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Junior, José Placido da Silva. - Universidade Federal de Pernambuco

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Além <strong>de</strong>sse fato, <strong>de</strong> evitar o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fiscalização dos ilhéus para que não <strong>de</strong>nunciem a<br />

poluição no manguezal ocasionado pelo vinhoto, <strong>de</strong>corrente <strong>da</strong> usina Trapiche, os antigos<br />

moradores falam do interesse <strong>da</strong> usina em plantar cana, como vimos anteriormente.<br />

Para os ilhéus, o principal motivo <strong>de</strong> a Usina ter expulsado os pescadores está<br />

relacionado ao fato do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fiscalização, ou seja, permanecendo nas ilhas, os pescadores<br />

po<strong>de</strong>riam presenciar o <strong>de</strong>rramamento <strong>de</strong> vinhoto causado pela usina, fato que ocorre todos os<br />

anos, segundo os pescadores, e fazer a <strong>de</strong>núncias nos órgãos <strong>de</strong> fiscalização. Esse fato é<br />

corroborado pelo Frei Sinésio, que além do <strong>de</strong>rramamento do vinhoto, assinala outros<br />

impactos sofridos pelo estuário do Rio Sirinhaém.<br />

É fácil constatar o plantio <strong>de</strong> cana entrando no mangue e nas margens dos rios,<br />

comprometendo a área <strong>de</strong> restinga que <strong>de</strong>veria ser área <strong>de</strong> proteção estuarina e<br />

habitat <strong>da</strong> fauna e <strong>da</strong> flora característica <strong>de</strong>sse ecossistema... São aplicado muitos<br />

herbici<strong>da</strong>s, por exemplo, para combater as pragas e agrotóxicos para adubar a cana,<br />

esses elementos químicos escorrem para o estuário na época <strong>da</strong> chuva.(In. IBAMA,<br />

2008)<br />

O que ocorreu com a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pescadoras, que habitavam as 17 ilhas no<br />

estuário do Rio Sirinhaém, foi um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>s-territorialização que implicou à maioria <strong>da</strong><br />

comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, uma nova territorialização. Esse processo po<strong>de</strong> se tornar mais evi<strong>de</strong>nte na fala <strong>de</strong><br />

Saquet, que diz que, “as forças econômicas, políticas e culturais que condicionam o território<br />

e a territoriali<strong>da</strong><strong>de</strong>, geram a <strong>de</strong>s-territoriali<strong>da</strong><strong>de</strong> e as novas territoriali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, nas quais estão<br />

intimamente articulados o Estado e o capital”. (SAQUET, 2005. p.13886) 65 .<br />

O processo <strong>de</strong> expulsão <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s famílias <strong>da</strong>s ilhas aconteceu <strong>de</strong> diversas<br />

formas. Uns não aguentando as ameaças <strong>da</strong> usina saíram sem receber seus direitos, outros<br />

tiveram que “aceitar” o acordo <strong>da</strong> usina, tendo que morar nas periferias <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Sirinhaém, <strong>de</strong>sterrados do seu território e causando gran<strong>de</strong> impacto negativo na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>. Os moradores e as moradoras que foram expulsos <strong>da</strong>s ilhas passaram a viver na<br />

periferia <strong>de</strong> Sirinhaém nos bairros <strong>de</strong> Vila Casado, Santo Amaro do Alto, Santo Amaro <strong>de</strong><br />

Baixo, Oiteiro do Carmo, Oiteiro do Livramento e no Loteamento Jardim. No entanto, duas<br />

mulheres, duas irmãs, Graça e Nazaré, permaneceram até o final <strong>de</strong> 2010 morando nas ilhas.<br />

65 SAQUET, 2005. Anais do X Encontro <strong>de</strong> Geógrafos <strong>da</strong> América Latina – 20 a 26 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2005 –<br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo

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