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AVALIAÇÃO DA CORRUPÇÃO: MOÇAMBIQUE

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1. Introdução<br />

Moçambique registou um enorme avanço, em particular desde a assinatura do acordo de<br />

paz em 1992 e das suas primeiras eleições multipartidárias em 1994. Sob muitos<br />

aspectos, o país constitui uma história de sucesso do desenvolvimento e o governo e os<br />

seus parceiros doadores estimularam um crescimento económico impressionante –<br />

embora de um ponto de partida muito baixo – que parece ter tido um impacto positivo na<br />

redução da pobreza no geral neste país, que se situa entre os mais pobres. Contudo, a<br />

história do desenvolvimento de Moçambique é ensombrada por uma corrupção<br />

generalizada e persistente. Esta corrupção é um sintoma de desequilíbrios estruturais mais<br />

profundos dentro da ténue democracia moçambicana e constitui uma ameaça que<br />

potencialmente pode minar o futuro progresso de Moçambique. São necessários esforços<br />

profundos a longo prazo para introduzir reformas no sistema político e fazer face à<br />

corrupção de modo a garantir a estabilidade, o crescimento económico e a<br />

democratização do país. Ainda não está claro que os dirigentes de Moçambique estejam<br />

dispostos a efectuar estas mudanças.<br />

A corrupção tem vindo a alastrar-se rapidamente ao longo dos últimos 20 anos, tendo<br />

agora atingido praticamente todos os sectores, funções e níveis do governo. O nível e o<br />

âmbito da corrupção em Moçambique atingiram níveis alarmantes e potencialmente<br />

representa um risco para a governação democrática nascente no país. A corrupção é tão<br />

endémica que se tornou norma para os cidadãos e homens de negócios, os quais a toleram<br />

para conseguir que os assuntos sejam resolvidos e ter acesso aos serviços públicos<br />

básicos. Os funcionários do Estado de escalão inferior utilizam a corrupção como<br />

suplemento das suas magras receitas, enquanto que os funcionários de nível sénior<br />

recorrem à corrupção para aumentarem a sua riqueza e fortalecerem o poder político,<br />

enquanto que as elites económicas utilizam-na para consolidarem a sua posição e<br />

impedirem a concorrência.<br />

A corrupção no sector público em Moçambique tem consequências devastadoras na vida<br />

económica, política e social do país. Ela afasta os investidores nacionais e estrangeiros,<br />

cria vantagens injustas para alguns e reduz as perspectivas para os pobres. A corrupção<br />

constrange a governação democrática, pois mina o processo judicial, desmantela o estado<br />

de direito e reduz a prestação de serviços públicos essenciais, em particular para os<br />

pobres. Penetra de tal forma no tecido social e cultural do país que parece que os<br />

moçambicanos estão resignados a viver com a corrupção penetrante porque não vêem de<br />

que forma a podem evitar.<br />

Causas da corrupção<br />

A corrupção em Moçambique é amplamente sintomática da falta de controlo e<br />

fiscalização dos três braços do governo, da transparência e acesso limitados à informação,<br />

da responsabilização mínima dos funcionários eleitos e de uma cultura de impunidade em<br />

que a corrupção persiste porque é vista como sendo uma actividade de baixo risco e de<br />

grande recompensa. Infelizmente, por causa dos efeitos corrosivos da corrupção sobre a<br />

transparência, responsabilização e credibilidade do governo, se não for controlada, irá<br />

RELATÓRIO FINAL 1

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