27.01.2023 Views

Jornal das Oficinas 205

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

INFLAÇÃO<br />

NO AFTERMARKET<br />

O CUSTO MÉDIO DAS PEÇAS IRÁ CONTINUAR A auMENTAR MUITO POR CULPA<br />

DA INCERTEZA COM A SITUAÇÃO QUE SE VIVE NA UCRÂNIA, MAS TAMBÉM<br />

À RESPOSTA DO BANCO CENTRAL EUROPEU À CRESCENTE INFLAÇÃO<br />

e conturbados, até porque havia muitos<br />

«players» no mercado que nem<br />

sempre alteravam o preço ao mesmo<br />

tempo, o que causava algum ruído no<br />

setor, porque não era claro a que preço<br />

estávamos a fornecer a mesma peça”.<br />

No entanto, não havia outra solução,<br />

entende, pois “como para todos os<br />

negócios, as peças aumentam devido<br />

ao custo da energia, dos salários, <strong>das</strong><br />

matérias primas, dos juros e isto terá<br />

um impacto na rentabilidade do setor<br />

uma vez que estes aumentos têm que<br />

ser passados aos clientes”.<br />

Também Manuel Félix, diretor geral<br />

da Euromais, nota que a maior parte<br />

dos distribuidores não está a refletir<br />

a 100% os aumentos de preços que<br />

foram transmitidos na cadeia, dado<br />

que “se alguém tem uma determinada<br />

peça em stock, que entrou a<br />

10 euros, não há uma repercussão<br />

imediata desse aumento de preço<br />

nos clientes. O que está a ser feito é<br />

absorver uma parte do aumento da<br />

inflação na margem”, explica, alertando<br />

que “há limites e não podemos<br />

abdicar da nossa margem, porque no<br />

final do mês é preciso pagar os salários,<br />

a água, a luz e as despesas e gerar<br />

algum retorno ao nosso acionista!”.<br />

Ainda assim, considera que atualmente<br />

o setor se ressente, sobretudo,<br />

“da perda do poder de compra que as<br />

pessoas estão a ter pelo aumento dos<br />

custos em to<strong>das</strong> as áreas”.<br />

Pouco a fazer<br />

Partilhada por todos é a opinião de<br />

Manuel Pena, o responsável da rede<br />

de oficinas CGA, que diz que “não há<br />

grande coisa que os fabricantes possam<br />

fazer”, perante este cenário, “porque<br />

estão reféns do próprio aumento<br />

de custos <strong>das</strong> matérias primas”. Nuno<br />

Reis, administrador da Redeinnov,<br />

diz mesmo que “somos mais espetadores<br />

atentos do que atores, neste<br />

contexto. São muitos os fatores que<br />

influenciam a inflação, sobre os quais<br />

não temos nenhum controlo, portanto,<br />

aquilo que poderemos fazer é<br />

adaptarmo-nos a este contexto, que é<br />

altamente exigente e muito dinâmico.<br />

Temos de procurar a máxima eficiência<br />

nas nossas empresas, de maneira<br />

a corresponder da melhor forma aos<br />

desafios que o mercado nos apresenta”,<br />

defende. Em termos de estratégia,<br />

comenta, esta “não se altera com estas<br />

questões mais conjunturais. A política<br />

comercial tem-se mantido estável,<br />

bastante bem definida e consolidada<br />

ao longo dos anos e aquilo que temos<br />

vindo a alterar é uma questão mais<br />

operacional no dia a dia. Temos tido<br />

um foco muito grande não em mais<br />

stock, mas em melhor stock. Diria<br />

que, em tempos mais exigentes, o<br />

principal é que as empresas continuem<br />

a olhar para elas e que percebam<br />

o que podem fazer melhor todos<br />

os dias em áreas críticas como a financeira<br />

e a económica, para que possam<br />

ser competitivas comercialmente. A<br />

dica é manter o foco nos fundamentos<br />

do negócio, apesar de to<strong>das</strong> estas distrações<br />

e de todos estes desafios que<br />

vão aparecendo no dia a dia”, remata.<br />

Isabel Basto adverte para a necessidade<br />

de “contenção dos gastos operacionais<br />

e, principalmente, de diminuir<br />

a exposição ao risco <strong>das</strong> taxas de<br />

juro variáveis”. De há alguns anos a<br />

esta parte, o Grupo Nors tem investido<br />

significativamente no negócio<br />

de aftermarket, nomeadamente em<br />

termos tecnológicos e em termos de<br />

processos, o que, para a COO, “hoje<br />

permite-nos conhecer melhor o nosso<br />

cliente, pois estamos melhor preparados<br />

para gerir estes períodos de<br />

inflação, se tivermos os meios para<br />

saber melhor aquilo que o nosso<br />

cliente precisa”, argumenta.<br />

Por seu turno, o diretor-geral da Euromais,<br />

Manuel Félix, afirma que, por<br />

esta altura, “toda a gente deve parar<br />

e analisar muito bem aquilo que está<br />

a fazer e mesmo que não tenham formação,<br />

devem falar com quem de direito,<br />

com contabilistas, fazer cursos<br />

online, formações especificamente<br />

em gestão de oficinas… os proprietários<br />

devem olhar para o seu negócio,<br />

porque é nestes momentos que se<br />

definem as boas e as más empresas!”,<br />

alerta. Com outra perspetiva, Manuel<br />

Pena, da CGA, considera que cada<br />

caso é um caso e declara que “não temos<br />

a veleidade de dar conselhos às<br />

outras empresas, seguimos o nosso<br />

caminho. Estamos a falar de estruturas,<br />

em muitos casos, diferencia<strong>das</strong><br />

da nossa, o que se aplica à nossa realidade<br />

pode não se aplicar à realidade<br />

de outras empresas. O que é bom para<br />

nós não é bom para eles, é complicado<br />

fazer esse tipo de julgamento”, diz ao<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>das</strong> <strong>Oficinas</strong>.<br />

Manuel Pena defende que “nestas fases<br />

de crise, normalmente não há muitas<br />

coisas que se possam alterar radicalmente,<br />

porque normalmente vai<br />

criar nos clientes algumas questões e<br />

desconfianças”. A seu ver, “a gestão tem<br />

que ser feita sempre antecipadamente,<br />

já pensando que os ciclos da economia<br />

10 Fevereiro I 2023 www.jornal<strong>das</strong>oficinas.com

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!