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• O domínio, por um único partido, de todos os braços do governo, facto que mina o<br />
conceito e a prática de controlo e fiscalização.<br />
• Uma falta de responsabilização directa perante os cidadãos e mecanismos de<br />
controlo inadequados para detectar os abusos.<br />
• A impunidade dos que têm riqueza e ligações com os poderosos ao nível político.<br />
• A aplicação arbitrária da lei para favorecer pessoas com ligações políticas.<br />
• A inexistência de um envolvimento considerável e significativo da sociedade civil<br />
no governo e a fraca capacidade da sociedade civil.<br />
• Um ambiente de secretismo e opacidade penetrantes no governo e nos partidos<br />
políticos.<br />
Desafio aos doadores<br />
Embora não faça parte do âmbito do presente estudo medir a corrupção, não existem<br />
dúvidas que ela tem um impacto nos esforços de redução da pobreza em Moçambique.<br />
Por exemplo, mais de $100 milhões dos fundos dos doadores foram utilizados em 2001<br />
para reabilitar economicamente a privatização fracassada do Banco Comercial de<br />
Moçambique (BCM), cuja compra em 1996 foi alegadamente financiada pelos doadores<br />
para a reabilitação da indústria metalúrgica. O que está claro é que os fundos dos<br />
doadores destinados ao desenvolvimento muitas vezes têm o efeito não desejado de<br />
enriquecer ainda mais uma pequena elite de indivíduos ricos e politicamente poderosos,<br />
reduzindo assim o impacto global da ajuda ao desenvolvimento. Mesmo quando os<br />
fundos dos doadores são auditados e devidamente geridos, podem servir para libertar<br />
outros fundos do governo que serão indevidamente utilizados por funcionários públicos.<br />
A abertura de Moçambique à ajuda externa e os montantes avultados de assistência dos<br />
doadores que tem recebido permitiram ao país dar passos importantes na modernização e<br />
redução da pobreza. Ao mesmo tempo, este facto produziu um nível elevado de<br />
dependência dos doadores. A matéria colectável do governo representa apenas menos de<br />
metade do total da despesa do Estado (49 por cento em 2003) e o rácio ajuda / PIB do<br />
país é duas vezes mais elevado do que a média da África Sub-sahariana (cerca de 15 por<br />
cento). Esta é uma base frágil para se conseguir a procura de responsabilização entre o<br />
governo e os seus cidadãos. Os índices elevados de ajuda podem ter o efeito de reduzir o<br />
incentivo de o governo utilizar os seus recursos de forma eficaz e no interesse do público,<br />
uma vez que montantes avultados de ajuda impedem a cobrança de impostos e competem<br />
com as oportunidades de assistência dentro de um país como uma capacidade muito<br />
limitada de absorver fundos de uma maneira eficaz.<br />
Aliado a outros factores, este aspecto criou uma situação em que o governo tem uma<br />
maior responsabilização perante os doadores do que perante os seus próprios cidadãos.<br />
Na falta de controlo e fiscalização por parte de uma Assembleia da República forte e<br />
engajada, de um poder judicial respeitado e eficaz e de uma sociedade civil vibrante e<br />
activa, os doadores são, de facto, o eleitorado mais poderoso para introduzir mudanças no<br />
país. Embora os doadores tenham feito um bem tremendo em termos de desenvolvimento<br />
económico e de disponibilização de serviços públicos em Moçambique, eles têm sido<br />
RELATÓRIO FINAL 3