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FEVEREIRO_2021

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OPINIÃO

As presidenciais, as

comunidades e o ruído

É abusivo dizer

que houve desconsideração

pelos

residentes no estrangeiro

e muito

menos discriminação.

Bem pelo

contrário.

PAULO PISCO

Há demasiado ruído, desinformação

e desvio de

atenções no que respeita à

realização das eleições para

a Presidência da República

para os portugueses residentes

no estrangeiro, pelo

que seria um grande serviço

prestado às nossas comunidades

se candidatos presidenciais,

conselheiros das

comunidades e outros fazedores

de opinião se centrassem

naquilo que é essencial:

apelar ao voto e à participação

de todos, precisamente

porque o momento é difícil

e o medo que a pandemia

causa é compreensível.

Tem havido nas últimas

semanas algumas vozes a

pedir à pressa algo que não

pode ser consagrado, que é

uma alteração à lei eleitoral

que permita outras modalidades

de voto para haver

maior participação. Ora, tal

como decorre da lei, o voto,

tanto no estrangeiro como

em território nacional, é

exercido de forma presencial,

e qualquer alteração

exigiria uma maioria reforçada

que dificilmente se

obteria no Parlamento em

tão pouco tempo, o que inviabiliza

a adoção de outras

formas de votação, particularmente

o voto por correio

ou o voto eletrónico.

Estas eleições vão realizar-

-se em condições muito

adversas tanto no território

nacional como nas comunidades

e alguns estão

mesmo a tentar aproveitar o

momento para alterar definitivamente

a forma de votar

para o Presidente da República.

Tal intuito merece

muita ponderação, porque

basta lembrar, por exemplo,

que nas eleições legislativas

de 2016, em que a votação

foi por correio, o partido

Nos! Cidadãos conseguiu a

proeza de ficar a 400 votos

de eleger um deputado pelo

círculo de Fora da Europa,

porque só em Macau/China

obteve 2532 votos, enquanto

nos restantes países teve

apenas … 99 votos. Como

não podia deixar de ser, a

situação deu muito nas vistas

e constitui um poderoso

alerta para a vulnerabilidade

do voto por correspondência.

Por outro lado, é

impossível pretender que a

dois meses (se calhar nem

em dois anos) se monte um

sistema de voto eletrónico

online, sem sequer ter sido

previamente testado.

O problema é que estas críticas

e exigências infundadas

são desmobilizadoras e

confundem os eleitores, já

de si receosos de exercerem

o seu direito de voto por

causa da pandemia e desanimados

por, em muitos

casos, terem de percorrer

grandes distâncias. É abusivo,

porém, dizer que houve

desconsideração pelos

residentes no estrangeiro e

muito menos discriminação.

Bem pelo contrário.

Tanto o Governo como os

deputados do PS têm feito

tudo para que fosse garantida

a segurança sanitária

nos locais de voto e houvesse

um aumento do número

de mesas e novos locais de

voto, que efetivamente passaram

de 112 em 2016 para

148 nestas eleições.

“Ninguém pode obrigar

os cidadãos no estrangeiro

a fazerem parte das mesas

de voto, o que desta vez

tem sido difícil, por razões

que até se compreendem.

Tal como as candidaturas

presidenciais não se podem

pôr de fora deste esforço de

designarem delegados seus

para fiscalizar as mesas de

voto nas comunidades “

Além disso, as eleições realizam-se

em dois dias, em

23 e 24 de janeiro, houve

três dias para o voto antecipado,

que foi alargado a

todos os residentes no estrangeiro

com Cartão do

Cidadão com endereço em

Portugal, houve uma campanha

de informação nos

órgãos de comunicação

social das comunidades, o

que é uma novidade, e ainda,

pela primeira vez, foi

feita a desmaterialização de

todos os cadernos eleitorais.

E para que não houvesse

entraves à mobilidade, o

Governo pediu aos países

que permitissem aos eleitores

circular livremente para

poderem votar nos postos

consulares.

Ninguém pode é obrigar

os cidadãos no estrangeiro

a fazerem parte das mesas

de voto, o que desta vez

tem sido difícil, por razões

que até se compreendem.

Tal como as candidaturas

presidenciais não se podem

pôr de fora deste esforço de

designarem delegados seus

para fiscalizar as mesas de

voto nas comunidades, mas

essa é uma responsabilidade

que apenas a elas cabe.

Neste contexto, nunca será

demais recordar aquela que

é uma das medidas mais

emblemáticas para potenciar

a participação dos

portugueses residentes no

estrangeiro e dar-lhes voz e

influência, que foi a implementação

do recenseamento

automático pelo anterior

Governo do PS, que trouxe

mais cerca de um milhão de

novos eleitores para as comunidades.

Foi assim que

se inverteu uma tendência

preocupante de progressiva

diminuição do número

de votantes de eleição para

eleição.

Mas se esta verdadeira revolução

merece ser sempre

recordada, agora o que

importa mesmo é que cada

um contribua de forma

construtiva para que nas

comunidades portuguesas

haja uma votação tão expressiva

quanto possível nas

próximas eleições presidenciais.

O autor escreve segundo o

novo acordo ortográfico

Lusitano de Zurique - Janeiro 2021 | www.cldz.eu

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