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AVALIAÇÃO DA CORRUPÇÃO: MOÇAMBIQUE

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se na compra e venda de veredictos, no controlo político sobre os resultados do sector<br />

judicial, “perda” de provas ou processos, conforme o que se instruiu ou pagou para ser<br />

feito, intimidação das testemunhas e libertação de suspeitos chave. A corrupção<br />

administrativa no sector da justiça é também penetrante e será discutida em detalhe mais<br />

adiante neste documento, mas a manipulação e o controlo políticos do topo são as<br />

principais falhas do sistema.<br />

Casos importantes como o de António Siba Siba Macuacua, o funcionário do banco<br />

central que foi assassinado depois de ter sido nomeado para ressuscitar o Banco Austral<br />

após uma tremenda má gestão e fraude com vista a beneficiar pessoas com ligações<br />

políticas (e criminosas), caíram no esquecimento, uma vez que os investigadores e outros<br />

não conseguem avançar. Atrasos semelhantes, juntamente com a “fuga” da custódia<br />

policial de suspeitos com ligações políticas no julgamento do assassinato do jornalista<br />

Carlos Cardoso (que se encontrava a investigar um caso separado de fraude bancária) 5<br />

contribuíram para convencer os moçambicanos que (tal como a questão foi colocada no<br />

recente inquérito sobre a corrupção), “apenas os pobres e os fracos não conseguem fugir<br />

à lei.”<br />

Apesar da grande assistência dos doadores, a reforma no sector judicial tem sido lenta e<br />

nada promissora. Alguns doadores mostram-se exasperados em virtude de os seus<br />

investimentos mostrarem pouco mais em termos de resultados do que uma melhor<br />

formação. Uma vasta gama de reformas legais e de procedimentos revelou um avanço<br />

lento ou inexistente. Em consequência disso, alguns doadores estão a considerar a<br />

possibilidade de reduzir ou de cancelar a sua assistência aos tribunais. Um tom<br />

semelhante está reflectido nas duas Revisões Conjuntas Anuais de 2004 (“... o<br />

desempenho da reforma legal e judicial continua a ser fraco”) e de 2005 (“constataram-se<br />

poucos avanços na área da ... reforma do sector da justiça ... e na administração da<br />

justiça”). 6 Poucos elementos de um plano estratégico integrado para o sector judicial,<br />

elaborado em 2002, foram concretizados quer nos planos específicos da reforma<br />

institucional, quer nos marcos de referência da implementação.<br />

A hierarquia e o controlo político facilitam a grande corrupção<br />

Os actores chave do sector judicial incluem o Ministro da Justiça, os juizes, os<br />

procuradores, a Polícia de Investigação Criminal (PIC) (cujos agentes são requisitados e<br />

supervisados pelo Ministério do Interior, mas respondem perante a Procuradoria Geral da<br />

República na qualidade de investigadores criminais) e os advogados. Dos actores chave,<br />

o Tribunal Supremo, e especificamente o Presidente do Tribunal Supremo, dão o<br />

exemplo e exercem influência considerável sobre todos os tribunais de mais baixa<br />

5 Em relação aos dois casos de fraude bancária / assassinato, vide Peter Gastrow e Marcelo Mosse,<br />

“Mozambique: Threats posed by the penetration of criminal networks”, documento para o Seminário<br />

Regional do Instituto para os Estudos de Segurança sobre o crime organizado, corrupção e governação na<br />

Região da SADC, Pretória, 18-19 Abril de 2002, Joseph Hanlon, “Bank Corruption Becomes Site of<br />

Struggle in Mozambique,” Review of African Political Economy, no. 91 (2002), pp. 53-72; e Paul Fauvet,<br />

“Mozambique: Prosecuting the Cardoso Murderers,” Estudo de caso encomendado para o Instituto de<br />

Estudos de Segurança, Março de 2004.<br />

6 Vide Aide-Memoire de 2004, p. 6 e Aide-Memoire de 2005, p. 7.<br />

RELATÓRIO FINAL 16

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