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Reflexões interdisciplinares a partir de A Arte do Canto, manuscrito inédito . . . . . . . . . . . . .<br />

mas ele é perfeito quando é um canto interior, traduzindo na sua forma sonora a<br />

plenitude do sentido <strong>da</strong>s idéias.<br />

Também no canto artístico existe o canto puramente de efeito vocal, como no canto<br />

lírico dos tenores e sopranos-ligeiros, uma espécie de canto esportivo... Mas existe o<br />

canto de câmera, o ver<strong>da</strong>deiro canto <strong>em</strong>otivo, que se revela no lied, na confidência<br />

canta<strong>da</strong>. (fl. 6).<br />

Como base desse “canto prosódico”, <strong>da</strong> relação ideal entre prosa, poesia e<br />

música, Andino Abreu aponta como grande “modelo” o cantochão ou canto gregoriano,<br />

que não é senão um desdobramento <strong>da</strong> prosa ricamente cadencia<strong>da</strong> e metricamente<br />

equilibra<strong>da</strong> <strong>da</strong>s orações litúrgicas do rito latino. Essa sonori<strong>da</strong>de <strong>da</strong> prosa litúrgica t<strong>em</strong> uma<br />

razão de ser anterior, conforme o autor observa <strong>em</strong> uma nota: “A oração reclama o canto,<br />

e não se deveria nunca oferecer à devoção dos fiéis senão formas harmoniosas. To<strong>da</strong> a<br />

oração já por si mesma é a poesia pelo fato de ser uma manifestação do espírito, fonte <strong>da</strong><br />

ord<strong>em</strong>, <strong>da</strong> forma, <strong>da</strong> beleza” (fl. 17). Essa busca <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de entre prosa, poesia e música,<br />

porém, não se detém nos modelos antigos: “A poesia moderna com o seu verso branco é<br />

uma tentativa de identificação entre a prosa e a poesia” (id<strong>em</strong>).<br />

Outra questão abor<strong>da</strong><strong>da</strong> é a <strong>da</strong> reciproci<strong>da</strong>de entre poesia e música no canto, isto<br />

é, que a forma musical não prejudique <strong>em</strong> na<strong>da</strong> a sonori<strong>da</strong>de própria <strong>da</strong> linguag<strong>em</strong> oral <strong>em</strong><br />

si mesma, <strong>em</strong> uni<strong>da</strong>de com o gesto corporal como um todo:<br />

A influência <strong>da</strong> música na linguag<strong>em</strong> não quer dizer que, na maioria dos casos, se<br />

observe a ação enriquecedora <strong>da</strong>s palavras. A preocupação <strong>da</strong> sonori<strong>da</strong>de muitas<br />

vezes mutila a forma sonora <strong>da</strong>s palavras, como acontece no canto vulgar dos<br />

cantores líricos e não raro também nos recitalistas...<br />

De que maneira a música influi na linguag<strong>em</strong>? A música deve revelar a melodia, o<br />

ritmo <strong>da</strong> palavra, apaga<strong>da</strong> pelo continuo uso <strong>da</strong> linguag<strong>em</strong> prática que se utiliza apenas<br />

de um meio de mera comunicação s<strong>em</strong> os efeitos do colorido dos timbres, <strong>da</strong><br />

plástica sonora e do seu movimento rítmico que são criados pela expressão, pois até<br />

o próprio gesto expressivo v<strong>em</strong> informado por to<strong>da</strong>s essas quali<strong>da</strong>des.<br />

Falamos como os aprendizes de solfejo. Desde que seja reconheci<strong>da</strong> a palavra, o<br />

professor fica satisfeito, assim como o aluno que entoa uma nota qualquer com uma<br />

voz caricatural e bastante para ser aprovado... No domínio <strong>da</strong> escrita se observa o<br />

mesmo fenômeno. Não nos esforçamos por falar ou escrever como virtuosos, como<br />

artistas, trabalhando a forma para enriquecimento <strong>da</strong> expressão. Contentamo-nos<br />

com as palavras de aspecto descolorido, magras e até esqueléticas. Tudo está <strong>em</strong> que<br />

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