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Após aguardar os resultados de identificação<br />
do agente etiológico e antibiograma, se<br />
Baseados nos conceitos de Kuhn, podemos<br />
concluir que o modelo terapêutico antibacte-<br />
Em um determinado momento, surge um<br />
“modelo orientador da compreensão”, o cha-<br />
MICROBIOLOGIA CLÍNICA<br />
confere se a droga escolhida, e a terapêutica<br />
riano é um paradigma?<br />
mado “paradigma de campo”, quando ocorre<br />
afim, passa a ser (ou não) alicerçada por re-<br />
Estaria a medicina passando, portanto, por<br />
o avanço para “ciência normal”, período de<br />
sultados laboratoriais, incluído decisões cha-<br />
uma mudança de paradigma?<br />
maior permanência. Neste momento, vem um<br />
madas “descalonamentos”, quando uma droga<br />
afastamento do paradigma e o modelo entra<br />
é substituída por outra, caso não haja necessi-<br />
A ideia passada por Kuhn é representada<br />
em crise, sendo que para os cientistas, não<br />
dade de seu uso, como no caso de uma cepa<br />
por um esquema chamado de “Ciclo de Kuhn”,<br />
serve mais como guia de resolução mesmo<br />
de S. aureus sensível à Oxaxilina em pacientes<br />
que contém as etapas do raciocínio científico<br />
após inúmeras tentativas de correção para que<br />
sob uso de Vancomicina.<br />
necessárias às avaliações de paradigmas, suas<br />
continue servindo.<br />
mudanças e consequências.<br />
É claro que sabemos que, na imensa maioria<br />
O modelo falha e quebra, iniciando o pe-<br />
dos casos, isso não acontece, já que nem sempre<br />
ríodo de revolução do modelo científico, do<br />
o antibiograma é solicitado e realizado, e quan-<br />
paradigma em si. Esta etapa inicia com o<br />
do realizado, é subutilizado, sub-interpretado e,<br />
surgimento de novos candidatos a modelo,<br />
porque não dizer, muitas vezes mal executado.<br />
e são completamente distintos do anterior, e<br />
dentre os muitos candidatos, emerge um novo<br />
Este modelo é o mesmo há cerca de setenta<br />
conceito, um novo modelo a seguir, um novo<br />
anos, lembrando que o antibiograma só surgiria<br />
paradigma. A mudança e o estabelecimento<br />
mais de vinte anos após os primeiros antibióticos.<br />
do novo paradigma como uma nova ciência<br />
Figura 1: Ciclo de Kuhn<br />
fecha o ciclo, e estamos de volta à ciência nor-<br />
No ano de 1962, Thomas Samuel Kuhn, fí-<br />
mal, primeiro passo do ciclo que, futuramente,<br />
sico e filósofo norte-americano, publicou sua<br />
Todos os campos científicos passam pelo<br />
certamente entrará em colapso gerando a ins-<br />
mais importante obra: “Estrutura das Revolu-<br />
mesmo tipo de ciclo, uma espécie de ciclo co-<br />
tabilidade dos modelos e surgimento de novos<br />
ções Científicas”. Nela, Kuhn traz um novo mo-<br />
mum, que começa na Pré-Ciência, momento<br />
paradigmas.<br />
delo científico, que prega que “a produção do<br />
em que há problemas, há interesses, há inte-<br />
conhecimento começa com a observação neu-<br />
ressados, porém não se tem as ferramentas<br />
Um fato a ser considerado é que pesso-<br />
tra, se dá por indução, é cumulativa e linear, e<br />
necessárias à capacitação científica para que<br />
as são resistentes a mudanças, ainda mais<br />
que este conhecimento científico é definitivo”.<br />
se progrida no campo proposto.<br />
quando essa mudança é de um modelo<br />
<strong>Revista</strong> NewsLab | Fev/Mar 2020<br />
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