centro universitário senac curso de mestrado, moda, cultura e arte ...
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castigado ao ser submetido ao calor e ao frio, sempre exposto às agressões<br />
advindas do contato da pele com o vestuário.<br />
O domínio da <strong>moda</strong> era tão impositivo que, na tentativa <strong>de</strong> aliviar o incômodo<br />
causado pela roupa, homens e mulheres passaram a utilizar roupas brancas <strong>de</strong><br />
musselina molhada tanto nas épocas quentes como nas frias, hábito este que gerou<br />
forte oposição médica.<br />
Afirma Rainho;<br />
35<br />
O hábito <strong>de</strong> molhar as roupas feitas <strong>de</strong> musselina era comum também aos<br />
homens, que, com vestimentas <strong>de</strong>sse tecido, saíam para passear pelas<br />
ruas, tanto no verão como no inverno. Mais uma vez os médicos tentaram<br />
interferir na <strong>moda</strong>, até porque um surto <strong>de</strong> tuberculose acabou por atingir<br />
os habitantes <strong>de</strong> Paris. “Os médicos clamavam por roupas secas, em nome<br />
da sanida<strong>de</strong> e da natureza, talvez os últimos re<strong>curso</strong>s. Poucas pessoas os<br />
ouviram” (2002, p.112).<br />
Foram levantadas várias discussões quanto à maleficência das roupas e<br />
antigos ensinamentos voltaram a serem consi<strong>de</strong>rados, já que a preocupação atingia<br />
até mesmo a gestante e as crianças uma vez que se acreditava que o feto sofria as<br />
conseqüências do vestuário usado pela mãe. Com a prática do uso <strong>de</strong> espartilhos, a<br />
mulher apertava os seios e a cintura, prejudicando a respiração e até mesmo a<br />
digestão dos alimentos. Tal costume foi motivo <strong>de</strong> estudos e gran<strong>de</strong>s discussões<br />
médicas quanto às possíveis <strong>de</strong>ficiências e às seqüelas do uso constante do<br />
espartilho (ao qual as mulheres se submetiam pela vaida<strong>de</strong>). Quanto às roupas das<br />
crianças, estas prejudicavam seu <strong>de</strong>senvolvimento. De acordo com Rainho:<br />
“Reutilizando antigos preceitos <strong>de</strong> Hipócrates, os médicos afirmam que a vestimenta<br />
não era somente uma garantia <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, mas podia também, como a socieda<strong>de</strong> que<br />
a produzia, causar inúmeras doenças” (2002, p.113).<br />
Instalou-se então uma guerra entre a medicina e o vestuário e, a partir da<br />
Revolução Francesa, ass roupas começaram a serem modificadas, indo ao encontro<br />
das questões médicas.<br />
Já no século XX, as roupas passaram a ser produzidas em massa,<br />
possibilitando tanto aos homens como às mulheres o acesso a roupas baratas. Além<br />
disso, livre dos espartilhos (usados até o final do século XIX), a mulher começou a<br />
usufruir mais liberda<strong>de</strong>.<br />
O fator <strong>de</strong> maior influência nas atitu<strong>de</strong>s e no vestuário mundial <strong>de</strong>ste período<br />
foi resultado das duas guerras mundiais, quando problemas sócio-políticos e