Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Divulgação<br />
stá sendo repensado”<br />
mudaNça e mo<strong>de</strong>lo<br />
Vida Simples está passando<br />
por mudanças neste momento,<br />
após a compra pelo casal<br />
Eugenio Mussak e Luciana<br />
Pianaro. O Eugenio é colunista<br />
da Vida Simples <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />
primeira edição, é palestrante,<br />
escritor e trabalha dando<br />
consultorias <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> pessoas<br />
para empresas. O foco<br />
do Eugenio e da Luciana é a<br />
educação para pessoas. Eles<br />
já trabalhavam esta vertente<br />
<strong>de</strong>ntro das empresas. O projeto<br />
Vida Simples inclui, além<br />
da revista em si, uma plataforma<br />
digital, com site mais robusto<br />
e, num futuro próximo,<br />
cursos presenciais e online<br />
com foco no auto<strong>de</strong>senvolvimento,<br />
boxes com curadoria,<br />
produtos, app. A revista terá<br />
versão online, mas a edição<br />
física segue nos mesmos mol<strong>de</strong>s:<br />
impressa, com entrega<br />
para assinantes e venda em<br />
bancas. A edição <strong>de</strong> outubro,<br />
que será a <strong>de</strong> número 200,<br />
virá com novo projeto gráfico.<br />
Nada radical. A essência<br />
da revista será mantida, do<br />
ponto <strong>de</strong> vista gráfico e editorial.<br />
O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong><br />
está sendo repensado. A i<strong>de</strong>ia<br />
é que Vida Simples tenha<br />
apoiadores, marcas que acreditem<br />
na causa, nos títulos,<br />
nas i<strong>de</strong>ias. Isso estaria colocado<br />
na primeira página da revista,<br />
no formato: marcas que<br />
nos apoiam. O objetivo não é<br />
ter um anúncio tradicional <strong>de</strong><br />
uma página.<br />
escrita e cursos<br />
Quando comecei a escrever<br />
para Vida Simples, há oito<br />
anos, me impressionava a<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mensagens <strong>de</strong><br />
leitores com o comentário <strong>de</strong><br />
que os textos “conversavam”<br />
com eles. Então, comecei a<br />
tentar enten<strong>de</strong>r o que fazia<br />
um texto conversar com o outro<br />
e, assim, se perpetuar, e<br />
outro que era “<strong>de</strong>scartável”,<br />
aquele que a pessoa lê e cinco<br />
minutos <strong>de</strong>pois não lembra<br />
mais o que leu. Percebi que<br />
isso tinha a ver com o envolvimento<br />
<strong>de</strong> quem escreve e<br />
com a maneira como o texto<br />
é escrito. Mergulhei mais e<br />
mais nisso. Até que, há quatro<br />
anos, fui falar no festival Path.<br />
E, pela primeira vez, falei sobre<br />
aquilo que <strong>de</strong>nominei<br />
“escrita afetuosa”, aquela que<br />
marca, conversa, encontra o<br />
outro – e se perpetua. A sala<br />
encheu. Tempos <strong>de</strong>pois, uma<br />
pessoa que havia me ouvido<br />
naquele festival, me escreveu<br />
me convidando para dar<br />
um curso sobre aquilo. “Curso?”,<br />
pensei. Eu sou jornalista,<br />
nunca havia me imaginado<br />
dando um curso, tão pouco<br />
que aquilo po<strong>de</strong>ria interessar<br />
outras pessoas. Ledo engano.<br />
O primeiro curso <strong>de</strong> escrita<br />
afetuosa foi realizado há três<br />
anos, em Belo Horizonte. E, a<br />
partir daí, eu viajo pelo Brasil<br />
falando sobre este olhar mais<br />
“o futuro do<br />
jornalismo<br />
está, assim, em<br />
um olhar mais<br />
humanizado”<br />
humano, próximo, que conversa,<br />
cria pontes, estabelece<br />
uma conexão profunda e duradoura<br />
com o outro. E mais: é<br />
<strong>de</strong>stinado para qualquer um,<br />
não apenas para pessoas que<br />
trabalham com a palavra ou<br />
com a comunicação.<br />
escrita afetuosa<br />
É uma escrita <strong>de</strong> encontro,<br />
em que eu olho nos olhos do<br />
outro. É próxima, humana, e<br />
exatamente por isso o leitor<br />
se encontra ali, se percebe, se<br />
vê naquele texto. Para mim é<br />
como se aquele que escreve<br />
tivesse (finalmente) olhado<br />
para quem lê e dissesse “ei, eu<br />
estou te vendo, vamos conversar?”.<br />
A gente não percebe,<br />
mas quando escrevemos,<br />
em geral, nos colocamos num<br />
lugar distante, às vezes <strong>de</strong><br />
superiorida<strong>de</strong>, em relação a<br />
quem lê. Pensamos apenas na<br />
técnica e <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> enxergar<br />
a nós mesmos e também o<br />
outro ao longo da construção<br />
do texto. O que faço nos meus<br />
cursos é exatamente mostrar<br />
como a linguagem, a construção<br />
do texto, po<strong>de</strong> fazer a diferença<br />
entre se perpetuar ou<br />
morrer. Em geral, as pessoas<br />
acreditam que escrever um<br />
bom texto está relacionado<br />
apenas à técnica, mas não é<br />
bem assim.<br />
o livro<br />
Ele é dividido em <strong>de</strong>z capítulos.<br />
É como uma caminhada<br />
em que vou convidando o leitor<br />
para se arriscar a escrever.<br />
Não é um manual técnico. É<br />
um livro que convida, incita,<br />
que tenta mostrar que qualquer<br />
um é capaz <strong>de</strong> construir<br />
uma narrativa. E que um texto<br />
po<strong>de</strong> ter papéis diversos na<br />
vida <strong>de</strong> cada um. Tem gente<br />
que <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> escrever para se<br />
reorganizar internamente,<br />
outros para fazer as pazes<br />
consigo mesmo, com o mundo,<br />
com uma história mal resolvida.<br />
Tem gente que busca<br />
o livro para reencontrar o adolescente<br />
que foi, que escrevia<br />
poemas e acreditava que podia<br />
mudar o mundo.<br />
pelo brasil<br />
Já <strong>de</strong>i cursos em várias capitais,<br />
como São Paulo, Rio,<br />
Brasília, Porto Alegre, Curitiba<br />
e Belo Horizonte. Para o ano<br />
que vem, meu <strong>de</strong>safio é levar<br />
isso para mais e mais localida<strong>de</strong>s.<br />
Já tenho cursos agendados<br />
em Goiânia, Florianópolis,<br />
Maceió, Salvador, Teresina<br />
e Recife. Por enquanto, os cursos<br />
são apenas presenciais.<br />
Mas já estou me organizando<br />
para lançar uma versão online<br />
e chegar on<strong>de</strong> não consigo. A<br />
gama <strong>de</strong> cursos também tem<br />
aumentado e a maneira mais<br />
fácil <strong>de</strong> acessá-los é no meu<br />
site, on<strong>de</strong> mantenho uma<br />
agenda sempre atualizada:<br />
anaholanda.com.br.<br />
JorNalismo e leitor<br />
Eu sou muito apaixonada<br />
pela escrita e pelo jornalismo.<br />
Não acho que ele vai morrer<br />
ou acabar. Acho que alguns<br />
mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> negócios estão<br />
<strong>de</strong>finhando, mas isso não significa<br />
que o jornalismo esteja<br />
morrendo. Ele vai existir<br />
se nós (e me incluo nisso) não<br />
ficarmos obcecados apenas<br />
por engajamento, curtidas e<br />
números enfim. Eles po<strong>de</strong>m<br />
ser um parâmetro, mas não<br />
po<strong>de</strong>mos nos guiar apenas (ou<br />
cegamente) por eles. De novo<br />
– e insisto nisso – é preciso enxergar<br />
o outro no mesmo nível<br />
do olhar. Olhar para o leitor<br />
e ver uma pessoa como você.<br />
E não apenas como um número,<br />
um consumidor. São pessoas.<br />
O futuro do jornalismo<br />
está, assim, em um olhar mais<br />
humanizado, mais próximo,<br />
mais sensível. Dessa maneira,<br />
as boas histórias surgem<br />
quase que espontaneamente.<br />
É assim que as relações mais<br />
profundas nascem, quando<br />
a gente se reconhece. O futuro<br />
do jornalismo está em resgatar<br />
o olhar, o humano, o sensível.<br />
É nisso que eu acredito.<br />
Sou jornalista há 24 anos. Passei<br />
por várias redações, como<br />
funcionária ou como freela.<br />
Costumo dizer que o jornalismo<br />
não me trouxe muitas<br />
respostas, mas a escrita afetuosa<br />
sim.<br />
jornal propmark - <strong>17</strong> <strong>de</strong> <strong>setembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 25