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Naum Alves de Souza - Coleção Aplauso - Imprensa Oficial

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órfãs <strong>de</strong> mãe, que entravam em parafuso. Mas<br />

nada era feito para amenizar ou mesmo dar<br />

fim àquela festa sádica.<br />

Acredito que o sadismo habita nosso coração<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância. No Dia das Mães, acordávamos<br />

aliviados, por nossa mãe estar viva, e impacientes<br />

para ver as crianças e adultos que não tinham<br />

mãe. Era um prazer ostentar a flor vermelha no<br />

peito. Prazer também era ver as flores brancas<br />

nos peitos dos outros e fazer cara <strong>de</strong> dó, <strong>de</strong> pena.<br />

Íamos para a igreja ansiosos para assistir ao show<br />

da chora<strong>de</strong>ira. Há um livro chamado O Sadismo<br />

da Nossa Infância, coor<strong>de</strong>nado por Fanny Abramovitch,<br />

que trata exatamente <strong>de</strong>ssa questão.<br />

Estão ali <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> muita gente boa.<br />

Nasci em 1942, e quando chegou a ida<strong>de</strong> meus<br />

pais me matricularam na escola pública, no Grupo<br />

Escolar Olavo Bilac, único na cida<strong>de</strong>. Naquela<br />

época, o ensino público era muito bom. Estudar<br />

na escola pública era sinal <strong>de</strong> valentia. Educação<br />

para ricos, médios e pobres em tempos getulistas<br />

e a<strong>de</strong>maristas. Era uma escola árida, sem graça,<br />

três horas seguidas, sem intervalo para recreio.<br />

Talvez para maior rendimento do espaço escolar,<br />

criaram o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> três períodos <strong>de</strong> três horas<br />

cada. Não tínhamos, por exemplo, aulas <strong>de</strong> arte<br />

ou educação física. Cantávamos hinos pátrios,<br />

obrigatórios, o regime não brincava.<br />

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