You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Autores: Geraldo Picheth1; Mauren Isfer Anghebem1,2; Guilherme Fadel Picheth3; Fabiane Gomes de Moraes Rego1<br />
ARTIGO 01<br />
Nas medições da atividade enzimática,<br />
controlar fatores outros diferentes da concentração<br />
de enzima, que alteram a velocidade<br />
de reação, é mandatório. A forma<br />
de controlar estas variáveis é padronizar no<br />
ensaio estas fontes de variação, a chamada<br />
“condições de ensaio” ou de forma popular o<br />
“protocolo” do ensaio (5). O quadro 1, apresenta<br />
os principais fatores a serem padronizados<br />
para a medição enzimática.<br />
Quadro 1: Padronização dos fatores que afetam a<br />
velocidade de reação<br />
Obs. Características específicas das enzimas e do sistema reacional<br />
condicionam como estes fatores são padronizados. A relevância<br />
dos elementos apresentados está amplamente discutida<br />
em texto de Bioquímica, Físico-Química e de Química Clínica (ou<br />
Bioquímica Clínica).<br />
Em termos práticos, a padronização da química<br />
das condições de ensaio, é o que nos<br />
oferece um reagente comercial (kit) para<br />
determinação de uma enzima. Nos produtos<br />
comerciais, o tampão, pH, concentração de<br />
substrato e ativadores, em soluções estabilizadas,<br />
caracterizam as condições adequadas<br />
para que a velocidade de reação seja atribuída<br />
somente a concentração de enzima na<br />
amostra biológica. Reiterando que a temperatura<br />
de reação deve ser definida e estável<br />
durante toda a medição. Nas condições padronizadas<br />
descritas, a velocidade de reação<br />
tem relação direta com a quantidade de enzima,<br />
portanto reflete a sua concentração na<br />
amostra (5, 7).<br />
A medida da velocidade de reação<br />
Com as condições de ensaio e temperatura<br />
padronizadas, a velocidade da reação (ou<br />
cinética da reação) catalisada por enzima<br />
pode ser representada didaticamente com os<br />
elementos da figura 4 (7).<br />
Figura 4: Principais etapas de uma reação enzimática com condições<br />
de ensaio padronizadas.<br />
Velocidade de reação (absorbância do indicador x tempo) de uma<br />
reação teórica, catalisada por enzima, identificando na curva as principais<br />
etapas da reação:<br />
1-Lag fase (0-45 s): sem linearidade, baixa velocidade, equilíbrio<br />
térmico e outros eventos.<br />
2-Período linear (1-4 minutos): velocidade de reação proporcional à<br />
concentração de enzima<br />
3-Perda da linearidade (>4 minutos): exaustão do substrato e outros<br />
eventos.<br />
A primeira fase de uma reação enzimática é a<br />
“lag fase” ou período de indução, definida como<br />
tempo requerido para que a reação atinja uma<br />
velocidade estável e linear. Na lag fase, ocorrem<br />
a estabilização da temperatura de reação,<br />
o tempo para a interação da Enzima-Substrato<br />
(com cofatores e ativadores) e o equilíbrio das<br />
reações auxiliares e indicadora. O tempo de<br />
lag fase, depende do sistema reacional, e, é<br />
muito variável para as enzimas clínicas, sendo<br />
para algumas quase inexistente para outras se<br />
prolonga em vários minutos. A atividade enzimática<br />
deve ser realizada após a lag fase estar<br />
completa (7, 8).<br />
O “período linear”, corresponde a velocidade<br />
de reação (consumo de substrato X tempo)<br />
associado à quantidade de enzima, onde todos<br />
os demais fatores que afetam a velocidade de<br />
reação estão controlados. Por exemplo, o substrato<br />
em excesso garante que a reação não seja<br />
limitada por este fator. A atividade enzimática<br />
deve ser medida no período linear, onde a velocidade<br />
de reação depende da quantidade de<br />
enzima presente na amostra (7).<br />
O período perda da linearidade, tem na<br />
“exaustão do substrato” a causa primordial,<br />
onde a cinética de ordem zero (excesso de substrato)<br />
deixa de ocorrer. Esta parte curva da cinética<br />
enzimática, também pode ser decorrente<br />
da inibição da reação pelo acúmulo do produto<br />
(inibição por feedback negativo), a reação reversa<br />
(as enzimas catalisam a reação em ambos<br />
os sentidos) pode atingir uma taxa significativa<br />
com o aumento do produto da reação, proporcionando<br />
a perda de linearidade. Em algumas<br />
reações enzimáticas, a limitação do espectrofotômetro<br />
na leitura de concentrações muito elevadas<br />
do indicador da reação, também é fator<br />
limitante e propicia a perda da linearidade (8).<br />
Importante: amostras com quantidade muito<br />
elevada de enzima (amostras“hiperativas”) irão<br />
depletar o substrato rapidamente, e a perda de<br />
cinética de ordem zero poderá ocorrer antes do<br />
fim do período de medida proposto na metodologia<br />
ou mesmo, em alguns casos, a perda<br />
da linearidade pode ocorrer na lag fase (8, 9).<br />
Estas amostras, obrigatoriamente, necessitam<br />
ser diluídas em solução salina (NaCl 0,9% ou<br />
154 mmol/L. A amostra diluída deve apresentar<br />
a fase linear, caso contrário diluições superiores<br />
devem ser realizadas. A diluição 1:10 (0,1 mL de<br />
soro + 0,9 mL salina) é usual. O resultado final<br />
da atividade deve ser multiplicado pela diluição<br />
realizada.<br />
0 20<br />
<strong>Revista</strong> NewsLab | Jun/Jul 2020