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02_TRATAMENTO DO IAM COM SUPRADESNIVEL DO SEGMENTO ST

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V Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Tratamento doInfarto Agudo do Miocárdio com Supradesnível do Segmento <strong>ST</strong>Diretrizeso aparecimento de <strong>IAM</strong> e nem reduzem a mortalidade 263 ;ao contrário, parece acentuá-los. Até o momento, foramavaliados na angina instável apenas os representantes deprimeira geração. Tais ações deletérias foram observadas comtodas as classes de antagonistas do cálcio testadas com essaindicação 266-268 . Por outro lado, existem evidências de que,em casos de <strong>IAM</strong>S<strong>ST</strong>, o diltiazem e o verapamil podem terefeito protetor 269,270 .Por causa dessas características, não é recomendadoo emprego rotineiro de antagonistas dos canais de cálcio,sendo em particular contraindicado o uso isolado danifedipina de liberação curta, por conta do desenvolvimentode hipotensão com ativação reflexa simpática levandoa taquicardia 271 . Os demais têm seu uso reservado parasituações especiais. Podem ser utilizados para tentar controlarsintomas isquêmicos refratários em pacientes que já recebemnitratos e betabloqueadores em doses plenas e adequadas,ou em pacientes que não toleram o uso de nitratos oubetabloqueadores ou ainda nos casos de angina variante.Não se deve utilizar diltiazem no longo prazo em pacientescom disfunção ventricular esquerda.A dose padrão da nifedipina é de 10 mg três vezes ao dia;de verapamil, 80 a 120 mg três vezes ao dia; e de diltiazem,60 mg de três a quatro vezes ao dia.Em pacientes com comprometimento significativo dafunção ventricular esquerda ou com alterações da conduçãoAV, os antagonistas dos canais de cálcio devem ser evitados,mesmo quando usados isoladamente. Em portadoresde disfunção ventricular esquerda, deve ser evitada suaassociação a um agente betabloqueador, por sua ação comume sinérgica na redução da contratilidade miocárdica.4.10. Bloqueadores do sistema renina‐angiotensina‐aldosterona4.10.1. Utilização dos inibidores da enzima conversorada angiotensina (IECA) na prática clínicaOs primeiros estudos que analisaram o papel IECAno infarto do miocárdio selecionaram pacientes comcaracterísticas indicativas de alto risco cardiovascular,como redução da FE e/ou sinais clínicos de insuficiênciacardíaca 272-275 . Com uma única exceção 275 , todos iniciaramo uso do IECA entre 3 e 6 dias após <strong>IAM</strong>, e mantiveram otratamento por 2 a 4 anos. O número de vidas salvas pormil pacientes tratados variou entre 40 e 76 durante esseperíodo. Posteriormente, três grandes estudos tiveram comoobjetivo avaliar pacientes com <strong>IAM</strong> de baixo a alto risco,com ou sem disfunção ventricular. Nesses estudos nãoseletivos, os IECA foram introduzidos mais precocemente(< 24 horas de evolução) e mantidos por um períodomais curto, de 4 a 6 semanas. Ficou demonstrado que ouso precoce dos IECA por via oral foi seguro e efetivo 276,277e resultou em cinco vidas salvas por mil pacientestratados. Como esperado, os IECA foram mais efetivosnos subgrupos de maior risco, como disfunção ventricularsintomática, infarto de parede anterior, taquicardia eantecedente de infarto prévio. No entanto, os pacientesde menor risco também se beneficiaram dessa forma detratamento. Existem fortes evidências de que os IECA sãoúteis indefinidamente após <strong>IAM</strong> com disfunção ventricularesquerda, com ou sem sintomas 272-275,277 . Assim, o uso deum IECA, nessas condições, é mandatório.Dois grandes estudos, o HOPE (Heart OutcomesPrevention Evaluation) 278 e o EUROPA (The Europeantrial On reduction of cardiac events with Perindoprilin stable coronary Artery) 279 , avaliaram o uso dos IECA(respectivamente, ramipril e perindopril) em pacientescom DAC sem evidência de insuficiência cardíacaou disfunção ventricular esquerda. No estudo HOPE,foram selecionados pacientes com idade ≥ 55 anos,com alto risco de eventos cardiovasculares adversos porapresentarem doença aterosclerótica vascular (DAC,doença vascular periférica e AVC) ou diabetes, compelo menos mais um fator de risco. No estudo EUROPA,os pacientes incluídos eram portadores de doençacoronária estável documentada. Nos dois estudos, ouso dos IECA proporcionou significativa redução doseventos cardiovasculares e, como consequência, essesagentes passaram a ser fortemente recomendados emtodas as formas de DAC 37 . Em 2004, um novo estudo,o PEACE (Prevention of Events with Angiotensin ConvertingEnzyme Inhibition) 280 não conseguiu demonstrar benefícioadicional do uso do trandolapril em pacientes com DACestável sem insuficiência cardíaca. Os autores atribuíramesse resultado ao tratamento intensivo a que foramsubmetidos os pacientes, com altas taxas de utilizaçãode estatina, aspirina e procedimentos de revascularizaçãomiocárdica. Proeminentes pesquisadores questionaramessas explicações e sugeriram que a inclusão de umnúmero substancialmente menor de pacientes do que orecomendado pelo cálculo amostral, a baixa utilizaçãoda dose alvo e o baixo risco da população analisadapoderiam explicar os resultados encontrados. A seguir,três metanálises, combinando os resultados de estudoscom IECA em pacientes com DAC e função ventricularpreservada, incluindo o HOPE, o EUROPA e o PEACE,confirmaram o benefício do uso desses agentes edemonstraram que a proteção que eles ofereceram foiproporcional ao risco do paciente 281-283 .Existe uma série de diferenças entre os IECA, no quese refere à duração de ação, ao metabolismo, à excreçãoe à capacidade de inibição da enzima conversora daangiotensina tecidual, as quais podem ser importantes naefetividade e na dosagem desses fármacos 284 . Não se sabe seessas diferenças farmacológicas promovem a superioridadede um sobre o outro no tratamento do infarto do miocárdio,uma vez que não existem estudos comparando esses agentesentre si. Assim, na escolha de um IECA, é recomendávelque se dê preferência aos que tenham demonstradoreduzir a morbidade e a mortalidade nos grandes estudosclínicos, ou seja, captopril, enalapril, ramipril, lisinopril etandolapril 244,245,272-277 .Conforme demonstrado nos estudos GISSI-3 e ISIS-4,o uso precoce de um IECA por via oral é seguro e eficaz.Recomenda-se que o agente seja iniciado dentro das primeiras24 horas de evolução, normalmente após o término da terapiade recanalização miocárdica (química ou mecânica), tão logoa pressão arterial esteja estabilizada.24Arq Bras Cardiol. 2015; 105(2):1-105

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