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História da Matemática - Unesp

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Os soberanos eram os faraós, cujo despotismo era temperado<br />

por ideais de responsabili<strong>da</strong>de em relação ao povo comum;<br />

considerando-se os tempos primitivos em que viveram, eles<br />

realmente procuraram fazer com que seus súditos tivessem vi<strong>da</strong> feliz<br />

e razoavelmente confortável (apesar <strong>da</strong> escravidão); governava pela<br />

lei, que parece ter sido geralmente justa. Além do faraó e <strong>da</strong> família<br />

real, os sacerdotes, os nobres e os guerreiros pertenciam às classes<br />

privilegia<strong>da</strong>s. Na classe média encontravam-se os escribas, os<br />

comerciantes, os artesãos e os camponeses e, os servos ocupavam as<br />

classes inferiores.<br />

O Egito tinha uma grande e eficiente administração. A maior<br />

parte dela parece ter sido centra<strong>da</strong> nas grandes construções de<br />

templos, embora, periodicamente, os próprios faraós demonstrassem<br />

grande capaci<strong>da</strong>de administrativa. A administração padronizou<br />

pesos e medi<strong>da</strong>s, enquanto seus funcionários, os escribas, em grande<br />

parte clérigos, escreviam em hieróglifos ou na escrita hierática ou<br />

sacerdotal, mais correntemente usa<strong>da</strong>. Os egípcios escreviam em<br />

papiros, produzidos no país desde épocas primitivas; parecem ter<br />

sido usados antes de 3500 a.C. Eram feitos com o cerne de uma alta<br />

ciperácea (Cyperus papyrus) que se encontrava em abundância nos<br />

pântanos ao redor do delta e sua manufatura em folhas era simples.<br />

Tratava-se do material ideal para ser usado nas secas condições do<br />

Oriente Médio e foi empregado em grande quanti<strong>da</strong>de em Roma. No<br />

clima mais úmido <strong>da</strong> Europa, o papiro era menos estável, mas, no<br />

Egito, era superior a qualquer outro material para escrita.<br />

Permaneceu em uso até o nono século depois de Cristo. O papiro era<br />

também usado como alimento(os brotos), como combustível(as<br />

raízes), e ain<strong>da</strong>, para se fazer cestos, cor<strong>da</strong>s, esteiras, sandálias e até<br />

pequenos barcos. A propósito, é interessante notar que os gregos,<br />

que consideravam os egípcios um povo de imensa sabedoria,<br />

chamavam uma folha de papiro de “biblion”, <strong>da</strong> qual deriva a<br />

palavra “bíblia”; a palavra “papel” é deriva<strong>da</strong> de “papiro”, embora<br />

na ver<strong>da</strong>de, o papel seja um material bem diferente e tenha sido<br />

inventado pelos chineses e não pelos egípcios.<br />

O fato de os gregos terem superestimado a sabedoria egípcia<br />

pode ter resultado, pelo menos em parte, <strong>da</strong> impressão causa<strong>da</strong><br />

naqueles que visitaram o Egito e ficaram maravilhados com as<br />

magníficas construções que lá encontraram e, na ver<strong>da</strong>de, a<br />

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construção era uma <strong>da</strong>s maiores formas de expressão desse povo. O<br />

vale do Nilo é uma vasta pedreira e, embora tivessem de importar<br />

to<strong>da</strong> a madeira de que precisava, <strong>da</strong> Líbia ou <strong>da</strong> Síria, logo<br />

aprenderam a manusear os materiais locais. Eram peritos cortadores<br />

de pedras, soberbos escultores, pintavam bem e eram mestres<br />

artífices em metais, especialmente o ouro.<br />

A habili<strong>da</strong>de dos egípcios na construção de grandes edifícios e<br />

estátuas, não é, por si mesma, uma ciência: havia o que hoje<br />

chamaríamos de princípios de mecânica, mas parece que inexistia<br />

um conjunto básico de conhecimentos científicos ou uma teoria em<br />

que os construtores pudessem se basear. Seu valor como<br />

construtores era alicerçado em sóli<strong>da</strong> experiência pratica e num<br />

instinto para a engenharia estrutural. Realmente, os egípcios<br />

parecem ter sido essencialmente um povo muito prático, mais<br />

voltado para resultados efetivos do que para a filosofia dos<br />

princípios básicos concernentes. A curto prazo, essa atitude traz<br />

sucesso, mas, a longo prazo, não encoraja nem a especulação e nem<br />

idéias novas. Isso significa, por exemplo, que quando Akhenaton<br />

construiu seu grande templo em Carnac, no ano de 1370 a.C., as<br />

técnicas usa<strong>da</strong>s não foram substancialmente diferentes <strong>da</strong>s utiliza<strong>da</strong>s<br />

por Quéops cerca de treze séculos antes.<br />

A falta de interesse dos egípcios pela reflexão filosófica e a<br />

tendência para o aspecto prático podem ser observa<strong>da</strong>s mesmo na<br />

astronomia. Para eles, a astronomia era a base utilitária necessária<br />

para a marcação do tempo. Os astrônomos egípcios não estavam<br />

preocupados com teorias a respeito do Sol e <strong>da</strong> Lua., nem com<br />

quaisquer idéias a respeito do movimento dos planetas, embora<br />

soubessem que os planetas se moviam entre as estrela fixas.<br />

O calendário nos dá um exemplo de êxito brilhante obtido pela<br />

ciência egípcia. O ano egípcio, por volta de 2.500 a.C., contém 365<br />

dias como o nosso. Os meses repartem-se em três estações de quatro<br />

meses ca<strong>da</strong> uma: inun<strong>da</strong>ção, inverno e verão.<br />

A A MATEMÁTICA MATEMÁTICA EGÍPCIA EGÍPCIA<br />

EGÍPCIA<br />

A matemática no Egito, a exemplo <strong>da</strong> astronomia, não era em<br />

si mesma, considera<strong>da</strong> uma forma de conhecimento independente<br />

de sua aplicação, como aconteceria na Grécia. Assim, a pesquisa dos

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