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eportagem<br />
Mota Amaral começou por<br />
enquadrar o conflito na<br />
História, afirmando que a<br />
Guerra do Ultramar “não<br />
aconteceu por acaso, tem os<br />
seus antecedentes”. O antigo<br />
governante dividiu o seu<br />
discurso, abordando primeiro<br />
as campanhas de pacificação, e<br />
depois, a Guerra Colonial.<br />
Situando-se no século XIX,<br />
com a Conferência de Berlim,<br />
Mota Amaral menciona o<br />
arranque do movimento<br />
colonialista e imperialista,<br />
altura em que “os países<br />
europeus queriam partilhar<br />
a África, como se África<br />
não tivesse dono”. O orador<br />
afirmou que “isto, obviamente,<br />
foi bem acolhido por alguns<br />
e mal acolhido por outros.<br />
Houve momentos de diálogos<br />
positivos, mas também vários<br />
momentos de confrontos, daí as<br />
campanhas de pacificação”, que<br />
na sua opinião, “passava-se no<br />
meio de grandes excessos”<br />
Com o “rebentar” da Guerra,<br />
em 1961, Mota Amaral<br />
confessa que ficou com a<br />
impressão de que “alguns<br />
responsáveis portugueses<br />
pensaram que isso era mais uma<br />
campanha de pacificação, sem<br />
se aperceberem que o quadro<br />
político geral tinha mudado”.<br />
O pacto colonial que outrora<br />
consistia na exploração dos<br />
recursos naturais das colónias,<br />
em benefício da metrópole,<br />
passava a ser condenado<br />
pelas Nações Unidas. Aliás,<br />
ainda antes da constituição<br />
das Nações Unidas, na Carta<br />
do Atlântico, assinada por<br />
Roosevelt e Churchill, estava<br />
presente o compromisso de<br />
autorizar a independência<br />
dos povos coloniais, tarefa<br />
vista como fundamental para<br />
a organização das Nações<br />
Unidas.<br />
"<br />
Foi dentro deste quadro que se desenrolou a guerra em Angola,<br />
Moçambique e na Guiné, que era de facto, para as populações<br />
envolvidas nela, uma guerra de libertação. Uma guerra contra o<br />
poder colonial. As nossas forças armadas deram o seu melhor. Sobre<br />
o ponto de vista militar, a situação, supostamente, estava estabilizada<br />
e vencida, mas o problema era um problema político. - Mota Amaral<br />
<strong>NO</strong>JAN20 13