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Gestão Hospitalar N.º 12 2018

Entrevista a Xavier Corbella, Secretário Geral da International Fedaration Internal Medicine

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De acordo com as respostas obtidas, os utilizadores internos mais comuns da informação produzida pela contabilidade<br />

analítica são o Conselho de Administração (mencionado por 87% dos casos), seguindo-se os Departamentos e serviços<br />

(79%) e a <strong>Gestão</strong> Intermédia (74%).<br />

De facto, é notória a assimetria da aplicação e utilização da contabilidade analítica entre os hospitais integrados na rede<br />

SNS, o que impossibilita a uniformização dos próprios sistemas de informação<strong>12</strong>, tal como é referido por Tompkins, Altman<br />

e Eliat (2006) e confirmado pelo presente estudo, que constata a inexistência de um sistema de informação centralizado<br />

e comum entre os hospitais.<br />

No entanto, perante a possibilidade de otimização do atual sistema de contabilidade analítica dos hospitais, 77% dos<br />

respondentes indicam que adotariam o método direto (apuramento de custos por doente), ou melhorariam a sua utilização,<br />

sendo a maior percentagem de adoção declarada por hospitais onde o sistema está parcialmente implementado.<br />

Método Direto (apuramento de custos por doente)<br />

Job Order Costing<br />

Time-Driven Activity-Based Costing (TDABC)<br />

Activity-Based Costing (ABC)<br />

Método de Custeio Variável<br />

Método por Absorção ou por Secções<br />

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%<br />

90% 100%<br />

discordo totalmente discordo nem concordo nem discordo concordo concordo totalmente<br />

Gráfico 3 Grau de concordância quanto à melhoria ou adoção de um novo método de custeio.<br />

O método direto, embora mais complexo, é o mais preciso<br />

em organizações hospitalares, daí a sua importância<br />

ser frequentemente salientada por muitos autores: Kaplan<br />

e Porter (2011) defendem que a medição precisa de custos<br />

e resultados é a alavanca mais poderosa que existe para<br />

transformar a economia dos cuidados de saúde. Também<br />

Popesko (2013) afirma que um dos fatores-chave na gestão<br />

de uma organização é a sua capacidade em obter uma<br />

estimativa precisa do custo dos produtos13.<br />

Neste sentido, o apuramento preciso dos custos ao<br />

doente é fundamental para melhorar a eficiência e a<br />

transparência das organizações hospitalares14, sobretudo<br />

quando as pressões que mais se fazem sentir são de redução<br />

de custos e de eliminação de desperdícios15.<br />

A falta de precisão e fiabilidade resultante da utilização<br />

generalizada de métodos de custeio tradicionais, aliada à<br />

dificuldade de utilização regular e em exclusivo da informação<br />

gerada no apoio à tomada de decisão, contribui<br />

ainda mais para a secundarização da contabilidade analítica<br />

no seio das organizações hospitalares, pois esta ainda<br />

apresenta poucas condições de fornecer informação de<br />

custos útil à gestão hospitalar16.<br />

Por outro lado, e tendo em consideração os resultados<br />

do presente inquérito, as atividades de benchmarking que<br />

se pretendam efetuar deverão ser prudentes, uma vez que<br />

a recolha de informação de custos terá como base critérios,<br />

unidades de medida, objetos de custeio e periodicidades de<br />

cálculo díspares entre organizações hospitalares.<br />

A evidência recolhida permite concluir que, em Portugal,<br />

apesar da tentativa de uniformização preconizada<br />

com a implementação pelo PCAH, os hospitais públicos<br />

divergem quanto à utilização da contabilidade analítica e<br />

sobretudo não apresentam uma produção de informação<br />

de custos analíticos que suporte as decisões tomadas.<br />

As implicações dos resultados obtidos podem sentir-<br />

-se a um nível local e a um nível central. Recomenda-se<br />

a sensibilização da gestão de topo, o reforço, ou criação<br />

de um núcleo exclusivamente afeto à gestão de custos e<br />

a formação técnica dos utilizadores internos.<br />

A um nível central, a recomendação de métodos e de<br />

critérios validados de imputação de custos é fundamental.<br />

Isto porque a contabilidade analítica apenas será plenamente<br />

utilizada se houver uma estratégia concertada<br />

quanto ao respetivo processo de execução, que implique<br />

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