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moradia), a dinâmica tecnológica altera suas distâncias e, consequentemente, seus<br />
locais. No início, as cidades eram construídas ao longo dos rios, 53 que serviam de<br />
fonte de água para consumo, plantação e transporte, contudo, hoje nota-se uma<br />
relativa emancipação dos afluentes dentro das cidades, muito em virtude do sistema<br />
de água e esgoto encanados, e outras formas de transporte de mantimento entre o<br />
campo e a cidade.<br />
Entender a evolução da arquitetura militar, é mais que debruçar sobre a relação<br />
antagônica entre o desenvolvimento da balística e a reestruturação arquitetônica,<br />
mas visualizá-las como duas faces de uma mesma moeda. Isso porque a<br />
genialidade militar não pode ser dividida em ataque e defesa, pelo contrário, o “ideal”<br />
seria que os mesmos engenheiros de guerra que projetassem as máquinas de<br />
assédio, fossem contratados para adaptar os muros das cidades. Neste seleto grupo<br />
pode-se destacar Vitrúvio, Leonardo da Vinci, Michelangelo, Bramante, Brunelleschi<br />
e tantos outros. (PRATA, 2011, p.134).<br />
Naquilo que Clausewitz (1979, p. 472) chama de “teatro da guerra”, fica claro que a<br />
eficácia de uma fortaleza depende de dois elementos o ativo e o passivo. Com o<br />
ativo, a muralha protege a praça e tudo o que nela contém; pá por meio passivo, ela<br />
exerce certa influência sobre os arredores para além do alcance dos seus canhões.<br />
Mumford (1998, p. 32) vai um pouco além e declara: “o que os antigos castelos e<br />
fortificações mostram não é a guerra e o conflito entre comunidades em oposição,<br />
mas o domínio unilateral de um grupo relativamente grande por uma pequena<br />
minoria”.<br />
Segundo Magnoli (1988, p. 4), quando confrontamos mapas políticos,<br />
frequentemente perdemos de vista o caráter histórico das realidades que eles<br />
espelham: “Na prática cotidiana, insensivelmente naturalizamos esses fenômenos<br />
que são políticos.” A geografia oficial escolar busca ensinar através do patriotismo,<br />
que o estado nacional é uma entidade natural, como se o território fosse um dado<br />
prévio, anterior à própria história, assim ocupada ou descoberta. “Fronteiras e países<br />
não existiram sempre onde estão, e não existiram sempre. Não são mais que<br />
construções da história humana, resultado e expressão de processos sociais”.<br />
(Idem, p.8). 54<br />
1. ARQUITETURA VERTICAL<br />
Imaginemo-nos numa guerra tribal de milhares de anos atrás, nossas armas (paus,<br />
pedras, punhos) e o primitivo desejo de sobreviver com uma única estratégia:<br />
mantermo-nos afastados. Contudo, se o inimigo possuísse armas de longo alcance,<br />
como arcos, bestas, ou até mesmo catapultas, nossa estratégia estaria<br />
completamente obsoleta.<br />
53 Tigre e Eufrates [Mesopotâmia], Nilo [Egito], Yans-Tsé-Kiang [China], Tibre [Roma], Sena [Paris],<br />
Thames [Londres], Tietê [São Paulo] , dentre muitos outros.<br />
54 E na América Portuguesa isso não foi diferente, tomemos a expressão “descobrimento do Brasil” e<br />
os vários tratados com o de Tordesilhas de 1494, Santo Ildefonso de 1777 e Madri de 1801.