COMUNICAÇÕES 248 - VIRGÍNIA DIGNUM: IA RESPONSÁVEL PRECISA DE "REGRAS DE TRÂNSITO"
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cidadania<br />
SAFEFOREST:<br />
robótica na prevenção<br />
de fogos<br />
Seria uma espécie de tropa de choque ao serviço da floresta. Uma<br />
vez no terreno, “soldados”- robots limpariam os terrenos arborizados,<br />
eliminando a vegetação que funciona como combustível, quando<br />
deflagram incêndios. A ideia, por ser boa, está a tornar-se realidade.<br />
TEXTO <strong>DE</strong> TERESA RIBEIRO FOTO CEDIDA<br />
O<br />
Instituto de Sistemas e Robótica, da Universidade<br />
de Coimbra, já andava envolvido num<br />
projeto que recorria à robótica para a prevenção<br />
de fogos, quando decidiu tomar a iniciativa de<br />
criar um consórcio para o desenvolvimento de uma<br />
solução robusta para este problema. Juntou a Associação<br />
para o Desenvolvimento Aerodinâmico Industrial<br />
(ADAI), a SILVAPOR (empresa da área florestal),<br />
a Carnegie Mellon University (CMU), uma das mais<br />
importantes universidades americanas na área da robótica,<br />
e convidou a Ingeniarius (empresa portuguesa<br />
especializada em soluções para robótica móvel) para<br />
liderar um projeto que se veio a chamar Safeforest.<br />
De 2019, ano em que a iniciativa foi lançada, até<br />
meados de 2023, esta ideia ganhou forma, com a participação<br />
ativa do programa CMU Portugal, que visa<br />
estabelecer relações entre entidades portuguesas e a<br />
CMU. Micael Couceiro, CEO da Ingeniarius, diz que<br />
este período foi dedicado ao desenvolvimento da “capacidade<br />
de locomoção” destes robots “todo o terreno”.<br />
Falta ainda afinar “a componente de perceção/<br />
ação”, para que as máquinas aprendam, através de <strong>IA</strong>,<br />
a distinguir quais os elementos da floresta que devem<br />
ser removidos.<br />
No futuro, o objetivo, frisa Micael Couceiro, é dotar<br />
o país com um número de máquinas suficiente<br />
para suprir a falta de recursos que hoje se verifica: “Não<br />
existem recursos humanos para limpar a floresta a nível<br />
nacional, daí ter nascido esta ideia”. Sublinhando<br />
que neste caso não se trata de substituir humanos por<br />
robots, o CEO da Ingeniarius diz que a plataforma Safeforest<br />
terá sempre de ser operada por humanos e que<br />
as máquinas vão, isso sim, dar assistência aos profissionais<br />
que operam no terreno, contribuindo para uma<br />
maior eficácia e segurança destas intervenções.<br />
Com as alterações climáticas e a subida média da<br />
temperatura do ar, os incêndios florestais tendem a<br />
ocorrer com maior gravidade de ano para ano, daí que<br />
a expetativa seja a de que o Safeforest possa percorrer<br />
o seu last mile e tornar-se um ativo disponível para a<br />
prevenção de fogos: “Existem agora esforços no plano<br />
europeu para levar este projeto para o próximo patamar.<br />
Há cerca de seis meses, estabelecemos um consórcio<br />
europeu, que envolve uma dúzia de parceiros de<br />
vários países. Alguns são entidades como bombeiros e<br />
serviços de proteção civil, ou seja, organizações constituídas<br />
por utilizadores finais da nossa tecnologia. O<br />
objetivo é maturar a tecnologia”, melhorando a performance<br />
destes “soldados”- robots.<br />
Se o projeto evoluir favoravelmente, tanto do ponto<br />
de vista tecnológico, como ao nível da sua produção,<br />
Micael Couceiro estima que os robots a que ajudou a dar<br />
“vida” possam começar a ser comercializados e a chegar<br />
ao terreno dentro de quatro anos.•<br />
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