12.04.2013 Views

História da Matemática - Unesp

História da Matemática - Unesp

História da Matemática - Unesp

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A Academia<br />

85<br />

Em 387 a.C. Platão fundou em Atenas a<br />

Academia, sua própria escola de<br />

investigação científica e filosófica (a<br />

Academia durou até 529 d.C.). O<br />

acontecimento foi <strong>da</strong> máxima importância<br />

para a história do pensamento ocidental.<br />

Platão tornou-se o primeiro dirigente de<br />

uma instituição permanente, volta<strong>da</strong> para a<br />

pesquisa original e concebi<strong>da</strong> como<br />

conjugação de esforços de um grupo que vê<br />

no conhecimento algo vivo e dinâmico e<br />

não um corpo de doutrinas a serem<br />

Platão e Aristóteles – simplesmente resguar<strong>da</strong><strong>da</strong>s e transmiti<strong>da</strong>s.<br />

A Escola de Atenas<br />

Depois de suas viagens, quando freqüentou centros pitagóricos<br />

de pesquisa científica, Platão via na matemática a promessa de um<br />

caminho que conduzisse à certeza. A educação deveria, em última<br />

instância, basear-se numa episteme (ciência) e ultrapassar o<br />

plano instável <strong>da</strong> opinião (doxa). E a política poderia se transformar<br />

numa ação ilumina<strong>da</strong> pela ver<strong>da</strong>de e um gesto criador de harmonia,<br />

de justiça e de beleza.<br />

Durante cerca de vinte anos, Platão dedicou-se ao magistério e à<br />

composição de suas obras. Sob a influência do pitagorismo, Platão<br />

desligou-se um pouco de Sócrates e formulou uma filosofia própria.<br />

Ele sempre retomava a tese de que o ideal para a polis seria a<br />

existência de um rei filósofo, que inclusive pudesse governar sem<br />

necessi<strong>da</strong>de de leis.<br />

Para Platão, as idéias perfeitas e imutáveis constituiriam os<br />

modelos ou paradigmas dos quais as coisas materiais seriam apenas<br />

cópias imperfeitas e transitórias. Seriam, pois, tipos ideais a<br />

transcender o plano mutável dos objetos físicos.<br />

A mimesis, no pitagorismo, apresentara um caráter de<br />

imanência: o modelo e a cópia estão ambos no plano concreto; são<br />

as duas faces (interna e externa, razão e sentidos) <strong>da</strong> mesma<br />

reali<strong>da</strong>de. Com Platão, a noção de imitação (mimesis) adquiriu<br />

acepção metafísica, como lógica decorrência do distanciamento<br />

86<br />

entre o plano sensível e o inteligível. Os objetos físicos múltiplos,<br />

concretos e perecíveis – aparecem como cópias imperfeitas dos<br />

arquétipos ideais, incorpóreos e perenes.<br />

Modelo de Estado<br />

Em a República, a organização de uma ci<strong>da</strong>de ideal apóia-se<br />

numa divisão racional do trabalho. Como reformador social, Platão<br />

considera que a justiça depende dessa diversi<strong>da</strong>de de funções<br />

exerci<strong>da</strong>s por três classes distintas: a dos artesãos, dedicados à<br />

produção de bens materiais; a dos sol<strong>da</strong>dos, encarregados de<br />

defender a ci<strong>da</strong>de; a dos guardiães, incumbidos de zelar pela<br />

observância <strong>da</strong>s leis.<br />

Produção, defesa, administração interna – essas as três<br />

funções essenciais <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. E o importante não é que uma classe<br />

usufrua de uma felici<strong>da</strong>de superior, mas que to<strong>da</strong> a ci<strong>da</strong>de seja feliz.<br />

O indivíduo faria parte <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de para poder cumprir sua função<br />

social e nisto consiste ser justo: em cumprir a própria função.<br />

A reorganização <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de para transformá-la em reino de<br />

justiça exige, naturalmente, reformas radicais. A família, por<br />

exemplo, deveria desaparecer para que as mulheres fossem comuns<br />

a todos os guardiães e as crianças seriam educa<strong>da</strong>s pela ci<strong>da</strong>de e a<br />

procriação deveria ser regula<strong>da</strong> de modo a preservar a eugenia; para<br />

evitar os laços familiares egoístas, nenhuma criança conheceria seu<br />

pai e nenhum pai seu ver<strong>da</strong>deiro filho; a execução dos trabalhos não<br />

levaria em conta distinção de sexo, mas tão somente a diversi<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong>s aptidões naturais.<br />

Mas a ci<strong>da</strong>de ideal só poderia surgir se o governo supremo<br />

fosse confiado a reis-filósofos.<br />

Da sombra à luz<br />

O processo de conhecimento representava, para Platão, uma<br />

progressiva passagem <strong>da</strong>s sombras e imagens turvas ao luminoso<br />

universo <strong>da</strong>s idéias, atravessando etapas intermediárias. Ca<strong>da</strong> fase<br />

encontraria sua fun<strong>da</strong>mentação e resolução na fase seguinte. O que<br />

não era visto claramente no plano sensível (e só poderia ser objeto<br />

de uma conjetura) transformava-se em objeto de crença. Seguia-se<br />

assim (ver quadro abaixo) até chegar no Bem, cujo análogo seria o<br />

Sol, no caso material.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!