18.04.2013 Views

O ermitão de Muquen - a casa do espiritismo

O ermitão de Muquen - a casa do espiritismo

O ermitão de Muquen - a casa do espiritismo

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

— Maroca está aqui comigo! bra<strong>do</strong>u uma voz retumbante, que partiu<br />

<strong>do</strong> la<strong>do</strong> da rua. Jurei que havia <strong>de</strong> levá-la comigo e assim o cumpro. Quem<br />

quiser, que venha tomá-la.<br />

E ouviu-se o tropel <strong>de</strong> um animal, que partia a galope.<br />

To<strong>do</strong>s ficaram como que petrifica<strong>do</strong>s.<br />

Reinal<strong>do</strong>, como se um raio o ferisse, caiu páli<strong>do</strong> e frio sobre um banco,<br />

e ficou por alguns instantes como que aniquila<strong>do</strong>. Depois levantan<strong>do</strong>-se<br />

bruscamente e arrancan<strong>do</strong> os cabelos com ambas as mãos, bate furioso com<br />

o pé no chão.<br />

— Oh! traição! traição infame! exclama; meu cavalo! quero já e já meu<br />

cavalo!<br />

E com brusco movimento abalroan<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s investe para a porta. Em<br />

vão os companheiros quiseram <strong>de</strong>tê-lo e apaziguá-lo.<br />

— Deixem-me, bra<strong>do</strong>u com voz <strong>de</strong> trovão, e partiu a correr como uma<br />

flecha para a <strong>casa</strong>.<br />

CAPÍTULO IV<br />

A LOUCA<br />

No outro dia já o sol andava alto, quan<strong>do</strong> mestre Mateus e seus<br />

tresnoita<strong>do</strong>s companheiros da orgia da véspera abriram os olhos à luz <strong>do</strong> dia.<br />

A primeira idéia que se lhes apresentou ao espírito ainda anuvia<strong>do</strong> pelo sono<br />

e pelos vapores das libações da noite, foi a função da véspera, a briga<br />

terrível entre Gonçalo e Reinal<strong>do</strong>, a tremenda e <strong>de</strong>saforada traição <strong>de</strong> que<br />

este fora vítima. A princípio pensaram que <strong>de</strong>spertavam <strong>de</strong> um pesa<strong>de</strong>lo,<br />

mas bem <strong>de</strong>pressa caíram em si, lembran<strong>do</strong>-se que <strong>de</strong>sgraçadamente era<br />

tu<strong>do</strong> pura realida<strong>de</strong>.<br />

Mestre Mateus saltou da cama resmungan<strong>do</strong>:<br />

— Um!... estes rapazes! que <strong>do</strong>i<strong>do</strong>s! meu Deus! o que terão feito!<br />

Atirou ao ombro a jaqueta, pôs na cabeça o seu chapéu <strong>de</strong> couro,<br />

<strong>de</strong>itou na boca uma masca <strong>de</strong> fumo, e sem mais perda <strong>de</strong> tempo, dirigiu-se<br />

o mais <strong>de</strong>pressa que pô<strong>de</strong> à <strong>casa</strong> <strong>de</strong> Reinal<strong>do</strong>. Aí não encontrou senão uma<br />

mulher velha, que morava com Reinal<strong>do</strong> e lhe tratava da <strong>casa</strong>. Esta, que<br />

também se mostrava aflitíssima, contou-lhe que pela madrugada Reinal<strong>do</strong><br />

sozinho e arquejan<strong>do</strong> <strong>de</strong> cansaço batera à porta, arreara o cavalo a toda a<br />

pressa sem dizer palavra, por mais que ela lhe perguntasse o que tinha<br />

aconteci<strong>do</strong>, o que era feito <strong>de</strong> Maroca e on<strong>de</strong> ia àquelas horas; que<br />

24<br />

24

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!