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Entretanto, os últimos tempos parecem negar tais avanços de abordagem, já<br />

que,conforme mencionamos inicialmente, o patrimônio cultural tornou-se instrumento<br />

de interesses econômicos e políticos na nova articulação de forças sociais que se<br />

impõe no mundo globalizado. Na impossibilidade de refletir neste momento sobre os<br />

rumos de tal processo, acreditamos ser útil discutir algumas questões centrais da<br />

preservação de bens patrimoniais. Pois na trajetória a que rapidamente nos<br />

referimos, estão latentes o conceito de preservação, questões de identidade dos<br />

lugares e indagações sobre como se realiza tal proteção.<br />

1. O QUE SIGNIFICA PRESERVAR LUGARES?<br />

O dicionário Aurélio (1986:1388) nos diz que preservar significa “livrar de algum mal;<br />

manter livre de corrupção, perigo ou dano; conservar (...) livrar, defender,<br />

resguardar”. O sentido de proteger é claro nesse termo, mas não deve ser estendido<br />

a restaurar. 35 Em documentos recentes do Instituto do Patrimônio Histórico e<br />

Artístico Nacional (IPHAN) encontram-se,geralmente associadas, as expressões<br />

conservação, resgate e valorização, indicando não apenas uma possível<br />

passividade do ato de conservar ou manter, mas também uma atitude ativa de<br />

resgatar e valorizar. Essa articulação entre conservação e pró-ação consolida a ideia<br />

de preservação dinâmica de bens patrimoniais, exercida, por exemplo, no Dossier<br />

UNESCO, visando a elevação de Brasília Patrimônio da Humanidade em 1987 e<br />

coordenado por Briane Bica. O conceito de preservação dinâmica adere facilmente a<br />

edifícios, seus conjuntos e áreas suburbanas em geral, devido à indispensável<br />

presença humana nos mesmos, pois esta requer adequação de tais espaços à<br />

práticas sociais que se diversificam constantemente.<br />

Por outro lado, o conceito de preservação não se separa de seu objeto, indica<br />

sempre caráter especial de certos lugares e objetivas ações para sua proteção, ou<br />

seja, certo tipo de gestão. Deste modo, ele se refere a lugares cuja particularidade a<br />

ser monitorada é determinado valor que deve permanecer no tempo futuro e ser<br />

passível de reconhecimento e deferência. Logo, é em função dessa importância e<br />

objetivando atenção especial, que se empreendem ações para proteção de<br />

determinados lugares.<br />

Porém, não se pode deixar de indagar sob quais critérios se agregam valores à<br />

algumas áreas e a outras não, e a quem se destina a proteção das mesmas. A esse<br />

respeito, Walter Benjamin (1892-1940) refere-se ao freqüente direcionamento das<br />

ações de preservação para a história dos dominadores, e compara os bens culturais<br />

35 Cf. Aurélio Buarque de Holanda Ferreira: Novo Dicionário Aurélio (1986). Rio: Ed. Nova Fronteira<br />

e Cesare Brandi: Teorá de la Restauración (1977). Madrid: Ed. Alianza Forma. Brandi limita o<br />

alcance da restauração a objetivos de devolver a eficiência a um produto, mas estende tal eficiência<br />

para além da funcionalidade, pois afirma (ainda que se referindo à obra de arte) que se podem<br />

empreender restaurações para restituir o aspecto primitivo de alguma coisa visando restabelecer seu<br />

significado simbólico. Ver também: Françoise Choay: A Alegoria do Patrimônio (2001). São Paulo:<br />

Ed. UNESP, 2001.

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