2 A OCUPAÇÃO DOS ILHÉUS: Sua territoriali<strong>da</strong><strong>de</strong> 50 “Meu pai nasceu e se criou-se aqui, minha mãe nasceu e se criou-se, meus avôs nasceu e se criou-se, minha bisavó, a vó <strong>da</strong> minha mãe, nasceu e se criou-se aqui, era cabocla, era índia, nasceu e se criou-se aqui mesmo … minha famílias tudo nasceu e se criou-se aqui, tudo <strong>de</strong> barriga cheia”. (Maria <strong>de</strong> Nazareth)
51 O município <strong>de</strong> Sirinhaém, encravado na Zona <strong>da</strong> Mata Sul <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>, em área litorânea, tem um população estima<strong>da</strong> em 2009 <strong>de</strong> 38.610 pessoas, ocupando uma área em sua uni<strong>da</strong><strong>de</strong> territorial <strong>de</strong> 378,79 km². O município está inserido no Bioma Mata Atlântica, com os seus ecossistemas associados. A palavra Sirinhaém, escrita originalmente Sirinãe, que significa “bacia ou viveiro <strong>de</strong> siris” <strong>de</strong>riva <strong>da</strong> palavra indígena dos povos Tupi. A divisão territorial do município <strong>de</strong> Sirinhaém, que <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> 01 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1960, e permanecendo até os dias <strong>de</strong> hoje, correspon<strong>de</strong> a 03 distritos: Sirinhaém se<strong>de</strong>, Barra <strong>de</strong> Sirinhaém e Ibiratinga 25 . É nesse município e no município vizinho, o <strong>de</strong> Ipojuca, que se localiza o Estuário do Rio Sirinhaém e suas 17 ilhas que eram habita<strong>da</strong>s por 53 famílias. A ocupação <strong>da</strong>s 17 ilhas do estuário do rio Sirinhaém, <strong>da</strong>ta provavelmente do início do século XX, intensificando-se o povoamento a partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1960 (IBAMA, 2008) 26 . Os ilhéus, há déca<strong>da</strong>s viviam <strong>da</strong>s lavouras <strong>de</strong> subsistência, animais <strong>de</strong> pequenos porte, <strong>da</strong> coleta <strong>de</strong> frutos <strong>da</strong>s árvores frutíferas e, sobretudo do manguezal. Além <strong>da</strong> pesca artesanal <strong>de</strong> crustáceos e peixes que garantiam a alimentação básica <strong>da</strong>s famílias e uma ren<strong>da</strong>, a partir <strong>da</strong> ven<strong>da</strong> do pescado na feira local, havia a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> agricultura <strong>de</strong> subsistência (macaxeira, batata doce, milho, feijão) e criação <strong>de</strong> animais <strong>de</strong> pequeno porte, como galinha, peru, guiné e cabra, além do manejo <strong>da</strong> vegetação <strong>de</strong> espécies frutíferas, imprimindo neste espaço sua territoriali<strong>da</strong><strong>de</strong>, conformando assim o estuário do Rio Sirinhaém em seu território. Como po<strong>de</strong>mos constatar o jeito <strong>de</strong> ser e <strong>de</strong> se relacionar em um <strong>de</strong>terminado lugar a partir <strong>da</strong> cultura, dos conhecimentos her<strong>da</strong>dos <strong>de</strong> geração em geração e aprimorados à reali<strong>da</strong><strong>de</strong> em que se vive compõe a construção do território. Desta forma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e natureza não são separa<strong>da</strong>s, pois o território é composto pelo processo <strong>de</strong> ocupação – apropriação (simbólico e cultural) e dominação (político e econômico) que se expressa no modo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> e no jeito <strong>de</strong> ser dos grupos sociais em um <strong>de</strong>terminado lugar (natureza). O território é uma categoria expressa que pressupõe um espaço geográfico que é apropriado e esse processo <strong>de</strong> apropriação – territorialização – enseja i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> – territoriali<strong>da</strong><strong>de</strong>s – que estão inscritas em processos sendo, portando, dinâmicas e mutáveis, materializando em ca<strong>da</strong> momento uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> or<strong>de</strong>m, uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> configuração territorial, uma topologia social (PORTO-GONÇALVES, 2002. p. 230). 25 IBGE, 2010 26 IBAMA, 2008. ESTUDO SÓCIO-ECONÔMICO DOS EX-MORADORES E DA COMUNIDADE PESQUEIRA USUÁRIA DAS ILHAS E DO ESTUÁRIO DO RIO SIRINHAÉM/PE. Esse estudo faz parte do Relatório final <strong>da</strong> pesquisa, que constitui parte do Estudo Socioambiental sobre a região <strong>da</strong>s 17 ilhas do Complexo Estuarino do Rio Sirinhaém, que tem como objetivo embasar o processo <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> uma Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Conservação <strong>Fe<strong>de</strong>ral</strong> <strong>de</strong> Uso Sustentável.
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