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Revista Apólice #259

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forma de enxergar a profissão. É fato que aquele profissional que

não se adaptar aos novos tempos será naturalmente excluído do

processo, mas, dizer que a tecnologia, nos moldes que temos no

Brasil, poderá extinguir, pelo menos à curto prazo, a profissão de

corretor de seguros, é alarmista e fantasioso”, descarta Gama.

Embora seja recorrente entre os corretores uma preocupação

com o risco de a tecnologia ocupar postos de trabalho, não há o

que temer. Essa é a opinião de de José Luis Ferreira citando como

exemplo o que ocorre em países economicamente desenvolvidos,

onde há uma consistência da participação de corretores de seguros

nas vendas de apólices mesmo diante de hábitos de consumo cada

vez mais digitais.

“Cito o Japão onde 90% das vendas de seguros são por corretores

de seguros e agentes que não são obrigatórios. Mas é fácil

compreender que novas gerações terão preferência por relacionamentos

pessoais e comerciais por via digital, pelo menos naquilo

que é mais simples usar: serviços”, assinala Ferreira, completando:

“As seguradoras que os disponibilizam por aplicativos vêm percebendo

um crescimento no número de consumidores usando este

canal para pedir um guincho ou um serviço à residência. Ao corretor

de seguros cabe entender que isto é uma tendência crescente

e conhecer os serviços digitais que as seguradoras disponibilizam

com o mesmo cuidado com que analisa produtos e serviços novos,

oferecendo já na cotação do seguro a possibilidade de serviços serem

chamados por aplicativos e associando sua imagem ao digital.

Consumidores ‘analógicos’ e ‘digitais’ vão coexistir por muitos anos

e o papel do corretor de seguros é atender a cada um deles como

quiserem e estar embarcado nas inovações das seguradoras.”

CORRETOR, O CLIENTE QUER OUVI-LO MAIS

Diante disso, será que ainda falta algo mais, ou seja, um approach

decisivo ao corretor de seguros para lidar com um mercado

envolvido por um “novo normal” que, ao que tudo indica, será

regido por um irreversível contexto digital? Cristina sinaliza que

muitos corretores de seguros param de crescer conforme a carteira

de clientes aumenta pelo fato de ficarem presos às atividades operacionais,

como endossos, sinistros e cobrança de parcelas atrasadas,

que comprometem o tempo de prospecção de novos clientes.

“Nesse cenário, o corretor de seguros deve enxergar a tecnologia

como uma oportunidade para se modernizar e otimizar seu dia a

dia”, sugere a diretora da Seguros do Brasil.

Goldberg é, por sua vez, enfático sobre o tema. “Os corretores

precisam se atualizar e deixar de fazer apenas o que faziam. O obsoleto

não deverá ter espaço no chamado ‘novo normal’”, expõe o especialista

para quem conhecimento aprofundado será o “divisor de

águas”, prevalecendo daqui para frente uma venda mais consultiva

com o corretor exercendo o papel de consultor de riscos para seus

clientes. Essa será, portanto, a base para que as corretoras estruturem

suas equipes de vendas nesse “novo normal”. “Em síntese, eu

diria profissionalizar-se cada vez mais. O conhecimento é a chave”,

assegura o professor da FGV.

Investir no capital intelectual humano de toda equipe, com

treinamentos de vendas, notícias do mercado, acompanhamento

das várias lives nas redes sociais, que

abordam temas relacionados às mudanças

e necessidades de adequações que

precisamos nos adaptar, são algumas

das ações que devem fazer parte do dia

do corretor, como indica Cristina. Somente

assim, defende ela, será possível

atuar de forma estratégica, dedicando

mais tempo ao relacionamento com o

cliente e atuando em posição cada vez

mais consultiva. “Entender as necessidades

e as formas de lidar com os nossos

clientes é totalmente diferente de

simplesmente negociar um orçamento”,

pondera a executiva.

Não há dúvida para Eduardo

Gama, o ‘novo normal’ impõe à prestação

de serviços uma conduta consultiva:

“Quem é ou já foi meu aluno sabe

que em minhas aulas abordo essa temática

incessantemente. Nunca concordei

com as expressões ‘venda de seguros’

e ‘produtos de seguros’. Sem nenhum

demérito aos colegas vendedores ou a

quem comercializa ‘produtos’. Acredito,

quase visceralmente, que a função

do corretor de seguros é a de ‘prestar

o nobre serviço de indicar soluções de

proteção patrimonial com custo x benefício

inteligente’, ou seja, o cerne da

conduta consultiva. Quando se trata de

seguros, acredito muito mais em equipes

consultivas do que em equipes de

vendedores com ‘sangue nos olhos’!”,

conclui Gama.

ENS INTENSIFICA CURSOS ONLINE E

BUSCA NOVAS FRENTES

A Escola de Negócios e Seguros

(ENS), principal difusora do ensino, pesquisa

e conhecimento em seguros no

país, como todas as instituições de ensino,

foi obrigada a interromper as atividades

presenciais. Mas isso não significou

que foram canceladas, pelo contrário,

como destaca o presidente da ENS, Robert

Bittar. Em pouco tempo, a escola

migrou os programas até então ministrados

presencialmente para o ambiente

virtual, sem interrupção ou perda de

conteúdo para os alunos.

“O que aconteceu especificamente

com a área de cursos de habilitação

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