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NO Revista Janeiro 2019

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eportagem<br />

Mota Amaral começou por<br />

enquadrar o conflito na<br />

História, afirmando que a<br />

Guerra do Ultramar “não<br />

aconteceu por acaso, tem os<br />

seus antecedentes”. O antigo<br />

governante dividiu o seu<br />

discurso, abordando primeiro<br />

as campanhas de pacificação, e<br />

depois, a Guerra Colonial.<br />

Situando-se no século XIX,<br />

com a Conferência de Berlim,<br />

Mota Amaral menciona o<br />

arranque do movimento<br />

colonialista e imperialista,<br />

altura em que “os países<br />

europeus queriam partilhar<br />

a África, como se África<br />

não tivesse dono”. O orador<br />

afirmou que “isto, obviamente,<br />

foi bem acolhido por alguns<br />

e mal acolhido por outros.<br />

Houve momentos de diálogos<br />

positivos, mas também vários<br />

momentos de confrontos, daí as<br />

campanhas de pacificação”, que<br />

na sua opinião, “passava-se no<br />

meio de grandes excessos”<br />

Com o “rebentar” da Guerra,<br />

em 1961, Mota Amaral<br />

confessa que ficou com a<br />

impressão de que “alguns<br />

responsáveis portugueses<br />

pensaram que isso era mais uma<br />

campanha de pacificação, sem<br />

se aperceberem que o quadro<br />

político geral tinha mudado”.<br />

O pacto colonial que outrora<br />

consistia na exploração dos<br />

recursos naturais das colónias,<br />

em benefício da metrópole,<br />

passava a ser condenado<br />

pelas Nações Unidas. Aliás,<br />

ainda antes da constituição<br />

das Nações Unidas, na Carta<br />

do Atlântico, assinada por<br />

Roosevelt e Churchill, estava<br />

presente o compromisso de<br />

autorizar a independência<br />

dos povos coloniais, tarefa<br />

vista como fundamental para<br />

a organização das Nações<br />

Unidas.<br />

"<br />

Foi dentro deste quadro que se desenrolou a guerra em Angola,<br />

Moçambique e na Guiné, que era de facto, para as populações<br />

envolvidas nela, uma guerra de libertação. Uma guerra contra o<br />

poder colonial. As nossas forças armadas deram o seu melhor. Sobre<br />

o ponto de vista militar, a situação, supostamente, estava estabilizada<br />

e vencida, mas o problema era um problema político. - Mota Amaral<br />

<strong>NO</strong>JAN20 13

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