A Posição Reformada Teonomista - Monergismo
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Entretanto, essas diferenças não são particularmente relevantes para a<br />
questão da validade ética. Ou seja, uma coisa é perceber que precisamos<br />
traduzir mandamentos bíblicos sobre um boi perdido (Êx 23.4) ou sobre a<br />
negação de pagamento a alguém que trabalha no campo (Tg 5.4) por termos<br />
relevantes para a nossa cultura presente (e.g., sobre cartões de crédito<br />
perdidos ou a remuneração de trabalhadores). Outra coisa totalmente<br />
diferente é dizer que esses mandamentos não têm autoridade ética hoje! Deus<br />
obviamente se comunicou com seu povo em termos da época e do contexto<br />
cultural, mas o que ele disse a eles também ele espera que cumpramos em<br />
nosso contexto cultural, pois se não a autoridade de sua palavra será relevada<br />
na nossa vida.<br />
Além disso, deveria ser óbvio que ao nos ensinar as responsabilidades<br />
morais, Deus, como Mestre exemplar, muitas vezes nos instrui não em<br />
preceitos gerais (e.g., “Não matarás”, Êx 20.13; “amemos uns aos outros”, 1Jo<br />
3.11), mas por meio de ilustrações específicas (e.g., o parapeito em torno do<br />
terraço, Dt 22.8; compartilhar bens materiais com a pessoa necessitada, 1Jo<br />
3.17), esperando que aprendamos princípios subjacentes mais amplos a partir<br />
deles. Ou seja, essas ilustrações bíblicas são tiradas da cultura daqueles dias.<br />
Depois da história do Novo Testamento sobre o bom samaritano, Jesus disse:<br />
“Vá e faça o mesmo” (Lc 10.37). Não precisamos de muito bom senso<br />
hermenêutico para saber que a nossa tarefa concreta não é viajar pela estrada<br />
de Jericó (em vez de usar uma auto-estrada) no lombo de um jumento (em<br />
vez de em um Ford) com denários no bolso (em vez de dólares ou reais),<br />
derramando vinho e óleo (em vez de fazer curativo anti-séptico) nas feridas<br />
das pessoas que foram assaltadas. Aliás, alguém pode ser um “bom<br />
samaritano” atualmente em circunstâncias que não têm nada a ver com<br />
viagens e assaltos. Infelizmente, esse mesmo bom senso hermenêutico muitas<br />
vezes não é aplicado às ilustrações transmitidas nas instruções morais do<br />
Antigo Testamento. 5 Por exemplo, a exigência do parapeito no terraço (Dt<br />
22.8), relevante para entreter pessoas em telhados planos na Palestina, nos<br />
ensina o princípio subjacente das precauções de segurança (e.g., cercas ao<br />
redor de piscinas nas casas), e não a obrigação de colocar um parapeito nos<br />
telhados inclinados dos dias de hoje.<br />
Há, portanto, aspectos de descontinuidade culturais entre as instruções<br />
morais bíblicas e a nossa sociedade moderna. Esse fato não implica que o<br />
ensino ético da Bíblia já não é válido para nós; simplesmente significa que<br />
de diferença. Finalmente, estaremos seriamente enganados se pensarmos que essa questão de abismo<br />
cultural é mais desconfortável para (ou crítico de) teonomistas do que para qualquer outra escola<br />
comprometida com o uso da antiga literatura bíblica na sociedade moderna. A alternativa — que todo<br />
crente deveria considerar repugnante — é simplesmente descartar a Bíblia como anacrônica.<br />
5 É exatamente nesse ponto que Christopher J. H. Wright concebeu de forma errônea e representou mal a<br />
perspectiva teonômica dizendo que demanda a “imitação literal de Israel”; isso simplesmente tira as leis<br />
antigas do seu contexto e as transplanta para o mundo totalmente transformado dos dias de hoje (The use<br />
of the Bible in social ethics: paradigms, types and eschatology, Transf 1 [Jan./Mar. 1984], p. 17).<br />
<strong>Monergismo</strong>.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9)<br />
www.monergismo.com<br />
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