Junior, José Placido da Silva. - Universidade Federal de Pernambuco
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Houveram vários momentos <strong>de</strong> expansão do setor sucroalcoolerio: dos engenhos<br />
Banguês para os engenhos Centrais; <strong>de</strong>ste para as Usinas; mu<strong>da</strong>nças em <strong>de</strong>corrência <strong>da</strong><br />
introdução <strong>de</strong> novas técnicas. No entanto, foi na fase do Pró-álcool que a Região <strong>da</strong> Zona <strong>da</strong><br />
Mata pernambucana sofreu gran<strong>de</strong>s mu<strong>da</strong>nças e ocasionou impactos negativos na Região.<br />
To<strong>da</strong> essa expansão <strong>de</strong> cana do setor sucroalcooleiro se <strong>de</strong>u sobre os territórios camponeses,<br />
expulsando-os <strong>de</strong> seus territórios.<br />
O Pró-álcool<br />
A indústria canavieira sempre teve uma intensa presença do Estado, com conteúdo<br />
intervencionista, sobretudo como agente <strong>de</strong> financiamento, <strong>de</strong> proteção e <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong><br />
subsídios, característica que somente começou a ser altera<strong>da</strong> na déca<strong>da</strong> inicia<strong>da</strong> em 1990. Os<br />
usineiros sempre tiveram gran<strong>de</strong> influência e controle sobre as instâncias <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r local,<br />
regional e nacional (PAIVA, 2002).<br />
Para planejar e direcionar o setor, após a crise <strong>de</strong> 1929, o Governo <strong>Fe<strong>de</strong>ral</strong> criou uma<br />
autarquia <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> Instituto do Açúcar e do Álcool – IAA, com atribuições <strong>de</strong> controlar a<br />
produção <strong>de</strong> açúcar, a implantação e expansão <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> álcool, a ampliação e a<br />
mo<strong>de</strong>rnização tecnológica do setor, assim como o aumento no volume <strong>da</strong>s exportações<br />
brasileiras <strong>de</strong> açúcar. Essa autarquia governamental foi responsável por to<strong>da</strong>s as políticas<br />
públicas, pelos subsídios, pela comercialização interna e pela exportação do açúcar por quase<br />
60 anos após a sua criação, somente sendo extinta no ano <strong>de</strong> 1990.<br />
Na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1970, a crise energética mundial, conheci<strong>da</strong> como “choque do petróleo”,<br />
foi um fator internacional fun<strong>da</strong>mental para a criação do Programa Nacional do Álcool – Pro-<br />
álcool, em 1975. Ao mesmo tempo em que gerou importantes mu<strong>da</strong>nças na tecnologia e no<br />
perfil <strong>da</strong> industrialização <strong>da</strong> cana no Brasil, o programa provocou também graves efeitos<br />
negativos na questão social e no meio ambiente.<br />
Em <strong>Pernambuco</strong>, segundo a Fe<strong>de</strong>ração dos Trabalhadores na Agricultura em<br />
<strong>Pernambuco</strong> - FETAPE, mais <strong>de</strong> 40 mil sítios foram <strong>de</strong>struídos durante os primeiros cinco<br />
anos do Proálcool, causando a expulsão dos camponeses e <strong>da</strong>s camponesas para a periferia<br />
<strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, ou como os próprios chamam “pontas <strong>de</strong> ruas”. Foi justamente nesse período,<br />
que houve um aumento <strong>da</strong> <strong>de</strong>struição <strong>da</strong> Mata Atlântica, para “<strong>da</strong>r” lugar à cana. Ain<strong>da</strong> <strong>de</strong>sta<br />
época po<strong>de</strong>-se <strong>da</strong>tar o avanço <strong>da</strong> cana sobre restingas e áreas <strong>de</strong> manguezais.