A Teoria da Alienação em Marx e o - Faap
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inteligentes” (ANTUNES E ALVES, 2004: 347). O trabalhador passa a conviver, assim,<br />
com uma nova forma de força de trabalho, esta sim, responsável pela produção. A função do<br />
trabalho intelectual não é mais produzir, mas sim gerar condições para que uma força não<br />
humana produza de forma ca<strong>da</strong> vez mais eficiente. A produção se divorcia, assim, totalmente<br />
do produtor, do trabalhador. Não existe resultado material para este tipo de trabalho,<br />
chegando ao ponto do trabalhador não saber mais o que está produzindo.<br />
Fora <strong>da</strong> esfera do capital produtivo, a massa de novos cargos que surgiram com a<br />
predominância do capital financeiro são também afeta<strong>da</strong>s pela alienação. Quando o dinheiro<br />
gera dinheiro s<strong>em</strong> passar pela produção, perde-se a função natural do trabalho. Não existe<br />
resultado concreto dos esforços diários. O capital financeiro “invade os poros <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de e<br />
faz os operadores financeiros, mas também as classes possuidoras de títulos perder<strong>em</strong> todo o<br />
sentido de reali<strong>da</strong>de” (CHESNAIS, 2010: 13) O hom<strong>em</strong> naturalmente produtor fica longe de<br />
sua essência, é separado dos resultados de suas criações ou então se torna apenas um<br />
multiplicador de capital, sua ativi<strong>da</strong>de passa a ser fonte de desprazer e infelici<strong>da</strong>de.<br />
Ao atingir o trabalhador menos qualificado, que não é capaz de se a<strong>da</strong>ptar as novas<br />
faces do capitalismo moderno, o caráter <strong>da</strong> alienação se revela de forma mais cruel. A<br />
precarização <strong>da</strong>s relações de trabalho e o aumento do des<strong>em</strong>prego evidenciam esse novo<br />
caráter <strong>da</strong> alienação. Se antes o hom<strong>em</strong> ficava longe <strong>da</strong> essência do trabalho, alheio ao<br />
produto final de seu esforço, neste novo contexto o hom<strong>em</strong> passa a não ter mais acesso ao<br />
trabalho, condição fun<strong>da</strong>mental para sobrevivência do hom<strong>em</strong> <strong>em</strong> socie<strong>da</strong>de, eles “ocupam na<br />
socie<strong>da</strong>de um lugar de supranumerarios, de “inúteis para o mundo”” (CASTEL, 2009: 496) .<br />
Ele é, portanto, totalmente descolado de sua essência, não tendo mais um papel social:<br />
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Quanto mais o sist<strong>em</strong>a tecnológico <strong>da</strong> automação e <strong>da</strong>s novas<br />
formas de organização do trabalho avança, mais a alienação<br />
tende <strong>em</strong> direção a limites absolutos. Quando se pensa na<br />
enorme massa de trabalhadores des<strong>em</strong>pregados, as formas de<br />
absolutização <strong>da</strong> alienação são diferencia<strong>da</strong>s. Variam <strong>da</strong><br />
rejeição <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> social, do isolamento, <strong>da</strong> apatia e do silêncio<br />
(<strong>da</strong> maioria) até a violência e agressão diretas. Aumentam os<br />
focos de contradição entre os des<strong>em</strong>pregados e a socie<strong>da</strong>de<br />
como um todo, entre a “racionali<strong>da</strong>de” no âmbito produtivo e a<br />
“irracionali<strong>da</strong>de” no universo societal (ANTUNES E ALVES,<br />
2004: 348).<br />
Ao ser expulso do mercado de trabalho, o hom<strong>em</strong> fica a marg<strong>em</strong> <strong>da</strong>s relações sociais,<br />
já que o trabalho é o “grande integrador” especialmente para as classes mais baixas<br />
(CASTEL, 2009: 532), assim, “a identi<strong>da</strong>de pelo trabalho está perdi<strong>da</strong>” (id<strong>em</strong>: 531). Esta<br />
massa que poderia representar perigo para a estrutura capitalista, no entanto é um probl<strong>em</strong>a