Junior, José Placido da Silva. - Universidade Federal de Pernambuco
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Santo Agostinho; Povoação, município <strong>de</strong> Goiana; e Engenho Siqueira, município <strong>de</strong> Rio<br />
Formoso. No entanto, segundo a Comissão Estadual <strong>da</strong>s Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s Quilombolas <strong>de</strong><br />
<strong>Pernambuco</strong>, existem em <strong>Pernambuco</strong> aproxima<strong>da</strong>mente 120 comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s quilombolas que<br />
se auto reconhecem 15 . Essas “Ilhas <strong>de</strong> resistência” permanecem nos dias atuais. Permanecem<br />
com “rugas” <strong>de</strong> um passado sombrio e como caminho a ser seguido, como exemplo <strong>de</strong> luta e<br />
<strong>de</strong> construção <strong>de</strong> uma nova/velha forma <strong>de</strong> se relacionar com o meio em que vivemos.<br />
Com o fim do regime <strong>de</strong> escravidão no Brasil, resultado <strong>de</strong> uma mu<strong>da</strong>nça na economia<br />
internacional, fortalecido no Brasil a partir <strong>da</strong>s lutas negras, indígenas e camponesas, e por<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mercados consumidores por parte <strong>da</strong> Inglaterra, on<strong>de</strong> tinha ocorrido<br />
recentemente a revolução industrial, modificou-se o regime <strong>de</strong> trabalho no campo. O trabalho<br />
assalariado, um dos modos <strong>de</strong> trabalho no campo, foi a expressão principal <strong>de</strong>ssa mu<strong>da</strong>nça na<br />
Mata pernambucana. Principal porque além do assalariamento haviam os moradores <strong>de</strong><br />
condição, os foreiros, os posseiros, sitiantes, pequenos proprietários, pescadores, que também<br />
possuíam seus próprios meios <strong>de</strong> produção.<br />
Com fim <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> Guerra, a produção <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar passa por um processo <strong>de</strong><br />
crescimento <strong>de</strong>vido o aumento do preço do açúcar no mercado internacional, <strong>de</strong>rivado,<br />
sobretudo do bloqueio a Cuba, um gran<strong>de</strong> produtor <strong>de</strong> açúcar. Paralelo a esse fator foram<br />
cria<strong>da</strong>s obras <strong>de</strong> infra-estrutura, a partir <strong>da</strong> criação <strong>da</strong> Superintendência para o<br />
Desenvolvimento do Nor<strong>de</strong>ste – SUDENE, em 1959 (GALLINDO, 2010).<br />
Com o aumento <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar houve também a paulatina<br />
expropriação <strong>da</strong>s terras dos camponeses e <strong>da</strong>s camponesas, transformando-os apenas em<br />
assalariados <strong>da</strong> cana. Esses fatores, <strong>de</strong>ntre outros, levaram os trabalhadores e as trabalhadoras<br />
a se organizarem através <strong>da</strong>s Ligas Camponesas e dos Sindicatos <strong>de</strong> Trabalhadores Rurais<br />
(I<strong>de</strong>m, 2010).<br />
Com o golpe militar em 1964 as Ligas foram fecha<strong>da</strong>s, suas li<strong>de</strong>ranças presas,<br />
tortura<strong>da</strong>s, exila<strong>da</strong>s e mortas. Os Sindicatos <strong>de</strong> Trabalhadores Rurais foram “tomados” pelos<br />
militares e colocados interventores. No entanto, os trabalhadores não pararam <strong>de</strong> lutar pelos<br />
seus direitos. A luta pelos direitos trabalhistas no campo se incorporou à luta pela a<br />
re<strong>de</strong>mocratização do País. Em 1979 ocorreu em <strong>Pernambuco</strong> uma <strong>da</strong>s maiores greves <strong>da</strong><br />
história dos canavieiros pernambucanos em pleno momento <strong>de</strong> ascensão <strong>da</strong>s classes populares<br />
que queriam a anistia e pediam o fim do regime militar.<br />
Na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1990 ocorreu uma “crise” no setor sucroalcooleiro. Essa crise surgiu em<br />
15 Disponível em: http://200.198.213.133:8081/sicab/<strong>de</strong>fault.htm. Acesso em: 03.11.2010