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Chicos 67 20.01.2022

Chicos é uma publicação literária que circula apenas pelos meios digitais. Envie-nos seu e-mail e teremos prazer de te enviar gratuitamente nossas edições. A linha editorial é fundamentalmente voltada para a literatura dos cataguasenses, mas aberta ao seu entorno e ao mundo. Procura manter, em cada um dos seus números, uma diversidade temática.

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Chicos

O objetivo da ABL é o cultivo da língua

portuguesa e da literatura nacional. A língua,

pelo jeito, está mal cultivada, com esse acordo

ortográfico que só o Brasil adotou. Sobre literatura,

ela edita “obras de grande valor histórico e

literário, e atribui diversos prêmios”. Aí, depende

do gosto de quem edita e um dos trabalhos

publicados há algum tempo se chama O estudo

da fraseologia na obra de João Ribeiro. Não deve

ser do interesse de muita gente, para dizer o

mínimo. A língua e a literatura têm dinâmica

própria e atrás dessa vitalidade só não vai quem

já morreu. Ou ficou perdido nos salões “século

XVIII” da Academia. Não digo que essa dinâmica

dê a quem escreve o direito de desrespeitar

as normas gramaticais e dessas pode se encarregar

o Ministério da Educação.

Quanto aos prêmios, acho que ninguém

reclamou. Seja como for, a imagem que se tem

da ABL é de uma instituição descartável. E como

eles ficam feios, encadernados pelo fardão.

Já foi pior, quando usavam chapéu de plumas e

espada, aqueles mosqueteiros desajeitados, como

num baile de carnaval no Quitandinha. A

propósito, um acadêmico, o cientista Silva Melo

que, entre outros méritos, gozava da amizade de

Albert Einstein, foi agredido dentro de casa por

seu mordomo. Com a espada da Academia, que,

enfim, teve alguma utilidade.

Da Wikipédia, com retoques:

No geral, os críticos da Academia consideram

que ela virou um "agrupamento de escritores

conformistas e políticos poderosos e vaidosos".

Foi criticada, inclusive, por nunca ter se

aberto para aclamados escritores, tais como Lima

Barreto, Monteiro Lobato, Carlos Drummond

de Andrade, Gilberto Freyre, Sérgio Buarque

de Holanda, Caio Prado Júnior, Graciliano

Ramos, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Vinicius

de Moraes, Erico Verissimo, Mário Quintana

e Paulo Leminski, bem como por ter tornado

"imortais" políticos como Lauro Müller, Getúlio

Vargas, Aurélio de Lira Tavares, José Sarney,

Fernando Henrique Cardoso, Marco Maciel. E

nomes discutíveis, no contexto, como Ivo Pitanguy,

Assis Chateaubriand, Roberto Marinho,

Merval Pereira e Paulo Coelho.

Também ausentes os escritores Jorge de

Lima e Gerardo Melo Mourão, indicados ao Prêmio

Nobel de Literatura. Antonio Candido, Autran

Dourado, Rubem Fonseca, Dalton Trevisan

e Raduan Nassar, vencedores do Prêmio Camões,

são outros nomes importantes que não

figuram entre seus membros. No total, uns, por

vontade própria, outros, por má vontade do pessoal

da casa.

Criticada ainda por acolher pessoas que,

muitas vezes, escreviam apenas para concorrer

ao fardão, nunca mais voltando àquela atividade.

E o processo eleitoral nem sempre leva em

conta os méritos literários dos candidatos. E

mais: a Academia não empreende projetos em

favor da cultura da língua portuguesa, apesar de

dispor de capital para, por exemplo, relançar

edições esgotadas e promover campanhas de

alfabetização e incentivo à leitura. Além disso,

permaneceu calada diante das pesadas censuras

do governo Vargas e do regime militar.

* Antônio Jaime Soares

Nasceu em Cataguases MG, lá na Chave. Participou de um dos movimentos culturais

mais ativos dos anos 60 em Cataguases, o CAC. Depois de morar um

longo tempo no Rio de Janeiro, onde entre outras foi redator de publicidade.

Retornou a Cataguases direto para a Vila. Poeta e cronista publicou Pedra que

não quebra (2011)

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