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edição de 17 de dezembro de 2018

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marketing & negócios<br />

Gearstd/iStock<br />

A maturida<strong>de</strong> do<br />

digital se aproxima<br />

Duas consequências são esperadas:<br />

menor ritmo <strong>de</strong> crescimento e aumento<br />

<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> e da <strong>de</strong>ontologia<br />

Rafael Sampaio<br />

Primeiro, os números: o último forecast<br />

do Grupo M (holding <strong>de</strong> mídia da WPP)<br />

indica que as tendências dos últimos anos<br />

estão se transformado. Depois <strong>de</strong> retirar<br />

parte importante da receita dos jornais e<br />

revistas e tentar avançar, sem sucesso sobre<br />

a TV, o ritmo <strong>de</strong> expansão da mídia digital<br />

entra em “business as usual”, ou seja,<br />

expansão <strong>de</strong> um dígito - o que é bom, como<br />

se sabe, mas não espetacular. A chamada<br />

mídia impressa vem reagindo, inclusive<br />

migrando para o digital e disputando receita<br />

com as chamadas “novas mídias, mas a<br />

vida <strong>de</strong>les continua sujeita a chuvas e trovoadas<br />

intensas. Mas eles estão apren<strong>de</strong>ndo<br />

e, como se verá mais adiante, serão protagonistas<br />

da era adulta da internet.<br />

No Reino Unido, que é o mercado publicitário<br />

mensurado com maior precisão<br />

entre todos, o digital “pure player” sai <strong>de</strong><br />

uma performance <strong>de</strong> 15,1% e 11,1% <strong>de</strong> crescimento<br />

em 20<strong>17</strong> e <strong>2018</strong>, respectivamente,<br />

para a previsão <strong>de</strong> 8,6% em 2019. A TV, que<br />

chegou a per<strong>de</strong>r alguma coisa em 20<strong>17</strong> naquele<br />

mercado, recuperou parte em <strong>2018</strong> e<br />

crescerá em 2019. O rádio e o OOH, pouco<br />

afetados pelo tsunami digital, até porque<br />

conseguiram migrar mais facilmente para<br />

lá, permanecem ganhando espaço ano a<br />

ano. O cinema, que é bem pequeno diante<br />

dos <strong>de</strong>mais, segue sua toada, crescendo<br />

lentamente.<br />

É evi<strong>de</strong>nte que o mundo digital continua<br />

alar<strong>de</strong>ando crescimento bombástico,<br />

especialmente no mobile, que, apesar <strong>de</strong><br />

ganhar importante espaço no dia a dia das<br />

pessoas e no e-commerce, em termos publicitários<br />

continua sendo mais uma promessa<br />

que uma realida<strong>de</strong> efetiva. Mas a<br />

verda<strong>de</strong> é que o digital enfrenta uma ressaca<br />

pelo seu crescimento <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado e<br />

vive o contrafluxo das avaliações e análises<br />

menos entusiasmadas e mais robustas, que<br />

<strong>de</strong>monstram que suas entregas e retornos<br />

não são como o prometido e esperado.<br />

Além do que já caiu a ficha que o digital<br />

funciona bem mesmo em combinação e<br />

sincronia com outros meios, em especial a<br />

TV.<br />

A verda<strong>de</strong>ira recente avalanche <strong>de</strong> problemas<br />

que se suce<strong>de</strong>m com o digital por<br />

todo o mundo combina a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong><br />

esquemas fraudulentos, números imprecisos<br />

e inflados, um certo enfado do público<br />

com esquemas rasos e repetitivos e, não<br />

menos importante, a imposição <strong>de</strong> novas<br />

leis e a conscientização <strong>de</strong> alguns players<br />

do setor que a fase das loucuras da adolescência<br />

e juventu<strong>de</strong> está passando com a<br />

chegada do natural aumento da responsabilida<strong>de</strong><br />

da maturida<strong>de</strong>.<br />

Contribui para isso a migração das mídias<br />

ditas tradicionais para o digital, pois<br />

elas tiveram <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r, ao longo <strong>de</strong> décadas<br />

e reveses vindos do controle público<br />

e da própria competição pela audiência e<br />

verbas publicitárias, que a responsabilida<strong>de</strong>,<br />

os princípios e as práticas <strong>de</strong>ontológicas<br />

em relação ao público e aos anunciantes é<br />

condição sine qua non para sua expansão e<br />

sobrevivência sustentável.<br />

Passada a excitação natural pelo feérico<br />

da novida<strong>de</strong>, tanto público como anunciantes<br />

querem ter a precisão, a diversida<strong>de</strong><br />

e a honestida<strong>de</strong> do jornalismo; capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> encantamento e envolvimento do<br />

entretenimento; atrativida<strong>de</strong> e correção<br />

na cobertura esportiva, prestação <strong>de</strong> serviços<br />

abrangente e verda<strong>de</strong>iramente útil; e,<br />

não menos importante, transparência das<br />

relações entre a tría<strong>de</strong> veículo-audiência-<br />

-anunciante.<br />

O que implica em fatos básicos como<br />

não disfarçar publicida<strong>de</strong> como editorial;<br />

não comercializar <strong>de</strong> modo dissimulado<br />

os dados da audiência; e manter postura<br />

ético-comercial condizente em relação aos<br />

clientes-anunciantes e aos próprios concorrentes.<br />

Ou seja, nada que um jornal, revista<br />

ou re<strong>de</strong>/emissora <strong>de</strong> rádio e TV <strong>de</strong> boa<br />

reputação não saiba ou <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> fazer, mas<br />

que parte do universo digital achou que<br />

não aplicava a ele.<br />

Rafael Sampaio é consultor em propaganda<br />

rafael.sampaio@uol.com.br<br />

38 <strong>17</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark

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