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Chicos 67 20.01.2022

Chicos é uma publicação literária que circula apenas pelos meios digitais. Envie-nos seu e-mail e teremos prazer de te enviar gratuitamente nossas edições. A linha editorial é fundamentalmente voltada para a literatura dos cataguasenses, mas aberta ao seu entorno e ao mundo. Procura manter, em cada um dos seus números, uma diversidade temática.

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Chicos

À direita do palco, um senhor pardo com uma peruca branca de lorde inglês na mão e

chapéu de abas largas e penacho vermelho, estilo nobreza francesa, na cabeça, narra sua procura

de escravizados para trabalhar em seus novos empreendimentos. Senhor de muitas posses,

funcionário da coroa portuguesa, precisa de mão de obra para sua fábrica de farinha de

mandioca.

Do lado esquerdo do palco, Vodum procura terminar a história com um final épico e glorioso.

No centro, Exu, Iemanjá, Oyá, Xangô e Oxum traçam planos, enquanto à direita o senhor

pardo vestido como nobre português segue à procura de escravos para seus empreendimentos.

VODUM (solene) diz:

Em mim Exu se instala,

fala de caminhos que não trilhei.

Em mim Exu se assenta.

EXU resmunga ─ Nem pensar. Não baixo em qualquer um, nem de qualquer jeito.

VODUM continua:

Riso e choro, amor e ódio,

festa e funeral, paz e guerra,

em mim se instalam

riso e choro,

gemido e palavra,

em mim fala Exu.

EXU retruca ─ Falo nada. Ninguém fala por mim. Que tenho minha palavra e dela não me

afasto.

VODUM provoca:

Nã Agotimé escrava chegou ao porto,

no pescoço apertava corda de escravizada

e colar de contas de rainha brilhava,

os coaris brancos de reserva para gastos.

EXU, zombando ─ Isso, depois de padecer no aperto do navio tumbeiro dos traficantes de escravos?

E ainda sobrou coaris como dinheiro?

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