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mercAdo<br />
Divulgação<br />
Criada pela NBS, Rio+Rio é uma ponte entre iniciativa privada e periferias; <strong>de</strong>senvolve projetos que tragam benefícios para as comunida<strong>de</strong>s e resultado para as marcas<br />
Periferia brasileira entra no radar da<br />
propaganda, mas há vários <strong>de</strong>safios<br />
Agências buscam aproximação por meio <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> parceria,<br />
treinamento e contratação; comunida<strong>de</strong>s movimentam mais <strong>de</strong> R$ 141 bi<br />
RENATO ROGENSKI<br />
seu comercial <strong>de</strong> TV não me engana,<br />
“O eu não preciso <strong>de</strong> status, nem fama”.<br />
A frase é <strong>de</strong> uma das músicas dos Racionais<br />
MC’s nos anos 1990. E significa a crítica <strong>de</strong><br />
uma periferia que não se via representada<br />
na propaganda da época. Nos últimos anos,<br />
no entanto, o aumento do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> consumo<br />
da classe C e a evolução em sua relação<br />
com a mídia colocaram as comunida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>finitivamente no radar das marcas e das<br />
agências. Um estudo recente da Outdoor<br />
Social, empresa que trabalha com publicida<strong>de</strong><br />
nas comunida<strong>de</strong>s do país, mostrou<br />
que as periferias brasileiras movimentam<br />
mais <strong>de</strong> R$ 141 bilhões por ano.<br />
O problema é que muito antes <strong>de</strong> querer<br />
ven<strong>de</strong>r produtos e serviços, as marcas precisam<br />
estabelecer uma relação muito mais<br />
próxima, fluida e assertiva com esse público.<br />
O gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio é: como produzir campanhas<br />
engajadoras se o próprio ambiente<br />
das agências ainda conta com poucas pessoas<br />
que realmente conhecem intimamente<br />
o comportamento e os anseios da periferia?<br />
“Quem trabalha com comunicação e<br />
marketing ten<strong>de</strong> a viver em bolhas autorreferentes<br />
e começa a acreditar que estas bolhas<br />
são o retrato do país. Não são. O Brasil<br />
é um gigantesco país <strong>de</strong> classes C/D, e, do<br />
ponto <strong>de</strong> vista comportamental, incluo as<br />
periferias <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta classificação”, avisa<br />
André Lima, VP <strong>de</strong> criação da NBS.<br />
AgênciA no morro<br />
Na visão do publicitário, não adianta<br />
discursar sobre as periferias e permanecer<br />
sentado em salas bonitas e refrigeradas.<br />
“É preciso botar o pé na rua, se misturar<br />
com as pessoas, enten<strong>de</strong>r e viver suas realida<strong>de</strong>s,<br />
em vez <strong>de</strong> ficar criando teorias”,<br />
acredita Lima. Em 2012, por exemplo, a NBS<br />
lançou a plataforma Rio+Rio, uma espécie<br />
<strong>de</strong> ponte entre iniciativa privada e periferias<br />
para a criação <strong>de</strong> projetos que tragam<br />
benefícios para as comunida<strong>de</strong>s e resultado<br />
para as marcas. A empreitada, que ainda<br />
está <strong>de</strong> pé, teve durante quase seis anos um<br />
escritório fixo na comunida<strong>de</strong> Santa Marta,<br />
no bairro carioca <strong>de</strong> Botafogo. “O primeiro<br />
gran<strong>de</strong> aprendizado foi <strong>de</strong> como ser relevante<br />
para uma marca muito além do universo<br />
da comunicação” afirma.<br />
No caso da Rio+Rio, todo projeto criado<br />
passa por um crivo <strong>de</strong> moradores das<br />
periferias, um grupo chamado “Amigos do<br />
Rio+Rio”. A agência submete tudo que <strong>de</strong>senvolve<br />
aos olhares <strong>de</strong>les, ouvindo com<br />
atenção os seus inputs, modificando e apri-<br />
36 <strong>17</strong> <strong>de</strong> <strong>setembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark