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decisão politicamente difíceis sobre a afectação dos recursos. Pelo contrário, os<br />
ministérios preferem negociar recursos adicionais directamente com os doadores e, desta<br />
forma, o governo está isento da necessidade de exercer o papel de liderança na afectação<br />
de recursos.<br />
Embora a assistência da USAID predominantemente baseada em projectos não se<br />
enquadre no apoio geral ao orçamento, e é pouco provável que tal venha a acontecer a<br />
curto e médio prazos, ela apresenta oportunidades para aumentar a eficácia do apoio geral<br />
ao orçamento por abordar o lado da procura da responsabilização – através do apoio da<br />
sociedade civil e de outros intervenientes que possam monitorar o orçamento e<br />
responsabilizar o governo.<br />
Virar as atenções das preocupações ligadas aos projectos e ao nível micro para<br />
preocupações sectoriais e ao nível macro. Uma outra medida que poderá contribuir<br />
para alterar os incentivos a favor de uma utilização mais responsável dos recursos é<br />
transferir os novos compromissos e a supervisão do financiamento aos projectos para os<br />
fundos comuns ao nível sectorial. Esta medida encorajaria os ministérios a assumirem um<br />
maior protagonismo nos processos de definição de políticas, planificação e orçamento<br />
nos seus próprios sectores. Segundo, são necessários maiores esforços com vista a reduzir<br />
a proporção da ajuda externa que se encontra fora do orçamento para que o governo tenha<br />
uma informação mais completa sobre os recursos que estão ao seu dispor e como estes<br />
recursos são utilizados. Além disso, os novos programas de formação devem ir para além<br />
das reformas em curso ao nível contabilístico na gestão das finanças públicas, passando a<br />
direccionar-se para a capacitação em metodologias que possam ajudar os órgãos<br />
decisórios a melhor elaborarem o orçamento.<br />
Aquisição de poderes pela sociedade civil, Assembleia da República e outros órgãos<br />
de fiscalização independentes. Fundamentalmente, sem um apoio dos moçambicanos à<br />
mudança, a capacitação não será suficiente, uma vez que é provável que o empenho em<br />
relação às prioridades pró-pobres e ao interesse público mais amplo seja abrandado pelos<br />
interesses “predatórios” das famílias importantes que constituem a elite políticoempresarial.<br />
Até certo ponto, os doadores podem agir como uma barreira “representativa”<br />
sobre a elite na falta de mecanismos internos sólidos de controlo e fiscalização. Muito<br />
mais importante a longo prazo será o desenvolvimento da procura interna de uma melhor<br />
política e desempenho orçamentais. Isto pode ser incentivado através de um esforço no<br />
sentido de se introduzirem sistemas de informação de retorno da população, tais como<br />
audiências públicas sobre o desenvolvimento e a monitorização de projectos, a<br />
publicação de preços - custos correntes e esforços com vista a constituir organizações da<br />
sociedade civil.<br />
Um desenvolvimento crucial será a emergência de uma Assembleia da República mais<br />
eficaz, com recursos e uma estrutura para uma inquirição pormenorizada ao executivo.<br />
Ao nível social mais profundo, será a aquisição de poderes pelas massas, incluindo os<br />
pobres, que irá permitir a possibilidade de acesso à informação e às ideias, de se<br />
organizarem em apoio aos seus direitos e de darem voz às suas preocupações,<br />
influenciando assim a política e o desempenho do governo. A ajuda externa pode apoiar a<br />
RELATÓRIO FINAL 35