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Junior, José Placido da Silva. - Universidade Federal de Pernambuco

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99<br />

Como vimos anteriormente, a violência pratica<strong>da</strong> pela usina Trapiche teve o objetivo<br />

<strong>de</strong> expulsar os moradores e moradoras <strong>da</strong>s ilhas do estuário do Rio Sirinhaém. Esse processo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>s-territorialização, como afirma Haesbaert, an<strong>da</strong> junto, é inseparado do processo <strong>de</strong> re-<br />

territorialização (HAESBAERT, 2007). Ele fala ain<strong>da</strong> que o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>s-territorialização<br />

“impossibilita os grupos injustiçados e/ou segregados exercerem o domínio e a apropriação<br />

do território”. (I<strong>de</strong>m. p.312). É o que aconteceu com os ilhéus e o que aconteceu com as<br />

diversas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s camponesas existentes na Zona <strong>da</strong> Mata pernambucana.<br />

Em relação aos processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>s-territorialização e aglomerados <strong>de</strong> exclusão<br />

Haesbaert fala que está relacionado aos “processos <strong>de</strong> (re) territorialização”, ou seja, ao<br />

serem expulsos <strong>de</strong> suas terras/territórios os grupos sociais procuram um “novo” espaço para<br />

se “assituarem”, ficarem em um sítio, um lugar. A nosso ver, o que acontece é uma<br />

territorialização precária, imposta, controla<strong>da</strong>, visto que, as usinas <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar<br />

controlam gran<strong>de</strong> parte do território <strong>da</strong> Zona <strong>da</strong> Mata <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>. Em visita aos locais <strong>de</strong><br />

novas moradias dos Ilhéus que foram expulsos pela Usina Trapiche, nos trabalhos <strong>de</strong> campo<br />

realizado durante esta pesquisa, foi possível perceber essa territorialização precária, imposta e<br />

controla<strong>da</strong>. Bairros com nenhuma infra-estrutura <strong>de</strong> saneamento, água potável, calçamento,<br />

segurança.<br />

Ao serem <strong>de</strong>s-territorializados, a maioria dos grupos <strong>de</strong> pescadores que foram<br />

expulsos <strong>da</strong>s ilhas passou a viver na periferia <strong>de</strong> Sirinhaém, nos bairros <strong>de</strong> Vila Casado, Santo<br />

Amaro do Alto, Santo Amaro <strong>de</strong> Baixo, Oiteiro do Carmo, Oiteiro do Livramento e no<br />

Loteamento Jardim 69 ,conforme o gráfico abaixo. Apenas, as famílias <strong>de</strong> duas mulheres, Graça<br />

e Nazaré, permaneciam morando nas ilhas Constantino no final <strong>de</strong> 2010.<br />

A título <strong>de</strong> facilitar a distribuição espacial <strong>da</strong>s famílias na periferia <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> 70 ,<br />

agrupamos as famílias expulsas em três núcleos, por proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>, que são: Sirinhaém se<strong>de</strong><br />

(Oiteiro do Carmo e Oiteiro do Livramento); Santo Amaro (<strong>de</strong> baixo e <strong>de</strong> cima) e o distrito <strong>de</strong><br />

Barra <strong>de</strong> Sirinhaém (Loteamento Jardim e Vila Casado).<br />

O mapa que segue nos mostra o <strong>de</strong>slocamento <strong>da</strong>s famílias <strong>da</strong>s ilhas para a periferia <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Sirinhaém. Das 12 ilhas habita<strong>da</strong>s pelos ilhéus conseguimos georeferenciar 10 ilhas<br />

com os locais <strong>de</strong> moradia, como também, as casas <strong>de</strong> moradia atual dos ex-ilhéus.<br />

69 Ca<strong>da</strong>stro Sócio-Econômico dos Ex-moradores <strong>da</strong>s ilhas Estuarina do Rio Sirinhaém. Ibama, 2008<br />

70 Ver anexo III. Relação <strong>da</strong>s famílias que moravam nas ilhas e moram na periferia <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Sirinhaém.

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