br />

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