Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Vulnerabilidade à corrupção<br />
As práticas de corrupção normalmente ocorrem em vários domínios.<br />
a. Registo de medicamentos e artigos médicos<br />
Os medicamentos devem ser registados pelo Ministério da Saúde para que possam ser<br />
legalmente importados e vendidos em Moçambique, estando estabelecido um processo de<br />
registo no Departamento Farmacêutico para esse fim. Embora a identidade dos membros<br />
da comissão de avaliação do registo seja mantida no anonimato para as empresas<br />
farmacêuticas, existem mecanismos mínimos de controlo institucional para garantir que<br />
os que têm potencial influência na avaliação (por exemplo, o chefe da unidade de registo<br />
no Departamento Farmacêutico ou no Ministério da Saúde) estejam isolados da<br />
influência destas companhias. Por isso, os mecanismos de controlo devem ser<br />
fortalecidos.<br />
b. Aquisição de medicamentos, artigos médicos e instalações<br />
A aquisição de medicamentos e artigos médicos foi contratada à Medimoc, uma antiga<br />
empresa estatal, como fornecedor único. Devido a problemas ligados ao desempenho,<br />
está a ser considerado, no futuro, um concurso público para estas aquisições e para os<br />
serviços de distribuição. O processo de aquisição decorre em duas etapas – a préqualificação<br />
dos proponentes e as propostas decididas, em primeiro lugar, com base nos<br />
factores de custo. Embora este processo se baseie em normas internacionais, a<br />
inexistência de fiscalização e monitorização suficientes torna as aquisições<br />
potencialmente sujeitas a influências que acabam corrompendo e a transacções com base<br />
na conivência entre os concorrentes.<br />
c. Distribuição de medicamentos e artigos médicos<br />
A distribuição de medicamentos e artigos médicos foi contratada à Medimoc pela Central<br />
de Medicamentos e Artigos Médicos (CMAM). As auditorias anuais efectuadas aos<br />
armazéns e aos registos de distribuição da Medimoc efectuadas pelo Ministério da Saúde<br />
(entre 2001 e 2004) mostram resultados constantes e alarmantes de medicamentos em<br />
falta ou não contabilizados nas farmácias a todos os níveis – especialmente nas farmácias<br />
dos hospitais (entre 20 - 39 por cento) e nas enfermarias dos hospitais (entre 28 - 68 por<br />
cento). (Foram observadas menores discrepâncias nos armazéns e hospitais provinciais).<br />
Apesar do Sistema de Controlo de Stocks e de um novo Sistema de Gestão e<br />
Armazenagem de Medicamentos financiado pela USAID, entre um-quarto e dois-terços<br />
dos medicamentos que deveriam estar disponíveis ao público desaparecem sem nenhum<br />
registo. Muitos destes medicamentos são revendidos no mercado livre. Embora a<br />
percentagem de medicamentos não contabilizados tenha diminuído nos últimos anos, as<br />
quantidades ainda são elevadas. Não está claro se esta situação é uma consequência de<br />
sistemas e procedimentos de registo e localização deficientes, ou se é um roubo<br />
desenfreado por parte dos trabalhadores da saúde; existe uma indicação clara de uma<br />
RELATÓRIO FINAL 24