download da versão impressa completa em pdf - anppom
download da versão impressa completa em pdf - anppom
download da versão impressa completa em pdf - anppom
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Dodecafonismo, nacionalismo e mu<strong>da</strong>nças de rumos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .<br />
de classe 2 (0,2) e (5,7). Estas eram notas comuns na estrutura contrastante, pertencendo -<br />
como já d<strong>em</strong>onstrado no Ex<strong>em</strong>plo 14 - ao conjunto de união entre estas séries.<br />
A conclusão que pod<strong>em</strong>os obter destas análises é que a utilização de alguns dos<br />
princípios mais el<strong>em</strong>entares do dodecafonismo por Guerra-Peixe não são observados na<br />
elaboração destas peças. As repetições e omissões de sons, a reorganização <strong>da</strong> série, a<br />
inserção de grupos de notas s<strong>em</strong> nenhuma relação de transposição ou in<strong>versão</strong>, o uso de<br />
regiões s<strong>em</strong> a presença <strong>da</strong> escala cromática <strong>completa</strong> são a regra e não a exceção. Apesar<br />
desta conclusão não ser nenhuma novi<strong>da</strong>de, pois dentre os diversos trabalhos sobre o<br />
assunto já publicados, entre eles Nazareth (2008) e Gado (2007), vários apontam para esta<br />
característica, ela é absolutamente coerente com o discurso do compositor. Não se pode<br />
esquecer que, além <strong>da</strong> delibera<strong>da</strong> intenção, soma-se o desconhecimento por parte dos<br />
compositores brasileiros de sua época, <strong>da</strong> literatura ain<strong>da</strong> muito esparsa sobre o assunto,<br />
como afirmou Santoro na citação menciona<strong>da</strong> anteriormente neste trabalho. Era natural<br />
que o próprio material conduzisse os nossos compositores a uma tentativa de elaboração<br />
individual <strong>da</strong> técnica, obrigando-os a fazer experiências e buscando, ca<strong>da</strong> um à sua maneira,<br />
o que mais lhe fosse interessante <strong>em</strong> termos de procedimentos, visando expressar seus<br />
ideais estéticos.<br />
Contudo, a forma e o motivo pelo qual Guerra-Peixe permitiu-se estas liber<strong>da</strong>des<br />
revelam muito a respeito <strong>da</strong> sua proposta. É níti<strong>da</strong> a preocupação do compositor <strong>em</strong><br />
frequent<strong>em</strong>ente abandonar qualquer regra <strong>em</strong> prol de uma varie<strong>da</strong>de do discurso e uma<br />
simplici<strong>da</strong>de rítmica que almeje - na sua ótica - maior comunicabili<strong>da</strong>de. Vários depoimentos<br />
do compositor d<strong>em</strong>onstram esta preocupação, que se traduz<strong>em</strong> na escolha de formas,<br />
ritmos e texturas muito próximas às tonais, além de uma franca preferência pela<br />
composição de melodias claras e simples. Esta simplici<strong>da</strong>de aparente é el<strong>em</strong>ento de<br />
questionamento na música de vanguar<strong>da</strong> <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1940.<br />
As 6 Peças para piano de Claudio Santoro<br />
Uma análise <strong>da</strong>s 6 Peças para piano de Claudio Santoro, Série II (1946) pode nos<br />
fornecer um interessante contraponto às peças de Guerra-Peixe. Seu tratamento <strong>da</strong> série,<br />
<strong>da</strong> técnica dos doze sons, do ritmo e <strong>da</strong> textura nestas peças será indicativo <strong>da</strong>s diferenças<br />
de estilo entre os dois compositores.<br />
Mendes (2009: 21) nos propõe a seguinte série (Ex. 15) para a construção <strong>da</strong>s 6<br />
Peças para piano de Santoro:<br />
118<br />
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . opus