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Imagens: MONA/Jesse Hunniford<br />
¿QUÉ PASA?<br />
PESO DA ESCURIDÃO<br />
Antes de começar a escrever este texto, perguntei à<br />
minha irmã como ela via a diferença entre estar de olhos<br />
fechados ou de olhos abertos em plena escuridão. Ela me<br />
respondeu: “Acho que, quando estamos de olhos abertos<br />
em um escuro profundo, nossos olhos ficam em um estado<br />
de busca constante pela luz”. Acho que era exatamente<br />
isso que James Turrell estava pensando quando desenhou<br />
a sua obra Weight of Darkness, que está no Museum of Old<br />
and New Art, Mona, na Tasmânia, Austrália.<br />
Quando visitei o museu tive a escolha de fazer uma<br />
dobradinha de duas obras do artista. É assim que Turrell<br />
sugere a experiência Unseen Seen (“Não visto visto”) e<br />
Weight of Darkness (“Peso da escuridão”). Primeiro, você<br />
entra sozinho em uma cápsula circular, desenhada pelo<br />
artista, na qual é submetido a um show de luzes; todas<br />
as cores, formas e ritmos formam uma intensa experiência<br />
que dura em torno de 15 minutos. Quando o show acaba,<br />
você é cuidadosamente conduzido à segunda obra, em<br />
que, mais uma vez sozinho, caminha por um corredor<br />
estreito que o leva até uma sala completamente escura.<br />
Então, tem de usar o tato e deslizar as mãos pelas paredes<br />
para chegar até lá e finalmente encontrar uma poltrona em<br />
que se senta e não faz mais nada além de ficar no escuro.<br />
Acho que eu nunca tinha experienciado tal escuridão.<br />
Primeiro, veio uma sensação quase claustrofóbica, como<br />
se existisse uma barreira negra em volta do meu corpo que<br />
aos poucos poderia tirar todo o meu ar. Em um segundo<br />
momento, essa barreira se dissolveu, e sim, a busca pela<br />
luz acontece, e dentro dessa infinita escuridão surge uma<br />
sensação de liberdade. A obra sugere a busca por sua “luz<br />
interior”, na qual, no peso da escuridão, somos capazes<br />
de encontrar a mais pura liberdade.<br />
Não sei se foi exatamente essa a reflexão que James<br />
Turrell quis provocar ao desenhar essa obra, mas, para<br />
uma designer de iluminação como eu, que sempre<br />
acreditou que não desenhamos com luz, mas sim com<br />
as sombras, foi inevitável ter me impactado mais pela<br />
segunda parte da experiência. A luz sugere constante<br />
movimento, marcando a duração dos dias, dos anos e<br />
do nosso tempo interno. Assim, devemos esperar que a<br />
manipulação da luz artificial faça o mesmo por nós. (por<br />
Auma Estúdio)<br />
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