Chicos 67 20.01.2022
Chicos é uma publicação literária que circula apenas pelos meios digitais. Envie-nos seu e-mail e teremos prazer de te enviar gratuitamente nossas edições. A linha editorial é fundamentalmente voltada para a literatura dos cataguasenses, mas aberta ao seu entorno e ao mundo. Procura manter, em cada um dos seus números, uma diversidade temática.
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Poeta da primeira página: Aquiles Branco
Chicos
“As pessoas normais não têm o menor interesse.”
Aquiles Branco
Poucas horas antes, conversamos e rimos,
como sempre fazíamos, até porque Cataguases
tem muita gente ridícula, daí, a imagem
dele que guardei é a da alegria. Preocupava-me
ultimamente o seu andar muito lento, talvez por
conta do diabetes e da coluna. Matou-o o fuzil
limpo do ataque cardíaco, como escreveu João
Cabral sobre W. D. Auden, mesma arma que
assassinou pai, mãe e o primeiro irmão, lá em
casa. Quisera ter sorte igual, no devido tempo,
bem entendido, pois, como já escrevi por aí, citando
Woody Allen, “Eu não tenho medo de
morte, eu apenas não quero estar lá quando
acontecer”. Aquiles aprovaria.
Antonio Jaime Soares
Aquiles Branco Ribeiro nasceu no dia 13 de
agosto em Cataguases, filho de Joaquim Branco
Ribeiro e Ruymar Branco Ribeiro. Teve 2 irmãos:
Pedro e Joaquim. Uma avó abnegada
(Mariquinhas) e uma tia tanto quanto (Namur).
Estudou como os irmãos no Grupo Escolar Cel.
Vieira e depois no Colégio Cataguases, onde
lecionou Francês e Inglês, e formou-se também
em Contabilidade e Administração de Empresas.
Nos anos 60 foi professor no Colégio Carmo e
na Escola de Enfermagem onde fez grande sucesso
com os alunos, dando aulas de Francês,
Inglês e Português.
Por meio de concurso, foi admitido no BNH
(Banco Nacional de Habitação). Ali trabalhou
muitos anos no Rio de Janeiro, e depois se aposentou
na Caixa Econômica quando esta incorporou
o BNH.
Na volta para Cataguases, fundou um grupo de
Artesanato e criou muitas peças de barro que
eram dadas e vendidas a grande público, até no
exterior.
Criou a Associação dos Diabéticos de Cataguases
em funcionamento até hoje com grandes serviços
prestados à comunidade.
Trabalhou também como marchand de quadros
mantendo contato com artistas proeminentes do
país.
Exerceu o cargo de Vereador na Câmara Municipal
de Cataguases por uma legislatura.
Na literatura, marcou presença com o Grupo Totem
nos anos de 1960 e 70, na criação de bons
poemas especialmente os gráficos. Deixou um
livro de poemas de ótima qualidade: “Voo das
Cinco” e organizou o livro de sua mãe:
“Histórias da rua do Pomba” e “O admirável
mundo de Manuel das Neves”, grande cronista
da cidade.
Ficou muito conhecido na cidade pelo temperamento
extrovertido e às vezes irreverente, mas
também pelo seu caráter humanitário de ajuda
às pessoas que o procuravam.
Morreu no dia 24 de novembro de 2021 em sua
casa na av. Astolfo Dutra provavelmente de um
infarto fulminante.
Para mim, foi uma perda irreparável, pois nós
três éramos inseparáveis, mais do que amigos
mesmo. No geral, uma lástima sua morte neste
país tão carente de valores autênticos e mergulhado
em trevas tenebrosas de egoísmo, negacionismo
e desonestidade.
Joaquim Branco
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