Junior, José Placido da Silva. - Universidade Federal de Pernambuco
Junior, José Placido da Silva. - Universidade Federal de Pernambuco
Junior, José Placido da Silva. - Universidade Federal de Pernambuco
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
113<br />
Na visita à Trapiche realiza<strong>da</strong> por Lynn Schnei<strong>de</strong>r, ela conseguiu entrevistar<br />
funcionários <strong>da</strong> usina, um <strong>de</strong>les foi Mario Jorge Seixas, gerente que trabalha com assuntos<br />
ambientais. Em certa parte <strong>da</strong> entrevista, no que se trata <strong>de</strong> assuntos ambientais, mais uma vez<br />
trazemos aqui a fala <strong>de</strong> Seixas se referindo ao fato <strong>da</strong> usina ter expulsado os pescadores e as<br />
pescadoras <strong>da</strong>s ilhas, diz o relatório <strong>de</strong> visita à usina que:<br />
Falando <strong>da</strong> <strong>de</strong>struição que o povo causava ao mangue, Seixas ficava ca<strong>da</strong> vez com<br />
mais raiva, explicando que a única maneira <strong>de</strong> proteger esse mangue e melhorar as<br />
condições <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>sse povo era tirá-lo <strong>da</strong>s ilhas. Ele explicou que quando a usina<br />
tirou as famílias <strong>da</strong>s ilhas, botou elas em casas na rua, on<strong>de</strong> elas agora vivem em<br />
condições melhores com casa com energia e água, acesso a escolas, e emprego na<br />
usina (SCHNEIDER, 2010)<br />
De fato é bastante <strong>de</strong>stoante a fala <strong>da</strong> usina e o que mostra a pesquisa e as falas <strong>da</strong>s<br />
pessoas que foram expulsas <strong>da</strong>s ilhas, como vamos ver adiante. Além <strong>de</strong> ficar com “raiva”<br />
quando fala do povo <strong>da</strong>s ilhas, Seixas diz que a única forma <strong>de</strong> “melhorar as condições <strong>de</strong><br />
vi<strong>da</strong>” <strong>da</strong>s populações que viviam nas ilhas e “proteger esse mangue”, era “tirá-los” <strong>de</strong> lá.<br />
Em uma outra parte do relatório <strong>de</strong> visita feita à usina, por Schnei<strong>de</strong>r, <strong>de</strong>sta vez<br />
falando com a pessoa responsável <strong>da</strong> fiscalização <strong>da</strong> área <strong>de</strong> preservação, vimos que é uma<br />
posição do conjunto <strong>da</strong> usina o sentimento <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> retira<strong>da</strong> dos ilhéus para<br />
“proteger” o mangue e “melhorar” a vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s famílias.<br />
Sobre os ex-moradores <strong>da</strong>s ilhas, ela falou <strong>da</strong> mesma maneira que Seixas, dizendo<br />
que viviam em condições subumanas e estavam <strong>de</strong>struindo o mangue, e por isso era<br />
melhor para o povo e para o mangue tirar todos os moradores <strong>de</strong> lá… Ela falou que<br />
as famílias têm uma vi<strong>da</strong> muito melhor agora que moram na rua, e que ain<strong>da</strong> po<strong>de</strong>m<br />
usar o rio e o mangue para suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesca quando elas querem.<br />
Os representantes <strong>da</strong> usina Trapiche, Seixas e a pessoa responsável pela fiscalização<br />
<strong>da</strong> área <strong>de</strong> preservação <strong>da</strong> usina, pelo menos, levantam três questões que não condizem com o<br />
que falam as famílias que foram expulsas <strong>da</strong>s ilhas pela empresa.<br />
Aprimeira é que a proteção ao mangue só era possível com a retira<strong>da</strong> <strong>da</strong>s famílias <strong>da</strong>s<br />
ilhas; A segun<strong>da</strong> é o fato <strong>de</strong> que a expulsão dos moradores e <strong>da</strong>s moradoras <strong>da</strong>s ilhas<br />
representou um melhoria na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s famílias. E a terceira é que as famílias<br />
mesmo morando na “rua” po<strong>de</strong>m pescar no estuário. Analisemos em maior profundi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
esses três pontos.