15.09.2018 Views

edição de 17 de setembro de 2018

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Divulgação<br />

stá sendo repensado”<br />

mudaNça e mo<strong>de</strong>lo<br />

Vida Simples está passando<br />

por mudanças neste momento,<br />

após a compra pelo casal<br />

Eugenio Mussak e Luciana<br />

Pianaro. O Eugenio é colunista<br />

da Vida Simples <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

primeira edição, é palestrante,<br />

escritor e trabalha dando<br />

consultorias <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> pessoas<br />

para empresas. O foco<br />

do Eugenio e da Luciana é a<br />

educação para pessoas. Eles<br />

já trabalhavam esta vertente<br />

<strong>de</strong>ntro das empresas. O projeto<br />

Vida Simples inclui, além<br />

da revista em si, uma plataforma<br />

digital, com site mais robusto<br />

e, num futuro próximo,<br />

cursos presenciais e online<br />

com foco no auto<strong>de</strong>senvolvimento,<br />

boxes com curadoria,<br />

produtos, app. A revista terá<br />

versão online, mas a edição<br />

física segue nos mesmos mol<strong>de</strong>s:<br />

impressa, com entrega<br />

para assinantes e venda em<br />

bancas. A edição <strong>de</strong> outubro,<br />

que será a <strong>de</strong> número 200,<br />

virá com novo projeto gráfico.<br />

Nada radical. A essência<br />

da revista será mantida, do<br />

ponto <strong>de</strong> vista gráfico e editorial.<br />

O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong><br />

está sendo repensado. A i<strong>de</strong>ia<br />

é que Vida Simples tenha<br />

apoiadores, marcas que acreditem<br />

na causa, nos títulos,<br />

nas i<strong>de</strong>ias. Isso estaria colocado<br />

na primeira página da revista,<br />

no formato: marcas que<br />

nos apoiam. O objetivo não é<br />

ter um anúncio tradicional <strong>de</strong><br />

uma página.<br />

escrita e cursos<br />

Quando comecei a escrever<br />

para Vida Simples, há oito<br />

anos, me impressionava a<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mensagens <strong>de</strong><br />

leitores com o comentário <strong>de</strong><br />

que os textos “conversavam”<br />

com eles. Então, comecei a<br />

tentar enten<strong>de</strong>r o que fazia<br />

um texto conversar com o outro<br />

e, assim, se perpetuar, e<br />

outro que era “<strong>de</strong>scartável”,<br />

aquele que a pessoa lê e cinco<br />

minutos <strong>de</strong>pois não lembra<br />

mais o que leu. Percebi que<br />

isso tinha a ver com o envolvimento<br />

<strong>de</strong> quem escreve e<br />

com a maneira como o texto<br />

é escrito. Mergulhei mais e<br />

mais nisso. Até que, há quatro<br />

anos, fui falar no festival Path.<br />

E, pela primeira vez, falei sobre<br />

aquilo que <strong>de</strong>nominei<br />

“escrita afetuosa”, aquela que<br />

marca, conversa, encontra o<br />

outro – e se perpetua. A sala<br />

encheu. Tempos <strong>de</strong>pois, uma<br />

pessoa que havia me ouvido<br />

naquele festival, me escreveu<br />

me convidando para dar<br />

um curso sobre aquilo. “Curso?”,<br />

pensei. Eu sou jornalista,<br />

nunca havia me imaginado<br />

dando um curso, tão pouco<br />

que aquilo po<strong>de</strong>ria interessar<br />

outras pessoas. Ledo engano.<br />

O primeiro curso <strong>de</strong> escrita<br />

afetuosa foi realizado há três<br />

anos, em Belo Horizonte. E, a<br />

partir daí, eu viajo pelo Brasil<br />

falando sobre este olhar mais<br />

“o futuro do<br />

jornalismo<br />

está, assim, em<br />

um olhar mais<br />

humanizado”<br />

humano, próximo, que conversa,<br />

cria pontes, estabelece<br />

uma conexão profunda e duradoura<br />

com o outro. E mais: é<br />

<strong>de</strong>stinado para qualquer um,<br />

não apenas para pessoas que<br />

trabalham com a palavra ou<br />

com a comunicação.<br />

escrita afetuosa<br />

É uma escrita <strong>de</strong> encontro,<br />

em que eu olho nos olhos do<br />

outro. É próxima, humana, e<br />

exatamente por isso o leitor<br />

se encontra ali, se percebe, se<br />

vê naquele texto. Para mim é<br />

como se aquele que escreve<br />

tivesse (finalmente) olhado<br />

para quem lê e dissesse “ei, eu<br />

estou te vendo, vamos conversar?”.<br />

A gente não percebe,<br />

mas quando escrevemos,<br />

em geral, nos colocamos num<br />

lugar distante, às vezes <strong>de</strong><br />

superiorida<strong>de</strong>, em relação a<br />

quem lê. Pensamos apenas na<br />

técnica e <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> enxergar<br />

a nós mesmos e também o<br />

outro ao longo da construção<br />

do texto. O que faço nos meus<br />

cursos é exatamente mostrar<br />

como a linguagem, a construção<br />

do texto, po<strong>de</strong> fazer a diferença<br />

entre se perpetuar ou<br />

morrer. Em geral, as pessoas<br />

acreditam que escrever um<br />

bom texto está relacionado<br />

apenas à técnica, mas não é<br />

bem assim.<br />

o livro<br />

Ele é dividido em <strong>de</strong>z capítulos.<br />

É como uma caminhada<br />

em que vou convidando o leitor<br />

para se arriscar a escrever.<br />

Não é um manual técnico. É<br />

um livro que convida, incita,<br />

que tenta mostrar que qualquer<br />

um é capaz <strong>de</strong> construir<br />

uma narrativa. E que um texto<br />

po<strong>de</strong> ter papéis diversos na<br />

vida <strong>de</strong> cada um. Tem gente<br />

que <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> escrever para se<br />

reorganizar internamente,<br />

outros para fazer as pazes<br />

consigo mesmo, com o mundo,<br />

com uma história mal resolvida.<br />

Tem gente que busca<br />

o livro para reencontrar o adolescente<br />

que foi, que escrevia<br />

poemas e acreditava que podia<br />

mudar o mundo.<br />

pelo brasil<br />

Já <strong>de</strong>i cursos em várias capitais,<br />

como São Paulo, Rio,<br />

Brasília, Porto Alegre, Curitiba<br />

e Belo Horizonte. Para o ano<br />

que vem, meu <strong>de</strong>safio é levar<br />

isso para mais e mais localida<strong>de</strong>s.<br />

Já tenho cursos agendados<br />

em Goiânia, Florianópolis,<br />

Maceió, Salvador, Teresina<br />

e Recife. Por enquanto, os cursos<br />

são apenas presenciais.<br />

Mas já estou me organizando<br />

para lançar uma versão online<br />

e chegar on<strong>de</strong> não consigo. A<br />

gama <strong>de</strong> cursos também tem<br />

aumentado e a maneira mais<br />

fácil <strong>de</strong> acessá-los é no meu<br />

site, on<strong>de</strong> mantenho uma<br />

agenda sempre atualizada:<br />

anaholanda.com.br.<br />

JorNalismo e leitor<br />

Eu sou muito apaixonada<br />

pela escrita e pelo jornalismo.<br />

Não acho que ele vai morrer<br />

ou acabar. Acho que alguns<br />

mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> negócios estão<br />

<strong>de</strong>finhando, mas isso não significa<br />

que o jornalismo esteja<br />

morrendo. Ele vai existir<br />

se nós (e me incluo nisso) não<br />

ficarmos obcecados apenas<br />

por engajamento, curtidas e<br />

números enfim. Eles po<strong>de</strong>m<br />

ser um parâmetro, mas não<br />

po<strong>de</strong>mos nos guiar apenas (ou<br />

cegamente) por eles. De novo<br />

– e insisto nisso – é preciso enxergar<br />

o outro no mesmo nível<br />

do olhar. Olhar para o leitor<br />

e ver uma pessoa como você.<br />

E não apenas como um número,<br />

um consumidor. São pessoas.<br />

O futuro do jornalismo<br />

está, assim, em um olhar mais<br />

humanizado, mais próximo,<br />

mais sensível. Dessa maneira,<br />

as boas histórias surgem<br />

quase que espontaneamente.<br />

É assim que as relações mais<br />

profundas nascem, quando<br />

a gente se reconhece. O futuro<br />

do jornalismo está em resgatar<br />

o olhar, o humano, o sensível.<br />

É nisso que eu acredito.<br />

Sou jornalista há 24 anos. Passei<br />

por várias redações, como<br />

funcionária ou como freela.<br />

Costumo dizer que o jornalismo<br />

não me trouxe muitas<br />

respostas, mas a escrita afetuosa<br />

sim.<br />

jornal propmark - <strong>17</strong> <strong>de</strong> <strong>setembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 25

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!