FEVEREIRO_2021
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OPINIÃO
1/02
Continuamos em guerra
ANTÓNIO MANUEL RIBEIRO (*)
É a minha primeira reflexão
sobre este novo
(segundo) confinamento,
por isso o texto surge
com a numeração 1/02.
Vou dizer-vos por breves palavras o
que nenhum político vos dirá. O linguarejar
politiquês tem esse défice.
Se no primeiro confinamento nos
portámos bem, foi o medo e não a
responsabilidade que nos controlou
– ficámos em casa. Para este segundo
confinamento, estamos a usar
todo o lastro da parvoíce nacional,
a esperteza que prolifera nos cafés e
na gargalhada idiota dos que acham
que escapam. E talvez escapem. Mas
há muitos portugueses a sofrer, dentro
de ambulâncias em fila de espera,
que podem sucumbir. Nas próximas
horas poderão vir a ser eles, esses heróis
das ‘excepções’ (não confundir
com heróis excepcionais), ou alguém
próximo a ser colocado de lado porque
não há meios, espaço, camas,
maquinaria, enfermeiros, médicos.
Lembrem-se da selecção (triagem?)
que era feita nos hospitais italianos e
espanhóis em Março e Abril do ano
passado. Morria-se à espera, sem direito
a entrar.
Como vos disse ontem no MMC,
o diabo só existe nos pormenores e
estes fazem a diferença entre a estupidez
e a responsabilidade.
O que se tem visto desde sexta-feira,
quando Lisboa e Porto (liguei para o
norte para avaliar), no primeiro dia
do confinamento, trouxeram para a
rua magotes de pessoas, é a prova de
que a estupidez vem de braço dado
com as estirpes à solta do vírus Covid-19.
Pior é impossível.
O nosso SNS, repito-o pela enésima
vez, não aguenta a corrida de todos
para as urgências, nem o nosso nem
nenhum outro. Por isso, critiquei
que as escolas a partir do secundário
não tenham sido fechadas. Na sopejagem
dos danos o que é que impera?
A perda de uns meses de estudo
ou a perda de vidas?
Desde esta casa vos digo, cuidem-se
cuidando dos outros. Um vírus, este
ou outro, não é um ‘bicho’, nem tem
patinhas para se mover, mas voa, é
verdade.
Um vírus é uma excrescência que
uma célula expulsa e vai por aí à espera
de uma via de acesso, a auto-
-estrada que as nossas mucosas fornecem.Mais
recentemente, vimos,
com espanto e desespero (espero),
muitos americanos sem vida a serem
arrumados em camiões frigoríficos
à espera de serem incinerados ou
descidos à terra. No Brasil, vimos (e
vemos) valas-comuns como fim de
uma vida porque não há outra solução
dentro dos parâmetros sanitários.
Por cá, já temos problemas com o
crescendo de óbitos, as funerárias e
os cemitérios estão a ficar saturados.
Ignorar é continuar o festim da estupidez.
Estamos no topo da cadeia de transmissão
na Europa, não é no futebol
que nos calha o pódio, é à beira do
colapso e da cova aberta.
Continuamos em guerra e a estupidez
(não sou político) impera.
Sejam responsáveis.
(*) Fundador e vocalista do grupo UHF
Lusitano de Zurique - Janeiro 2021 | www.cldz.eu
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