Revista SECOVIRIO 118

ENTREVISTA • RICARDO MAJELA
Algo muito comum que acontece com muitos empreendedores é a centralização das
atividades, promovida por uma vontade de querer cuidar de tudo. Quais são os perigos disso
para a empresa, para o empresário e para o negócio em si? E como agir diferente para evitar ser
um escravo do próprio negócio?
Jacob Lund / stock.adobe.com
Quanto mais você centraliza o trabalho, com menos tempo você fica para as outras áreas da vida
que não são “o negócio”, ou seja, família, amigos, entretenimento, diversão. Até que você percebe
que todo o seu tempo está tomado pelo trabalho. Aí é quando viramos escravos do negócio. O
curioso é que uma das principais motivações para se começar a empreender é justamente a
liberdade de tempo e financeira. Conheço muitos empresários que conseguiram a liberdade
financeira, mas não conseguiram a liberdade de tempo. No entanto, lá no início, esse era um dos
principais objetivos, e o que o impediu foi justamente esse efeito da centralização.
É praticamente impossível evitar a centralização no início de negócios com poucos recursos. Ele
precisa, de alguma maneira, construir sua própria renda e muitas vezes nem percebe que está
centralizando tudo em si. É importante ter consciência de que em algum momento a gente vai
precisar virar esse jogo, e eu falo isso com certa tranquilidade, porque isso aconteceu comigo.
Houve um tempo em que eu não tinha mais amigos, só via meu filho dormindo, ia trabalhar antes
de ele acordar e voltava para casa com ele já dormindo. Naturalmente isso gerou problemas
familiares e uma série de transtornos.
Quanto ao negócio, é muito simples. A sua empresa começa a se desenvolver e você começa a
dedicar mais horas a ela. Cria-se então uma relação direta do crescimento do seu negócio ao seu
tempo de dedicação a ele, limitando a evolução do seu negócio. Se todos nós temos apenas 24
horas, mesmo se você ficar sem dormir, a sua empresa vai crescer ao limite das 24 horas que você
tem no seu dia. É importante desvincular para que a empresa possa se desenvolver além desse
limite.
MAJELA
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SECOVI RIO / 2020 / nº 118 / 13