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eyond the lIne<br />
Insights e tendências<br />
Hackvertising foi um termo cunhado pelo<br />
Burger King que chamou a atenção em Cannes<br />
no_limit_pictures/iStock<br />
Alexis Thuller PAgliArini<br />
Mais <strong>de</strong> um mês após o encerramento<br />
do Cannes Lions, ainda repercutem os<br />
insights e os indicativos <strong>de</strong> tendências gerados<br />
no evento. Essa onda <strong>de</strong> repercussão<br />
e análise é mais <strong>de</strong>morada mesmo. É uma<br />
<strong>de</strong>puração cuidadosa da enorme massa <strong>de</strong><br />
conteúdo apresentada no evento.<br />
O próprio festival enviou, somente agora,<br />
dias atrás, uma síntese <strong>de</strong> insights,<br />
organizados sob os 9 tracks pelos quais o<br />
evento se organizou: Reach, Commmunication,<br />
Craft, Experience, Impact, Good,<br />
Innovation, Entertainment e Health.<br />
Com a missão <strong>de</strong> levar o melhor do festival<br />
para publicitários que não estiveram<br />
em Cannes este ano, me aprofun<strong>de</strong>i nesses<br />
relatórios para fazer uma seleção <strong>de</strong> pontos<br />
que me parecem os mais relevantes.<br />
O Cannes Lions Road Show é uma iniciativa<br />
da Fenapro e do Estadão, representante<br />
do festival no Brasil, e prevê apresentações<br />
em 10 cida<strong>de</strong>s do Brasil.<br />
Semana passada já foram realizadas<br />
duas, em Porto Alegre e Recife, reunindo<br />
aproximadamente 120 e 150 profissionais.<br />
Graças à parceria com a Flix Media, as<br />
apresentações estão sendo realizadas em<br />
cinemas <strong>de</strong>ssas cida<strong>de</strong>s, permitindo ótimo<br />
ambiente para exibição <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ocases.<br />
Bem, mas como o roadshow tem um<br />
alcance limitado, gostaria <strong>de</strong> dividir com<br />
você e os leitores <strong>de</strong>sta coluna os insights<br />
<strong>de</strong> maior <strong>de</strong>staque que selecionei para essas<br />
discussões. Lá vão:<br />
1- Hackvertising. Este termo foi cunhado<br />
pelo Burger King, que li<strong>de</strong>rou um dos<br />
painéis mais comentados do festival este<br />
ano. O brasileiro Fernando Machado, lí<strong>de</strong>r<br />
mundial <strong>de</strong> marketing da empresa, dividiu<br />
o palco com a sua agência para ilustrar<br />
essa ousada e irreverente forma <strong>de</strong> fazer<br />
comunicação.<br />
Hackear po<strong>de</strong> gerar aborrecimentos,<br />
mas cria um diferencial que faz a marca<br />
se <strong>de</strong>stacar no mercado e ganhar prêmios<br />
em festivais. A empresa já tinha ganhado<br />
Grand Prix, no ano passado, hackeando<br />
a inteligência artificial <strong>de</strong> ninguém menos<br />
do que o Google. De tal modo que, ao acionar<br />
o Google Assistant perguntando quais<br />
são os componentes do Whopper, lá vinha<br />
a resposta. Outros cases foram apresentados,<br />
como a divertida intervenção feita<br />
nos cinemas, antes da exibição do filme<br />
<strong>de</strong> terror IT, <strong>de</strong> Stephen King. Como o personagem<br />
assustador do filme é um palhaço,<br />
o Burger King veiculou a mensagem:<br />
“Moral da história: nunca confie num palhaço”.<br />
Outra foi a iniciativa <strong>de</strong> mostrar em<br />
anúncios os quintais <strong>de</strong> casas <strong>de</strong> executivos<br />
do McDonald’s <strong>de</strong>stacando a presença<br />
<strong>de</strong> churrasqueiras. E a provocação veio<br />
com a mensagem: “É realmente difícil resistir<br />
aos grelhados”. No final, ele ressaltou:<br />
“Tenha sempre um bom advogado <strong>de</strong><br />
plantão”. É claro que tal irreverência só<br />
po<strong>de</strong> ser adotada por algumas marcas, <strong>de</strong><br />
posicionamento mais “solto”.<br />
2- Morte da Masculinida<strong>de</strong>. Esse controvertido<br />
ponto foi tema <strong>de</strong> um dos painéis<br />
do festival, li<strong>de</strong>rado por Faith Popcorn. Na<br />
verda<strong>de</strong>, como um reflexo das ações em<br />
favor da igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> gêneros, o homem<br />
machão, insensível, mandão e dominador<br />
dá lugar a um outro, mais sensível, participativo,<br />
sem medo <strong>de</strong> mostrar os seus sentimentos.<br />
Tal tendência foi corroborada por um<br />
estudo da Getty Images (Masculinida<strong>de</strong><br />
Desfeita) e do Google Lab (Masculinida<strong>de</strong><br />
Tóxica). Este tema foi objeto do meu último<br />
artigo, aqui no PROPMARK (RIP, Machão).<br />
3- Tirar Menos, Entregar mais. “Less<br />
Taking/More Giving”: o alerta aqui é para<br />
as empresas quanto à necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> harmonizar mais a balança entre o<br />
“tirar”(ven<strong>de</strong>r/lucrar a qualquer custo) e o<br />
“dar” (atitu<strong>de</strong>s e projetos <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><br />
social/engajamento social).<br />
4- Tecnologia X Valores Humanos. Foco<br />
<strong>de</strong> diversas palestras e painéis, pregou-se<br />
o equilíbrio entre o uso da tecnologia e<br />
os valores humanos. Po<strong>de</strong>ríamos resumir<br />
a conclusão assim: “Hay que usar la tecnologia,<br />
pero sin per<strong>de</strong>r la ternura, jamas!”.<br />
Ou seja, não se <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>monizar o excesso<br />
da matemática no nosso negócio, mas,<br />
isso sim, usá-la ao nosso favor. Há outros –<br />
muitos – bons insights, mas o espaço aqui<br />
é finito. A gente fala mais <strong>de</strong>sse assunto<br />
em outros artigos.<br />
Alexis Thuller Pagliarini é superinten<strong>de</strong>nte<br />
da Fenapro (Fe<strong>de</strong>ração Nacional <strong>de</strong> Agências<br />
<strong>de</strong> Propaganda)<br />
alexis@fenapro.org.br<br />
36 6 <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark