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Revista Newslab Ed 158

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Após aguardar os resultados de identificação<br />

do agente etiológico e antibiograma, se<br />

Baseados nos conceitos de Kuhn, podemos<br />

concluir que o modelo terapêutico antibacte-<br />

Em um determinado momento, surge um<br />

“modelo orientador da compreensão”, o cha-<br />

MICROBIOLOGIA CLÍNICA<br />

confere se a droga escolhida, e a terapêutica<br />

riano é um paradigma?<br />

mado “paradigma de campo”, quando ocorre<br />

afim, passa a ser (ou não) alicerçada por re-<br />

Estaria a medicina passando, portanto, por<br />

o avanço para “ciência normal”, período de<br />

sultados laboratoriais, incluído decisões cha-<br />

uma mudança de paradigma?<br />

maior permanência. Neste momento, vem um<br />

madas “descalonamentos”, quando uma droga<br />

afastamento do paradigma e o modelo entra<br />

é substituída por outra, caso não haja necessi-<br />

A ideia passada por Kuhn é representada<br />

em crise, sendo que para os cientistas, não<br />

dade de seu uso, como no caso de uma cepa<br />

por um esquema chamado de “Ciclo de Kuhn”,<br />

serve mais como guia de resolução mesmo<br />

de S. aureus sensível à Oxaxilina em pacientes<br />

que contém as etapas do raciocínio científico<br />

após inúmeras tentativas de correção para que<br />

sob uso de Vancomicina.<br />

necessárias às avaliações de paradigmas, suas<br />

continue servindo.<br />

mudanças e consequências.<br />

É claro que sabemos que, na imensa maioria<br />

O modelo falha e quebra, iniciando o pe-<br />

dos casos, isso não acontece, já que nem sempre<br />

ríodo de revolução do modelo científico, do<br />

o antibiograma é solicitado e realizado, e quan-<br />

paradigma em si. Esta etapa inicia com o<br />

do realizado, é subutilizado, sub-interpretado e,<br />

surgimento de novos candidatos a modelo,<br />

porque não dizer, muitas vezes mal executado.<br />

e são completamente distintos do anterior, e<br />

dentre os muitos candidatos, emerge um novo<br />

Este modelo é o mesmo há cerca de setenta<br />

conceito, um novo modelo a seguir, um novo<br />

anos, lembrando que o antibiograma só surgiria<br />

paradigma. A mudança e o estabelecimento<br />

mais de vinte anos após os primeiros antibióticos.<br />

do novo paradigma como uma nova ciência<br />

Figura 1: Ciclo de Kuhn<br />

fecha o ciclo, e estamos de volta à ciência nor-<br />

No ano de 1962, Thomas Samuel Kuhn, fí-<br />

mal, primeiro passo do ciclo que, futuramente,<br />

sico e filósofo norte-americano, publicou sua<br />

Todos os campos científicos passam pelo<br />

certamente entrará em colapso gerando a ins-<br />

mais importante obra: “Estrutura das Revolu-<br />

mesmo tipo de ciclo, uma espécie de ciclo co-<br />

tabilidade dos modelos e surgimento de novos<br />

ções Científicas”. Nela, Kuhn traz um novo mo-<br />

mum, que começa na Pré-Ciência, momento<br />

paradigmas.<br />

delo científico, que prega que “a produção do<br />

em que há problemas, há interesses, há inte-<br />

conhecimento começa com a observação neu-<br />

ressados, porém não se tem as ferramentas<br />

Um fato a ser considerado é que pesso-<br />

tra, se dá por indução, é cumulativa e linear, e<br />

necessárias à capacitação científica para que<br />

as são resistentes a mudanças, ainda mais<br />

que este conhecimento científico é definitivo”.<br />

se progrida no campo proposto.<br />

quando essa mudança é de um modelo<br />

<strong>Revista</strong> NewsLab | Fev/Mar 2020<br />

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