COMUNICAÇÕES 248 - VIRGÍNIA DIGNUM: IA RESPONSÁVEL PRECISA DE "REGRAS DE TRÂNSITO"
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negocios<br />
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o mundo. Todas as grandes big tech começaram por ser<br />
startups com a dimensão das que trabalham connosco.<br />
Falha-se rápido, o tempo de vida está sempre contado<br />
e, portanto, ou se atinge o market fit, ou então… paciência…”<br />
Por isso, considera natural que, no âmbito do projeto,<br />
existam startups que vão falhar: “Faz parte do modelo.<br />
Se não se falhar, não se está a arriscar... Esta é uma<br />
componente importante. Já os consórcios, que partem<br />
de grandes empresas multinacionais com milhares de<br />
trabalhadores, de certa forma desvirtuam os fatores de<br />
inovação e de risco. Não têm esta necessidade de avançar<br />
rápido”.<br />
Paulo Dimas não tem dúvidas de que o Centro de<br />
<strong>IA</strong> Responsável poderá fazer a diferença para Portugal:<br />
“Como é que nós podemos fazer crescer a nossa economia?<br />
Tem de ser através de produtos com escala e é isso<br />
que estamos a criar aqui: produtos que tenham uma<br />
ambição global. Aplicamos um modelo de gestão de<br />
produto que tem várias dimensões, como a sua viabilidade”.<br />
Aliás, são mesmo realizadas sessões com os líderes<br />
das startups para os “desafiar a pensar sempre em<br />
como é que o produto se torna global. Somos pequenos,<br />
mas se olharmos para fora e se tivermos o coaching<br />
de pessoas mais experientes,<br />
vamos conseguir”.<br />
Para a economia crescer,<br />
é preciso ter produtos com<br />
escala. É essa a ambição do<br />
consórcio. Sempre com uma<br />
<strong>IA</strong> responsável<br />
Não é por acaso que o<br />
projeto junta pessoas mais<br />
experientes e com sucesso<br />
em termos internacionais,<br />
como a Unbabel, Feedzai<br />
ou a Sword Health. O CEO<br />
do consórcio assegura que<br />
“trazer estas pessoas para<br />
a conversa, muda logo<br />
a perspetiva das startups<br />
mais pequenas. Temos de<br />
transferir esta experiência dos maiores para os mais<br />
pequenos, porque isso aumenta muito a possibilidade<br />
de sucesso destes produtos”.<br />
Acresce que o projeto junta especialistas de renome<br />
na área através dos vários espaços de discussão que<br />
foram criados. É o caso do Scientific Board, que junta<br />
António Damásio, Isabel Trancoso, Francisco Pereira e<br />
Pedro Saleiro, grupo de ‘notáveis’ que define a agenda<br />
científica do consórcio, sendo que no caso do António<br />
Damásio, traz ainda “uma função inspiradora de olhar<br />
para o futuro com a <strong>IA</strong>”. Neste âmbito, serão realizados<br />
em 2024 workshops relacionadas com os quatro<br />
pilares da <strong>IA</strong> responsável e um quinto sobre o tema<br />
dos modelos de linguagem de grande escala, os LLMs,<br />
“porque há muito conhecimento e talento dentro do<br />
consórcio”.<br />
Existe ainda um Comité de Ética, para os temas<br />
legais e éticos, que junta Virgínia Dignum, uma verdadeira<br />
autoridade no tema, assim como Magda Cocco,<br />
da VdA, e Helena Moniz, da Unbabel. No seu âmbito,<br />
já foi realizado, em 2023, um workshop sobre as perspetivas<br />
de legal and etical. Outro fórum de discussão é a<br />
Comissão Executiva do consórcio, onde, segundo Paulo<br />
Dimas, “as palavras-chave são o sentido de urgência<br />
e a velocidade”. É que o mote é “avançar rápido com<br />
o que é preciso fazer”, sempre com “um mindset muito<br />
product centric. Aplicamos as técnicas de produto mais<br />
avançadas ao nível da validação do produto nas várias<br />
dimensões de risco e incutimos este espírito de acordo<br />
com as melhores práticas nesta área”, assegura.<br />
Paulo Dimas garante que está tudo a correr dentro<br />
do previsto, apesar de alguns atrasos no arranque, fruto<br />
de “tramitações burocráticas”, que afetaram, por<br />
exemplo, a capacidade dos centros de investigação. “O<br />
projeto está a ganhar cada vez mais velocidade. Estamos<br />
a oito trimestres do fim e acreditamos que, não<br />
sabendo se vamos atingir os 100%, vamos, de certeza,<br />
fazer grandes avanços. É esse o nosso objetivo. É uma<br />
curva de aprendizagem”.<br />
Garantindo que serão “oito trimestres mais intensos<br />
de execução”, o importante é “não perder velocidade<br />
e pensar mais à frente, no pós-2025. No final,<br />
faremos um balanço. Se<br />
calhar, 50% dos produtos<br />
não vão atingir o que prevíamos<br />
no início, e três<br />
a cinco produtos serão<br />
campeões internacionais.<br />
Daí a importância de não<br />
sermos um consórcio monoproduto<br />
e de criar este<br />
ecossistema dinâmico. Estamos<br />
a aprender e a pensar<br />
em como é que vamos<br />
evoluir, como poderemos<br />
ter um modelo mais dinâmico de produtos, que permita<br />
ajustar mais rapidamente a tecnologia ao problema.<br />
Esta é uma discussão mais estratégica que está a<br />
começar”, remata.<br />
Sobre a recente aprovação do <strong>IA</strong> Act, que vai regular<br />
a tecnologia na Europa, o gestor mostra-se satisfeito<br />
com o texto que saiu do acordo entre Conselho e Parlamento<br />
e pelo facto da UE ser agora a região mais avançada<br />
do Mundo neste âmbito. Uma das conquistas, na<br />
sua opinião, foi o avanço na eliminação das barreiras<br />
ao desenvolvimento de modelos de linguagem abertos<br />
de grande escala. Este foi um dos principais pontos<br />
defendidos na carta de posicionamento apresentada<br />
pelo consórcio, que foi subscrita também pela APDC,<br />
divulgada no início de novembro. Nela, defendiam-se<br />
pelo menos cinco alterações à proposta de texto. Paulo<br />
Dimas diz que se aguarda agora o texto final para uma<br />
análise mais detalhada.•