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Nada poderia resumir de maneira<br />

mais clara quem é o novo<br />

consumidor do que as palavras<br />

acima, ditas por Banksy, um artista<br />

contemporâneo britânico<br />

com ideias revolucionárias. Talvez<br />

Banksy não saiba, mas, apesar de<br />

ser um tanto extremista em suas<br />

declarações, ele está alinhado ao<br />

pensamento de Philip Kotler – principal<br />

especialista em marketing da<br />

atualidade – no que diz respeito a<br />

uma abordagem menos invasiva e<br />

mais participativa e às apropriações<br />

que os consumidores fazem com<br />

aquilo que as marcas lhes oferecem.<br />

Essa é a proposta do marketing 3.0,<br />

segundo o qual os consumidores<br />

se tornam “proprietários” da marca.<br />

“As empresas têm de aceitar o fato<br />

de que exercer controle sobre a marca<br />

é quase impossível. A missão da<br />

marca passou a ser a missão dos<br />

clientes”, explica Kotler. “Hoje, os<br />

outros são os juízes de sua empresa.<br />

Por isso, mais do que nunca, é preciso<br />

investir no compartilhamento<br />

de valores”, emenda. Segundo o autor,<br />

três grandes movimentos impulsionam<br />

esse novo consumidor e<br />

dão vida ao marketing 3.0. São eles:<br />

1. Coparticipação e o marketing<br />

colaborativo<br />

Diferentemente daqueles espectadores<br />

que não tinham outra opção<br />

a não ser ouvir passivamente o que<br />

o rádio e a televisão diziam, os consumidores<br />

de hoje têm nas mãos o<br />

poder da autonomia para a produção<br />

de conhecimento. Com a evolução<br />

da web, eles ganharam ferramentas<br />

para produzir suas próprias notícias<br />

e conteúdos. E como agora têm essa<br />

vantagem nas mãos, também querem<br />

participar dos processos de<br />

produção nas empresas. “Alguns<br />

clientes gostam tanto da marca que<br />

a ajudam a criar os produtos. É o<br />

caso da Harley-Davidson e da Lego,<br />

que confiam na opinião de seus<br />

clientes para desenvolver novos<br />

itens”, revela Kotler. O especialista<br />

destaca, ainda, que, numa primeira<br />

fase, o marketing estava focado<br />

na forma de fazer a venda; depois,<br />

passou a se preocupar em fazer o<br />

cliente voltar e comprar mais. Agora,<br />

tornou-se colaborativo e convida<br />

os consumidores a fazerem parte<br />

do desenvolvimento dos produtos<br />

e da comunicação das empresas.<br />

2. Globalização e o marketing<br />

cultural<br />

A globalização – aliada à evolução<br />

da tecnologia da informação – permite<br />

o intercâmbio de informações<br />

entre indivíduos e empresas do mundo<br />

todo. Porém, apesar de interligar<br />

nações, ela não as iguala. Há uma<br />

integração geral que evidencia as<br />

divergências econômicas, políticas<br />

e culturais dos países. Por exemplo,<br />

ao mesmo tempo em que a democracia<br />

se destaca globalmente, a<br />

maior potência não democrática da<br />

atualidade, a China, representa um<br />

papel-chave na economia mundial.<br />

Em Marketing 3.0, Kotler destaca<br />

que, nesse cenário, as marcas<br />

culturais querem ser percebidas<br />

como uma fonte de conexão entre<br />

as pessoas e buscam solucionar<br />

esses paradoxos. “O marketing cultural<br />

faz parte do marketing 3.0. É<br />

uma abordagem que vai ao encontro<br />

de preocupações e anseios dos<br />

cidadãos globais. É o marketing que<br />

coloca as questões culturais no âmago<br />

do plano de negócios, demonstrando<br />

interesse pelas comunidades<br />

ao seu redor: consumidores, colaboradores,<br />

parceiros de canal e<br />

acionistas”, explica.<br />

3. Criatividade e o marketing do<br />

espírito humano<br />

O marketing 3.0 também é impulsionado<br />

pela ascensão da sociedade<br />

criativa – pessoas que usam a<br />

tecnologia e o poder de compartilhamento<br />

de conhecimento para<br />

criar novos conceitos, novas ideias<br />

e atitudes. Kotler ressalta que uma<br />

das características dessa sociedade<br />

criativa é que as pessoas acreditam<br />

nas suas realizações pessoais, além<br />

de suas necessidades primárias de<br />

sobrevivência.<br />

O resultado dessa tendência<br />

crescente é que os consumidores<br />

buscam empresas que não apenas<br />

satisfaçam suas necessidades, mas<br />

também os “toquem” espiritualmente.<br />

Por isso, as corporações devem<br />

incluir motivações espirituais<br />

em sua missão, sua visão e seus<br />

valores. “Devem compreender o<br />

que são e por que estão em funcionamento.<br />

O lucro irá acontecer a<br />

partir da percepção dos consumidores<br />

quanto às contribuições dessa<br />

empresa para o bem-estar humano.<br />

Isso é marketing espiritual”,<br />

declara o especialista.<br />

Por fim, Kotler complementa:<br />

“Em épocas de crise econômica<br />

global, o marketing 3.0 adquire<br />

relevância ainda maior para a vida<br />

dos consumidores na medida<br />

em que eles são afetados pelas mudanças<br />

rápidas e turbulências nas<br />

esferas social, econômica e ambiental.<br />

Doenças tornam-se pandemias,<br />

a pobreza aumenta e a<br />

destruição do meio ambiente caminha<br />

a passos largos. As empresas<br />

que praticam o marketing 3.0<br />

oferecem respostas e esperança<br />

àqueles que enfrentam esses problemas<br />

e, assim, tocam os consumidores<br />

em um nível superior.”<br />

Está na hora de evoluir e adotar<br />

esse tipo de marketing na sua empresa.<br />

É o que fará a diferença daqui<br />

para frente!<br />

Livro: Marketing 3.0<br />

Autores: Philip Kotler, Hermawan Kartajaya<br />

e Iwan Setiawan<br />

Editora: Campus<br />

vendamais.com.br - JULHO-AGOSTO 2017 33

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