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Pensando nisso, as primeiras cidades foram contempladas com muralhas altas e<br />

largas, suficientes para conter os objetos contra elas lançados (a este sistema de<br />

defesa nomeia-se “cortina vertical”). Já as armas em questão, por serem tracionadas<br />

por cordas, são agrupadas como neurobalística. (MORI, 2003, p.19).<br />

Sabendo disso, é fácil entender porque nos primeiros relatos, geralmente em alto<br />

relevo, aparecem simultaneamente arqueiros, engenhos de guerras e muralhas,<br />

como no “Espório de Guerra de Lachish” (fig.1). Na obra, nota-se, uma torre de<br />

defesa na parte central à direita, o céu envolto em flechas, arqueiros subindo<br />

escadas e um engenho de guerra feito de madeira subindo numa rampa de tijolos.<br />

As muralhas na Mesopotâmia, como nas cidades de Lagash, Umma, Nippur, Ur e<br />

Uruk, entre o sexto e o primeiro milênio a.C., em sua essência, não foram muito<br />

diferentes das formas arquitetônicas militares desenvolvidas ao longo dos próximos<br />

dois mil anos. A muralha construída por Imhotep em Saqqara, por exemplo, erguida<br />

aproximadamente em 2650 a.C. seguiu o mesmo princípio. 55<br />

Apesar de lembrarmos facilmente das muralhas de Tróia por meio dos relatos de<br />

Homero na clássica Ilíada, a própria cidade de Agamenon não deixava a desejar em<br />

caráter de defesa. Conhecida como a cidade de muralhas megalítica, em virtude do<br />

tamanho das pedras ali empregadas, Micenas ostenta uma grande entrada, a Porta<br />

dos Leões, no topo duma colina fortemente defendida. (TOY, 2006, p.17-19).<br />

Apesar do colossal trabalho para construir a cidade num terreno elevado como<br />

Micenas, 56 o estilo de implantação no topo pode trazer grandes vantagens militares,<br />

como a ampliação do campo de visão, a intensificação da verticalidade das<br />

muralhas. A imposição ao inimigo dos mais difíceis acessos possíveis, geralmente<br />

por um único caminho nas encostas de penhascos rochosos, além, é claro, da<br />

vantagem bélica, com a ampliação do alcance das armas utilizadas pelos<br />

defensores. 57<br />

Em seu livro De Architectura Libri Decem - Dez livros de arquitetura,<br />

especificamente, no Livro I, capítulos VIII, IX e X, Vitrúvio apresenta uma série de<br />

tratados sobre a arquitetura militar. Ele sugeriu a construção de fortalezas em curvas<br />

sinuosas e angulares, distinta da planta quadra, então utilizada nas colônias<br />

romanas, como na cidade de Timgad (fig.2), na atual Argélia, rigidamente marcada<br />

pelas avenidas perpendiculares denominadas cardo e decumanus. 58<br />

55<br />

Autor da pirâmide de Saqqara, para o faraó Zoser, c. 2650 a.C., Imhotep foi um dos primeiros<br />

arquitetos a ser registrado na história como tal.<br />

56<br />

Na Grécia antiga, eram conhecidas como acrópoles, torre de mensagem no medievo português ou<br />

tenshu no Japão feudal, mas, sucintamente, todas as cidadelas e torres centrais possuíam o mesmo<br />

propósito: último e mais alto ponto de defesa. (MORRIS, 1984, p.42).‟<br />

57<br />

Segundo as leis da física, a energia potencial está diretamente relacionada à altura pela fórmula:<br />

Energia Potencial Gravitacional = massa x gravidade x altura (Ep = mgh), logo, quanto mais alto<br />

estiver o ponto inicial do lançamento, maior será a distância alcançada, desde que, mantenham-se<br />

imutáveis os outros coeficientes.<br />

58<br />

(BENEVOLO, 2005, p. 197) (MORRIS, 1984, p.77)

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