15.01.2024 Views

COMUNICAÇÕES 248 - VIRGÍNIA DIGNUM: IA RESPONSÁVEL PRECISA DE "REGRAS DE TRÂNSITO"

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

em destaque|digital union<br />

28<br />

Sabe-se que há décadas o jornalismo tem vindo a<br />

perder a sua influência, de tal forma que o epíteto<br />

de 4º poder, que ganhou nos seus tempos<br />

áureos, já poucas vezes é invocado com convicção.<br />

Os canais de comunicação alternativos, com<br />

destaque para as redes sociais, estão a desviar as audiências<br />

dos meios de comunicação tradicionais e isso<br />

não só abriu uma crise profunda no setor, com títulos<br />

históricos a desaparecer e muitos outros a definhar,<br />

como deu oportunidade a que entidades, nem sempre<br />

idóneas, emergissem no palco mediático. Mas desde<br />

que o trumpismo validou as fake news como alternativa<br />

aceitável à verdade dos factos, e se soube como estas<br />

têm servido para manipular a opinião pública, influenciando<br />

até o resultado de eleições em países democráticos,<br />

soaram os alarmes.<br />

Para proteger os meios de comunicação social de<br />

referência e o jornalismo de qualidade, cujo papel é reconhecido<br />

como essencial na defesa da democracia, a<br />

Comissão Europeia avançou em setembro de 2022 com<br />

uma proposta de regulamento que está agora em apreciação,<br />

o European Media Freedom Act. Tudo apontando<br />

para que este processo seja fechado em breve,<br />

uma vez que o Parlamento<br />

Europeu e o Conselho<br />

Europeu já aprovaram<br />

uma posição comum relativamente<br />

ao documento,<br />

e sabe-se que quando<br />

for aplicado vai impactar<br />

transversalmente todo o<br />

setor dos media nos Estados-membros,<br />

incluindo<br />

as grandes plataformas<br />

online.<br />

Para analisar esta proposta<br />

de Bruxelas, a APDC, em parceria com a VdA,<br />

organizou a 8ª sessão do Digital Union, um ciclo de<br />

iniciativas sobre os temas europeus ligados às TIC.<br />

Nesta sessão, apresentada por Fernando Resina da Silva<br />

(sócio responsável pela área de PI Transacional e da<br />

área de Comunicações, Proteção de Dados e Tecnologia<br />

da VdA) e Sandra Fazenda Almeida (diretora executiva<br />

da APDC), o jurista Tiago Bessa (sócio responsável pela<br />

área de Informática, Comunicação e Tecnologia e pela<br />

área de PI Transacional da VdA) escalpelizou o diploma<br />

e António José Teixeira (diretor de informação da RTP),<br />

Nuno Santos (diretor da CNN Portugal) juntamente<br />

O tema da produção e<br />

divulgação de notícias<br />

geradas por <strong>IA</strong> deu ao<br />

European Media Freedom<br />

Act um caráter de urgência<br />

com Ricardo Costa (diretor de informação da SIC) participaram<br />

num debate conduzido pelo presidente da<br />

APDC, Rogério Carapuça.<br />

Na sua intervenção, Fernando Resina da Silva deixou<br />

claro o quanto é importante, nos tempos que correm,<br />

que “o 4º poder tenha defesas”. Independência,<br />

qualidade, transparência e liberdade de informar são<br />

as condições que, acredita, o Media European Fredom<br />

Act vem acautelar numa altura em que se junta à discussão<br />

sobre a situação dos media, em geral, e do jornalismo<br />

em particular, o tema da produção e divulgação<br />

de notícias geradas por <strong>IA</strong>.<br />

PROTEGER UM BEM ESSENC<strong>IA</strong>L<br />

Será o novo diploma da Comissão Europeia uma resposta<br />

eficaz para todas as questões que se colocam à<br />

volta da produção, divulgação e consumo de informação<br />

e da forma como o mercado dos media está a evoluir?<br />

Tiago Bessa veio a seguir apresentar uma análise<br />

detalhada da proposta da comissão para tentar responder<br />

a esta questão. Chamou a atenção para o facto<br />

de, sendo um regulamento, a partir do momento<br />

em que seja aprovado o Media European Freedom Act<br />

aplicar-se-á diretamente<br />

nos 27 Estados-membros,<br />

assegurando assim a harmonização<br />

da uniformização<br />

das regras aplicáveis.<br />

Lembrou que as “propostas<br />

legislativas não vêm<br />

do nada”, que têm sempre<br />

“um contexto político e<br />

preocupações subjacentes”<br />

e que quando Ursula<br />

von der Leyen veio a público<br />

dizer que “não podemos<br />

tratar os órgãos de comunicação social como qualquer<br />

tipo de negócio”, foi esclarecedor. Revelou que está<br />

muito presente na Comissão Europeia a consciência<br />

de que “a independência e a liberdade que deles emana<br />

é fundamental para os valores que são defendidos pela<br />

UE”. Prova disso foi a série de iniciativas legislativas<br />

entretanto aprovadas para reforçar o setor dos media.<br />

“Tanto para combater a desinformação, como para reforçar<br />

a segurança física dos jornalistas e o pluralismo<br />

do jornalismo”.<br />

O European Media Freedom Act nasceu a partir deste<br />

contexto e, sublinhou Tiago Bessa, é uma proposta que

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!