L+D 75

Nichon Glerum
¿QUÉ PASA?
LUZ VIVA
Alex Hamstra
Alex Hamstra
E se existissem bactérias capazes de purificar água e, ao
mesmo tempo, gerar eletricidade? Parece ficção científica,
mas elas existem e são o objeto de estudo da designer
holandesa Teresa van Dongen desde 2016. Formada em
Biologia antes de se dedicar ao design, a artista investiga essa
característica única das bactérias do gênero Geobacter – que
excretam elétrons durante o processo de purificação da água
– com o objetivo de transformá-las, um dia, em geradoras de
eletricidade para uso do ser humano.
A designer apresentou recentemente Mud Well, uma
instalação de luz desenvolvida para o festival de artes
Oerol, realizado anualmente na ilha de Terschelling, que
faz parte da província neerlandesa da Frísia. Para fazer sua
instalação, Van Dongen percorreu a ilha, buscando encontrar
ecossistemas naturais dessas bactérias, e deparou com o
maior e mais forte que já encontrou, desenvolvido em uma
cratera aberta por uma bomba durante a Segunda Guerra
Mundial. Cheio de água e de material orgânico e isolado
de influências externas como o mar ou os rios, o fosso
pantanoso tornou-se o ambiente ideal para a proliferação
dos microrganismos. Ali, a artista construiu um objeto
similar a um telescópio, de seção pentagonal. Imersa no lodo
onde vivem as bactérias, a estrutura permite visualizar a luz
emitida por elas, de maneira caleidoscópica, em decorrência
das reflexões em seu interior.
Também criadora da luminária Spark of Light e da instalação
Electric Life, ambas alimentadas por tais bactérias, a
designer atualmente investiga a possibilidade de desenvolver
um produto comercializável que utilize esses microrganismos
para gerar luz. Van Dongen acredita que essa invenção poderia
estreitar a relação entre o objeto – vivo – e seu dono, uma vez
que seria necessário alimentar as bactérias semanalmente,
com água acrescida de vinagre. (D.T.)
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