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Os 2500 kms da costa moçambicana são novamente uma via de integração económica. A convergência para um mercado doméstico integrado permitirá uma redução das assimetrias existentes e tornar o país mais eficiente, levando produtos nacionais a mais consumidores nacionais, reduzindo assim a dependência das importações e fomentando a coesão nacional. E poderá, e deverá até, criar novos negócios. Potenciar o desenvolvimento de uma rede de transportes capilar, trará um desenvolvimento mais generalizado e mais inclusivo. E este processo inicia-se com o arranque do projecto de cabotagem. Nesta edição tratamos também, entre outros temas, da inovação em África. A inovação não é mais que a imaginação e a inteligência aplicadas ao serviço do homem. O continente já provou a sua capacidade para inovar de raiz, mas também para criar novas utilizações para as tecnologias já generalizadas, como o telemóvel, com benefícios para a população. Boas leituras e, acima de tudo, saúde

Os 2500 kms da costa moçambicana são novamente uma via de integração económica. A convergência para um mercado doméstico integrado permitirá uma redução das assimetrias existentes e tornar o país mais eficiente, levando produtos nacionais a mais consumidores nacionais, reduzindo assim a dependência das importações e fomentando a coesão nacional. E poderá, e deverá até, criar novos negócios. Potenciar o desenvolvimento de uma rede de transportes capilar, trará um desenvolvimento mais generalizado e mais inclusivo. E este processo inicia-se com o arranque do projecto de cabotagem.
Nesta edição tratamos também, entre outros temas, da inovação em África. A inovação não é mais que a imaginação e a inteligência aplicadas ao serviço do homem. O continente já provou a sua capacidade para inovar de raiz, mas também para criar novas utilizações para as tecnologias já generalizadas, como o telemóvel, com benefícios para a população.
Boas leituras e, acima de tudo, saúde

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EXAME FINAL<br />

MARIAM UMARJI<br />

MANAGING PARTNER DA MB CONSULTING/<br />

ACADEMIA DE GESTÃO & FINANÇAS PÚBLICAS<br />

PRECISAMOS<br />

DE CONTEÚDO LOCAL<br />

O conteúdo local é necessário,<br />

agora mais do que nunca, em todos<br />

os sectores<br />

D.R.<br />

Um estudo feito pela CTA — Confederação das Associações<br />

Económicas de Moçambique estima que, por conta<br />

da COVID-19, o sector empresarial moçambicano poderá<br />

registar perdas entre 234 e 375 milhões de dólares, sendo<br />

que o sector do turismo é o mais afectado, com perdas estimadas<br />

entre 53 e 71 milhões de dólares.<br />

Muito se tem falado sobre o chamado conteúdo local ou nacional<br />

em virtude do gradual estabelecimento e potencial sucesso das<br />

novas indústrias de petróleo e gás em Moçambique. Uma realidade<br />

ainda distante do empresariado nacional nas mais diversas dimensões.<br />

Uma proposta de lei, chamada lei de conteúdo nacional, foi<br />

divulgada e debatida até finais de 2019 e, desde então, aguarda-<br />

-se por uma versão final e consensualizada da legislação. Várias<br />

versões já circularam e não têm merecido consenso entre proponentes<br />

e sector privado. Será que assegurar uma percentagem de<br />

participação das empresas nacionais, independentemente do seu<br />

tamanho, deve circunscrever-se a este sector? Basta definir a participação<br />

apenas como a capacidade de prestar o serviço ou fornecer<br />

ou produzir um bem sob regimes de certificação internacional?<br />

E basta que a empresa se registe em Moçambique para ser local?<br />

Mas será que é só a indústria do petróleo e gás que contrata em<br />

Moçambique? Então e o Estado, as empresas públicas e participadas,<br />

os fundos e institutos autónomos, etc., etc.? E a panóplia<br />

dos chamados parceiros de cooperação bilaterais e multilaterais?<br />

Apesar de termos um Regulamento de Aquisições do Estado<br />

(Decreto 5, de 8 de Março de 2016), onde estão detalhadas as regras<br />

e procedimentos de aquisição de bens e serviços pelo Estado, será<br />

que o mesmo prevê ou privilegia a aquisição através de fornecedores<br />

e prestadores de serviços moçambicanos? A iniciativa “Made<br />

in Mozambique”, a definição de micro, pequena e média empresa<br />

e outros aspectos que poderiam contribuir para o fomento e uso<br />

de conteúdo local e nacional não estão previstos nesta versão do<br />

regulamento, ao contrário de versões anteriores. Não estão enunciados<br />

no decreto nem são, na prática, verificados.<br />

O que é nacional é bom e disponível em muitos casos. Não<br />

é perfeito, pode ser melhorado, pode ser certificado... Pode, mas<br />

é preciso usar (dando acesso e oportunidade) e é preciso construtivamente<br />

melhorar (dando feedback construtivo). Se outras geografias<br />

fazem isto de forma propositada e intencional, o que nos<br />

impede, a nós, de tomarmos a mesma atitude? E porque não pode o<br />

Estado tomar o exemplo e dianteira, quando a maior parte da despesa<br />

pública é gasta na aquisição de bens e serviços? E onde ficam<br />

os parceiros de cooperação ou de desenvolvimento e a importante<br />

indústria do desenvolvimento? Muitos ficarão incomodados com<br />

estes questionamentos, mas agora, mais do que nunca, precisamos<br />

de nos confrontar com isto.<br />

Considerando que quer o Estado, quer os seus parceiros de cooperação,<br />

são actores ainda críticos para o desenvolvimento de um<br />

sector privado nacional, não será que a lei que se pretende aprovar<br />

deve ser o mais abrangente possível? E incluir também estes actores?<br />

É uma realidade que com a crise das dívidas ocultas o volume<br />

de recursos externos oriundos destes parceiros reduziu, tendo<br />

ainda, no entanto, uma expressão importante na nossa economia.<br />

Mas qual foi o papel do sector empresarial nacional, sobretudo<br />

as MPME, em despoletar tal crise? Nenhum, a meu ver. Fomos,<br />

contudo, dos primeiros a sofrer na pele as consequências de todas<br />

as decisões e sanções, escritas e não escritas, que esta crise criou.<br />

Pelo mal de uns pagam todos. Proliferam as compras quase em<br />

exclusividade às empresas estrangeiras e a adjudicação de contratos<br />

de prestação de serviços a consultores internacionais que<br />

frequentemente não conhecem o contexto e a realidade do país.<br />

As organizações da sociedade civil hoje concorrem aos recursos<br />

dos parceiros prestando os serviços que antes as MPME nacionais<br />

estavam a prestar. Um outro exemplo da problemática em mãos.<br />

O recurso a estes fundos tem de ser mais justo e equitativo<br />

para com as empresas nacionais. Se somos suficientemente bons<br />

para sermos subcontratados, porque não podemos ser apoiados<br />

para sermos suficientemente bons para sermos contratados? b<br />

82 | Exame Moçambique

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