Junior, José Placido da Silva. - Universidade Federal de Pernambuco
Junior, José Placido da Silva. - Universidade Federal de Pernambuco
Junior, José Placido da Silva. - Universidade Federal de Pernambuco
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
108<br />
Além <strong>da</strong> distância dos manguezais os bairros em que os ex-moradores <strong>da</strong>s ilhas vivem,<br />
neste caso aproxima<strong>da</strong>mente seis (06) quilômetros dos locais on<strong>de</strong> se localizavam as Ilhas, se<br />
po<strong>de</strong>m perceber a mu<strong>da</strong>nça na paisagem. O que antes, quando viviam no estuário podiam<br />
contemplar os mangues, os rios, a maré, as fruteiras, as plantações, hoje a paisagem<br />
predominante é o <strong>da</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar (ver as setas amarelas na foto acima), como <strong>de</strong>monstra a<br />
foto acima.<br />
Quando observamos os gráficos 13 e 14, é possível perceber uma mu<strong>da</strong>nça na lógica<br />
<strong>da</strong> prática <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> pesca, ou seja, no trabalho <strong>da</strong> pescaria. Desta forma, o regime <strong>de</strong><br />
trabalho é completamente alterado. Quando os pescadores e as pescadoras viviam nas ilhas, a<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> pesca era exerci<strong>da</strong> majoritariamente pelo regime <strong>de</strong> parceria e <strong>de</strong> economia<br />
familiar, representando 87,20%. Enquanto que no período <strong>da</strong> aplicação dos questionários pelo<br />
IBAMA, no final <strong>de</strong> 2007, esse percentual diminui para 20,40%. Esse fato trás prejuízo para a<br />
reprodução social <strong>da</strong>s famílias <strong>de</strong> pescadoras e dos pescadores, uma vez, como vimos no<br />
capítulo 2, que o conhecimento, nessa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, é repassado <strong>de</strong> geração para geração. A<br />
respeito disso o relatório do IBAMA diz que:<br />
46,2%<br />
Se no período em que as ilhas eram ocupa<strong>da</strong>s, era um hábito comum ver o pai, a<br />
mãe e os filhos mais velhos irem ao manguezal e ao rio para capturar o alimento <strong>da</strong><br />
família, hoje apenas uma pessoa é responsável por essa tarefa (IBAMA, 2008).<br />
Gráficos 13 e 14: Relações <strong>de</strong> Trabalho <strong>da</strong>s Famílias <strong>de</strong> Ex-moradores <strong>da</strong>s Ilhas, envolvi<strong>da</strong>s com Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
Pesqueira no Estuário.<br />
Fonte: IBAMA<br />
Em relação à criação <strong>de</strong> animais por parte dos ex-moradores, os gráficos 15 e 16,<br />
<strong>de</strong>monstram que quando as famílias viviam nas ilhas, a gran<strong>de</strong> maioria, que representa 75%,<br />
tinha uma prática <strong>de</strong> criar animais, corroborando com as falas dos ilhéus entrevistados, e que<br />
consta no capítulo 2 <strong>de</strong>ste trabalho. No entanto, o percentual <strong>de</strong> 75% <strong>da</strong>s famílias que tinham<br />
a prática <strong>de</strong> criarem animais, cai para 20%, menos <strong>de</strong> um terço, quando esses são expulsos <strong>da</strong>s<br />
ilhas.<br />
Quando Viviam nas Ilhas<br />
12,8%<br />
41,0%<br />
Individual<br />
Parceria<br />
Economia<br />
Familiar<br />
Depois que Foram Expulsos <strong>da</strong>s<br />
Ilhas - Final <strong>de</strong> 2007<br />
13,0%<br />
17,4%<br />
Individual<br />
69,6%<br />
Parceria<br />
Economia<br />
Familiar